quinta-feira, 28 de agosto de 2014



 Sobre a Coragem de Mudar


Em tempos passados o normal era que um jovem escolhesse uma carreira e permanecesse nela até morrer, ainda que ela não lhe desse felicidade, tal como acontecia também com os casamentos. Para sempre, até que a morte os separe. Uma coisa boa dos tempos em que vivemos, a despeito de todas as suas confusões, é que as pessoas descobriram que é possível mudar a direção do vôo. Nada as obriga a voar sempre na mesma direção até o fim. Eu mudei minhas direções várias vezes e não me arrependo. Meu amigo Jether era um próspero dentista na cidade do Rio de Janeiro. Estava ficando rico. Riqueza dá segurança. Segurança dá tranqüilidade à família. Mas enquanto ele olhava para o mundo delimitado pelos dentes dos seus clientes, a sua alma voava por outros mundos! E foi assim que, num belo dia, ele resolveu voar. Chegou em casa e comunicou à esposa Lucília: “Meu bem, vou vender o consultório”. E assim, com mais de quarenta anos, voltou para a estaca zero e foi se preparar para o vestibular… E ele seguiu um caminho feliz! Está com 82 anos, tem cara de 60, disposição de 40 e leveza de criança! Cada profissão delimita um mundo: há o mundo dos advogados, dos dentistas, dos engenheiros, dos professores, dos médicos, dos músicos, dos artistas, dos palhaços, do teatro. O jovem estudante do filme Sociedade dos poetas mortos sonhava em ser artista de teatro. Mas seu pai havia mirado seu arco para a medicina… Dezoito ou dezenove anos é muito cedo para definir o que se vai fazer pelo resto da vida. Esse é um tempo de procuras, indefinições, sonhos confusos. É normal que, ao meio do curso universitário, o jovem descubra que tomou o trem errado e se disponha a saltar na próxima estação. É angústia para os pais. Claro, porque o que eles mais desejam é ver o filho formado, empregado, ganhando dinheiro. Isso lhes daria liberdade para viver e permissão para morrer… Mas não seria terrível para ele – ou ela – se, só para não “perder tempo”, “só para não voltar ao início”, continuasse até o fim? Se não quero ir para as montanhas, se quero ir para a praia, por que continuar a dirigir o carro pela estrada que vai para as montanhas? Pais, não fiquem angustiados. Sua angústia é inútil. E nem fiquem com a ilusão de que o diploma dará emprego ao filho. Não dará. Assim é melhor ir devagar seguindo a direção que o coração manda. O difícil, para os pais, será se o filho, no último ano de direito, lhes comunique: “Descobri que não gosto de Direito. Vou estudar para ser palhaço!” Aí posso imaginar o embaraço do pai e da mãe quando, em meio a uma reunião social, quando se fala sobre os filhos, alguém lhes dirija a palavra e diga: “Meu filho está no Itamarati. Vai ser diplomata. E o seu?” Resposta: “O nosso está no circo. Vai ser palhaço…” Cá entre nós: não sei qual profissão dá mais felicidade, se a de diplomata ou se a de palhaço…


Autor: Rubem Alves
 

Evangelho
 
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: 42“Ficai atentos! porque não sabeis em que dia virá o Senhor. 43Compreendei bem isso: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada.
44Por isso, também vós ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá. 45Qual é o empregado fiel e prudente, que o senhor colocou como responsável pelos demais empregados, para lhes dar alimento na hora certa? 46Feliz o empregado, cujo senhor o encontrar agindo assim, quando voltar.
47Em verdade vos digo, ele lhe confiará a administração de todos os seus bens. 48Mas, se o empregado mau pensar: ‘Meu senhor está demorando’, 49e começar a bater nos companheiros, a comer e a beber com os bêbados; 50então o senhor desse empregado virá no dia em que ele não espera, e na hora que ele não sabe. 51Ele o partirá ao meio e lhe imporá a sorte dos hipócritas. Ali haverá choro e ranger de dentes”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

