Escola dominical da igreja protestante que eu freqüentava. Me faziam cantar um hino que dizia: “Eu quero ser um anjo / um anjo do bom Deus / e imitar na terra / os anjos lá do céu”. Foi então que se manifestou minha vocação para a heresia. Pensei que o hino estava errado: se Deus me fizera menino, era porque ele queria que eu fosse menino. O hino era, assim, uma rebelião contra a vontade divina. Deus queria que eu fosse menino e os religiosos eram mais piedosos que o próprio Deus e queria que eu fosse menino. O hino era, assim, uma rebelião contra a vontade divina. Deus queria que eu fosse menino e os religiosos eram mais piedosos que o próprio Deus e queriam que eu fosse anjo. Eu não queria ser anjo, pois achava que vida de anjo devia ser muito chata.
Livro: Coisas que dão alegria
Autor: Rubem Alves
Pg. 29
Nenhum comentário:
Postar um comentário