No Brasil, o primeiro registro de trabalho terapêutico realizado com animais foi com a psiquiatra e psicoterapeuta junguiana Nise da Silveira, na década de 50, no Hospital Psiquiátrico Engenho de Dentro. Mas só nos anos 80 a prática foi retomada de forma expressiva no Brasil quando o Conselho Federal de medicina (CRM) reconheceu a eficácia do trabalho com cavalos (equoterapia) no processo de reabilitação física em várias doenças.
Uma pesquisa com 42 autistas de 6 a 16 anos mostra que montar cavalos e cuidar deles melhora de forma significativa os sintomas comportamentais do transtorno do desenvolvimento. Crianças e adolescentes que tiveram contato com os bichos – sendo estimulados a alimentá-los, a estudar seus movimentos e a montá-los – aprimoraram sua habilidades sociais e motoras em comparação com outros autistas que não fizeram terapia com animais. A autora do estudo, Robin Gabriels, da Universidade do Colorado, acredita que os movimentos previsíveis e ritmados dos cavalos treinados para a terapia estimularam a coordenação ritma dos autistas.
Para Robin, os comportamentos repetitivos e a dificuldade de comunicação estão associados a problemas de coordenação rítmica, hipótese cogitada por vários pesquisadores, como Robert Isenhower, da Universidade Rutgers. Ao aplicar exercícios de bateria para crianças com autismo, ele descobriu que elas têm maior dificuldade em manter o ritmo do que crianças sem o transtorno. Essa deficiência afeta comportamentos sociais inconscientes que passam despercebidos pela maioria, como a pausa após perguntas ou andar no mesmo ritmo de outra pessoa. “O cavalo pode servir como um sistema motor substituto para indivíduos com autismo”, comentaIsenhower sobre o estudo de Robin, publicado no Research in Autism Spectrum Disorders.
Revista: Mente e cérebro
Pg. 48
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