  • Reflexão - Mt 24, 42-51
Duas virtudes nos são colocadas pelo Evangelho de hoje: fidelidade e prudência. Servo fiel é aquele que não precisa ser vigiado o tempo todo a fim de realizar tudo o que é da sua competência, é aquele que merece a confiança do seu senhor, o que não quer dizer submissão cega e inconsequente, mas sim a pessoa ser totalmente responsável por aquilo que faz. Prudência significa agir com cautela, procurando evitar todo tipo de erro, fugindo de todo mal, principalmente do pecado e de suas consequências, o que não quer dizer covardia e medo, mas sim uma busca de maior consciência dos próprios atos.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014


VIVER COM AMOR



Que linda a vida quando bem vivida,
com amor e para o amor.
Com a simplicidade de um regato
que corre límpido com tempo
de olhar o céu
e nele se espelhar
permitindo os pássaros
a se dessendentar
como também aos habitantes
vizinhos.

Sentindo a brisa suave
que lhe traz as
notícias das florestas
e seu agradecimento
pela umidade da terra ribeirinha
onde nascem as flores
felizes como deve ser a vida.
Acariciando os seixos
que dormem como crianças
em seu leito macio.

O tempo não usa relógio,
flui como a própria vida
porque só a vida tem tempo
sendo ela mesma o tempo.
“Esse encanto de luz,
essa espera de sombras.”

O tempo que passa sou eu,
que o tempo vai levando.
A vida canta
com o murmúrio da águas,
porque o que importa
é a emoção do viver.

Afinal o viver é um sonho
que nos permite agir
e dele gostar,
esperando que dure para sempre,
como a eternidade
para qual nascemos.

Autor: Paulo Motta


O INÍCIO


O nosso cérebro não é estático nem rígido. As células cerebrais, os neurônios, são constantemente remodeladas e reorganizadas pelos nossos pensamentos e experiências. Os neurônios se conectam entre si através de impulsos elétricos e químicos e se comunicam através das sinapses; tudo isso junto forma ligações permanentes, porém modificáveis: as redes neurais.
         Pesquisas recentes sugerem também que o cérebro adulto, em algumas de suas partes, pode gerar novas células cerebrais durante a vida inteira (neurogênese). Quando células cerebrais são danificadas em determinadas partes do cérebro, elas conseguem se reparar e regenerar.
         A maneira como os neurônios se comunicam entre si é a mesma em todos os seres humanos, porém o modo como as células nervosas se organizam na redes neurais é diferente em cada pessoa, dependendo da bagagem e experiência individual.
         Quando aprendemos novos conhecimentos, imaginamos ou vivemos novas experiências, fixamos informações, desenvolvemos novos conceitos, mudamos paradigmas, praticamos novas atitudes e as consolidamos e associamos a outras lembranças, a nossa herança genética e a conhecimentos preexistentes, permitimos aos neurônios que se configurem em um conjunto que criará uma nova rede neural, modificando quem somos.

Autor: Eduardo Shinyashiki


Para que servem os sonhos?

Para C.G. Jung os sonhos e a dedicação a eles encontravam-se no centro de seu estudo em confronto com o inconsciente e também no centro da psicoterapia: “[...] todos os problemas que me preocupavam humana ou cientificamente foram antecipados ou acompanhados por sonhos [...]”. Essa experiência, ou pelo menos a expectativa que assim seja, parece valer ainda atualmente para a maioria dos e das analistas da escola junguiana.
Em seu ensaio Os objetivos da psicoterapia Jung escreve: “Aproximadamente um terço dos meus clientes nem chega a sofrer de neuroses clinicamente definidas. Estão doentes devido à falta de sentido e conteúdo de suas vidas”. Nesses casos, diz Jung, os “recursos do consciente estão esgotados”.

Conselhos de Jung - A pergunta do paciente tais como: “Qual é o seu conselho? Que devo fazer?”, não sei responder, pois nem eu mesmo sei. Só sei de uma coisa: que, quando o meu consciente encalha por não encontrar saídas viáveis, minha alma inconsciente vai reagir a essa estagnação insuportável [...]. Nestes casos, o que viso em primeiro lugar são os sonhos. Faço isso [...] simplesmente porque não tenho outra saída. Não sei a que mais recorrer. Por isso que tento encontrar uma pista nos sonhos. Estes dão ensejos à imaginação, que tem que ser indício de alguma coisa. Isso já é mais do que nada. [...] Faço meus todos os preconceitos contra a interpretação dos sonhos como sendo a quintessência de toda incerteza e arbitrariedade. Mas, por outro lado, sei que quase sempre dá bons resultados fazer uma meditação verdadeira e profunda sobre o sonho, isto é, quando o carregamos dentro de nós por muito tempo. Evidentemente esses resultados [...] são um indicador importante em termos práticos que indica ao paciente em que direção aponta o inconsciente. [...] Devo contentar-me simplesmente com o fato de que ele significa algo para o paciente e faz fluir a sua vida. O único critério que posso admitir, portanto, é que os resultados do meu esforço produzam efeito.


