“É na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina.”
O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de
maneira calma e tranquila. Em
silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: “Se eu fosse
você…” A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta
bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É
na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina. Não aprendi
isso nos livros. Aprendi prestando atenção. Todos reunidos alegremente no
restaurante: pai, mãe, filhos, falatório alegre. Na cabeceira, a avó, com sua
cabeça branca. Silenciosa. Como se não existisse. Não é por não ter o que dizer
que não falava. Não falava por não ter quem quisesse ouvir. O silêncio dos
velhos. No tempo de Freud as pessoas procuravam os terapeutas para se curarem
da dor das repressões sexuais. Aprendi que hoje as pessoas procuram os
terapeutas por causa da dor de não haver quem as escute. Não pedem para ser
curadas de alguma doença. Pedem para ser escutadas. Querem a cura para a dor da
solidão.
Rubem Alves, em “Se Eu Fosse Você” (do livro “O Amor Que Ascende a Lua”)
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