Segundo Jung, a função dos sonhos é fazer fluir a vida novamente, passar da estagnação, que atualmente podemos relacionar com o problema da falta de sentido, da depressão e do tédio, outra vez para a correnteza da vida, o que envolve interesse, experiência de sentido e um olhar voltado para frente. Algo que, tem êxito apenas quando nos confrontamos com o sonho, fazemos uma meditação sobre o sonho, o carregamos dentro de nós. Jung não fala da interpretação em um sentido mais restrito, e sim, afirma que os sonhos estimulam os processos de imaginação, despertam representações, que possuem uma dinâmica própria e são capazes de pôr ideias enrijecidas em movimento. Sonhos produzem efeitos.

Livro: Sonhos, a linguagem enigmática do inconsciente
Autora: Verena Kast
Evangelho
 
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus: 27“Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós sois como sepulcros caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão! 28Assim também vós: por fora, pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e injustiça.
29Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós construís sepulcros para os profetas e enfeitais os túmulos dos justos, 30e dizeis: ‘Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices da morte dos profetas’. 31Com isso, confessais que sois filhos daqueles que mataram os profetas. 32Completai, pois, a medida de vossos pais!”

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

  • Reflexão - Mt 23, 27-32
Devemos sempre estar alertas em relação à nossa vivência da fé porque, se não nos cuidarmos, podemos criar um abismo muito grande entre o que falamos e o que vivemos ou, pior ainda, podemos viver uma religiosidade de aparências, uma religiosidade ritual em detrimento de uma real vivência de fé, de uma resposta pessoal aos apelos que nos são feitos para que assumamos os compromissos do nosso batismo a partir de uma vida verdadeiramente profética que denuncie os contravalores do mundo e anuncie a verdade dos valores que foram pregados por Jesus Cristo. Deste modo, a nossa vida religiosa não será simplesmente ritual, mas também compromisso.

terça-feira, 26 de agosto de 2014



Pérolas 
 As pérolas são feridas curadas,
são produtos da dor,
resultado da entrada de uma substância
estranha ou indesejável no interior da ostra,
como um parasita ou um grão de areia.
A parte interna da concha de uma ostra
é uma substância lustrosa chamada nácar.
Quando um grão de areia penetra,
as células do nácar começam a trabalhar
e cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas
para proteger o corpo indefeso da ostra.
Como resultado, uma linda pérola é formada.
Uma ostra que não foi ferida de algum modo,
não produz pérolas,
pois a pérola é uma ferida cicatrizada.
Você já se sentiu ferido pelas palavras rudes de um amigo?
Já foi acusado de ter dito coisas que não disse?
Suas ideias já foram rejeitadas, ou mal interpretadas?
Você já sofreu os duros golpes do preconceito?
Já recebeu o troco da indiferença?
Então, produza uma pérola !!!
Cubra suas mágoas com várias camadas de amor.
Infelizmente são poucas as pessoas
que se interessam por esse tipo de movimento.
A maioria aprende apenas a cultivar ressentimentos,
deixando as feridas abertas,
alimentando-as com vários tipos de sentimentos pequenos e,
portanto não permitindo que cicatrizem.
Assim, na prática, o que vemos são muitas “ostras” vazias,
não porque não tenham sido feridas,
mas porque não souberam perdoar,
compreender e transformar a dor em amor.

Rubem Alves


Tua Vida

Não te esqueças do sonho que te fez nascer.
Não te esqueças dos pais.
Não te esqueças que durante o sono profundo tu aceitaste a vida que recebeste deles.
Não te esqueças da promessa que essa vida encerra em si.
Não te esqueças que essa promessa determina certa condições; e, mais ainda, que o cumprimento dessa promessa depende única e exclusivamente do cumprimento dessas condições.
Não me digas que estás pensando ainda em pedir algo mais.

Livro: Eu, um Outro.
Autor: Imre Kertész
Evangelho
 
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus: 23Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós pagais o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho, e deixais de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vós deveríeis praticar isto, sem contudo deixar aquilo.
24Guias cegos! Vós filtrais o mosquito, mas engolis o camelo. 25Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós limpais o copo e o prato por fora, mas, por dentro, estais cheios de roubo e cobiça. 26Fariseu cego! Limpa primeiro o copo por dentro, para que também por fora fique limpo.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

  • Reflexão - Mt 23, 23-26
O Evangelho de hoje é a continuação do de ontem, de modo que a nossa reflexão também é uma continuidade da de ontem. Um dos meios através dos quais tornamos a nossa religião superficial e unilateral é o formalismo religioso, que faz com que sejamos capazes de cumprir até mesmo os menores preceitos, mas tiram da nossa vida o mais importante que são os ensinamentos fundamentais para a nossa vida como a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Ser verdadeiramente cristão significa ser capaz de viver os valores do Reino e não simplesmente o cumprimento de rituais e a capacidade de falar coisas bonitas e poéticas a respeito de Deus.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014



Palco da Vida



Você pode ter defeitos, viver ansioso
e ficar irritado algumas vezes,
mas não se esqueça de que sua vida
é a maior empresa do mundo.
E você pode evitar que ela vá à falência.
Há muitas pessoas que precisam de você,
que o admiram e torcem por você.
gostaria que você sempre se lembrasse de que ser feliz
não é ter um céu sem tempestade, caminhos sem acidentes,
trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem desilusões.
ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas,
segurança no palco do medo, amor nos desencontros.
ser feliz não é apenas valorizar o sorriso,
mas refletir sobre a tristeza.
não é apenas comemorar o sucesso,
mas aprender lições nos fracassos.
não é apenas ter júbilo nos aplausos,
mas encontrar alegria no anonimato.
ser feliz é reconhecer que vale a pena viver,
apesar de todos os desafios,
incompreensões e períodos de crise.
ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas
e se tornar um autor da própria história.
é atravessar desertos fora de si,
mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
é saber falar de si mesmo. é ter coragem para ouvir um “não”.
é ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples.
que mora dentro de cada um de nós.
é ter maturidade para falar “eu errei”.
é ter ousadia para dizer “me perdoe”.
é ter sensibilidade para expressar “eu preciso de você”.
é ter capacidade de dizer “eu te amo”.
é ter a humildade de receptividade.
desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades
para você ser feliz...

pedras no caminho? guardo todas...
um dia vou construir um castelo!

Autor: João Carlos Almeida


O caminho do Coração


Os padres e Madres do Deserto eram cristãos que buscavam uma nova forma de martírio. Assim que as perseguições cessaram, já não era possível testificar Cristo ao segui-lo como uma testemunha de sangue. No entanto, o fim das perseguições não significa que o mundo aceitava os ideais de Cristo, e alterava seus caminhos; o mundo continuava a preferir a escuridão à luz. Mas, se o mundo já não era inimigo dos cristãos, então estes tinham que se tornarem inimigos do mundo e das trevas. A evasão para o deserto era o meio de escapar à tentadora conformidade com o mundo. Antão, Agatão, Macário, Pimênio, Teodora, Sara e Sinclética se tornaram líderes espirituais do deserto. Ali eles encarnaram um novo tipo de mártir: testemunhas contra os destrutivos poderes do mal, testemunhas da força salvadora de Jesus Cristo.
Seus comentários espirituais, seus conselhos aos visitantes e suas práticas ascéticas bastantes concretas foram a base de minhas reflexões sobre a vida espiritual no ministério de nossos dias. Como os padres e Madres do Deserto temos que encontrar uma resposta concreta e viável para a exortação de Paulo: “Não nos ajusteis aos modelos deste mundo, mas transformais-vos renovando vossa mentalidade, para que possais conhecer qual é a vontade de Deus: o que é bom, agradável e perfeito” (Rm 12,2).

Autor: Henri J. M. Nouwen
Evangelho
 
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus: 13“Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós fechais o Reino dos Céus aos homens. Vós porém não entrais, 14nem deixais entrar aqueles que o desejam. 15Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós percorreis o mar e a terra para converter alguém, e quando conseguis, o tornais merecedor do inferno, duas vezes pior do que vós.
16Ai de vós, guias cegos! Vós dizeis: ‘Se alguém jura pelo Templo, não vale; mas, se alguém jura pelo ouro do Templo, então vale!’ 17Insensatos e cegos! O que vale mais: o ouro ou o Templo que santifica o ouro? 18Vós dizeis também: ‘Se alguém jura pelo altar, não vale; mas, se alguém jura pela oferta que está sobre o altar, então vale!’
19Cegos! O que vale mais: a oferta, ou o altar que santifica a oferta? 20Com efeito, quem jura pelo altar, jura por ele e por tudo o que está sobre ele. 21E quem jura pelo Templo, jura por ele e por Deus que habita no Templo. 22E quem jura pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está sentado”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

  • Reflexão - Mt 23, 13-22
Muitas vezes, temos dificuldades de ver a religião na sua totalidade e, com isso, a reduzimos a alguns aspectos que julgamos mais importantes, mas que são frutos na nossa subjetividade. O problema é que, na maioria das vezes, nos prendemos ao que é acidental no plano da fé, como, por exemplo, sinais externos ou formas de espiritualidade e nos esquecemos dos valores que de fato são essenciais à nossa fé, seja no plano das verdades, seja no campo da espiritualidade, seja no campo da moral ou da virtude, de modo que a nossa religiosidade fica sendo superficial e unilateral, a religião que nós queremos viver e não a religião que Deus quer que nós vivamos.

terça-feira, 19 de agosto de 2014



Envelhecendo junto ao mar

A Vilma produziu uma linda inutilidade: um livro com o título Envelhecendo junto ao mar. Uma delícia! Uma experiência de poesia e comunhão! Eu acho que, na velhice, cada coisa que se diz é uma oração.
Oração é qualquer palavra que brota do mais fundo dos nossos desejos. Na velhice, saímos à cata das palavras essenciais. Por isso nos voltamos para os poetas. A Vilma catou muitas... Aliás, uma das coisas que se faz junto ao mar, nas praias, é catar conchinhas. Cada poema é uma concha, como essa oração de Gabriela Mistral:“Dai-me   Senhor, a perseverança das ondas do mar que fazem de cada recuo um ponto de partida para um novo avanço”.
Velhice é quando o rio se prepara para converter-se em mar. O mar é o destino de todo rio. Ouvindo o barulho das ondas que vemos, ouvimos o barulho de ondas que não vemos... Fernando Pessoa ouvia o mar. Leia devagar. E leia de novo.

Que costa é que as ondas contam
e se não podem encontrar
Por mais naus que haja no mar?
O que é que as ondas encontram
e nunca se vê surgindo?
Este som de o mar praiar,
onde é que está existindo?

Eu e o mar somos um.

Autor: Rubem Alves
Livro: Um céu numa flor silvestre


A Vida é Muito para Ser Insignificante

Já perdoei erros quase imperdoáveis,
Tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
Já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas também já decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger,
Já dei risada quando não podia,
Já fiz amigos eternos,
Já amei e fui amado, mas também já fui rejeitado,
Já fui amado e não soube amar.

Já gritei e pulei de tanta felicidade,
Já vivi de amor e fiz juras eternas, mas "quebrei a cara" muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
Já liguei só pra escutar uma voz,
Já me apaixonei por um sorriso,

Já pensei que fosse morrer de tanta saudade e......tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo) Mas sobrevivi!

E ainda vivo!
Não passo pela vida...
e você também não deveria passar. Viva!

Bom mesmo é ir a luta com determinação,
Abraçar a vida e viver com paixão,
Perder com classe e vencer com ousadia,
Porque o mundo pertence a quem se atreve
e A VIDA É MUITO para ser insignificante.

                                                                                                                                           (Charles Chaplin)

Evangelho

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 23Jesus disse aos discípulos: “Em verdade vos digo, dificilmente um rico entrará no reino dos Céus. 24E digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus”. 25Ouvindo isso, os discípulos ficaram muito espantados, e perguntaram: “Então, quem pode ser salvo?” 26Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens isso é impossível, mas para Deus tudo é possível”.
27Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Vê! Nós deixamos tudo e te seguimos. Que haveremos de receber?” 28Jesus respondeu: “Em verdade vos digo, quando o mundo for renovado e o Filho do Homem se sentar no trono de sua glória, também vós, que me seguistes, havereis de sentar-vos em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. 29E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá como herança a vida eterna. 30Muitos que agora são os primeiros, serão os últimos. E muitos que agora são os últimos, serão os primeiros.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

Reflexão
Quando vivemos a lógica de Deus em nossas vidas as riquezas e os bens deste mundo não nos consomem. Muitos dos que são os primeiros na sociedade serão os últimos no Reino dos Céus.
A lógica de Jesus, que é a lógica do Reino de Deus, inverte os valores que aprendemos em nossa vida, na qual aprendemos que quem é mais é quem mais tem, é quem mais possui e tem mais poder. Contudo, Jesus nos mostra que, no Reino de Deus não é assim, quem tem mais é quem mais se desapega, é quem mais abre mão do que tem. Quem é mais livre é quem pode ser mais no Reino de Deus!
Por isso muitos dos que são os primeiros na sociedade serão os últimos no Reino dos Céus; ao passo que muitos daqueles que são os últimos e até sem valor nenhum, para nós e para a sociedade, esses, sim, são os primeiros no coração de Deus.
Há duas coisas que precisamos aprender, hoje, com o que o Mestre Jesus nos ensina. Quando Ele nos diz que dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus  não é o problema de ser rico, ter bens, possuir riquezas ou trabalhar para ter uma vida cada vez mais justa e digna. Jesus aponta para o perigo que são as riquezas e o que elas em si fazem no coração do homem.
A riqueza provoca, cada vez, mais dentro de nós, a nossa ganância. É difícil alguém que (e não precisa nem ser muito rico não!) possui ou começa a possuir as coisas que fique satisfeito com o que tem, por isso está cada vez mais sempre ganancioso para ter mais. As riquezas nos mantêm apegados aos bens materiais e nos levam, muitas vezes, a cometermos injustiças uns contra os outros.
A grande injustiça do mundo é uns possuírem demais, terem posses que não acabam mais, e outros, muitas vezes, não terem direito a nada. As riquezas geram em nós uma visão materialista do mundo, vemos o mundo a partir dos bens materiais e não exaltamos mais os valores espirituais; porque a visão materialista gera em nós uma verdadeira cegueira espiritual.
Do outro lado, o Mestre promete uma recompensa ao desapego, porque quem se desapega do mundo e das coisas tem Deus como posse, O tem como sua maior riqueza! Quando fazemos de Deus a nossa riqueza, as outras coisas serão para nós apenas um acréscimo. Quem é rico para Deus é aquele que sabe inverter os valores: o que era para estar em primeiro lugar ele o vê por último e o que se via por último ele o vê como o primeiro. Primeiro, vemos os valores espirituais, vemos os valores do Reino e o demais buscamos em acréscimo.
Quando vivemos a lógica de Deus em nossas vidas as riquezas e os bens deste mundo não nos consomem, porque a maior riqueza e o maior tesouro do nosso coração é o próprio Deus!
 

segunda-feira, 18 de agosto de 2014



LOBOS INTERNOS!
Um velho Avô disse a seu neto, que veio a ele com raiva de um amigo que lhe havia feito uma injustiça:
"Deixe-me contar-lhe uma história.
Eu mesmo, algumas vezes, senti grande ódio àqueles que “aprontaram” tanto, sem qualquer arrependimento daquilo que fizeram.
Todavia, o ódio corrói você, mas não fere seu inimigo.
É o mesmo que tomar veneno, desejando que seu inimigo morra.
Lutei muitas vezes contra estes sentimentos".
E ele continuou: "É como se existissem dois lobos dentro de mim.
Um deles é bom e não magoa.   Ele vive em harmonia com todos ao redor dele e não se ofende quando não se teve intenção de ofender.
Ele só lutará quando for certo fazer isto, e da maneira correta.
Mas, o outro lobo, ah!, este é cheio de raiva.  Mesmo as pequeninas coisas o lançam num ataque de ira!
Ele briga com todos, o tempo todo, sem qualquer motivo.
Ele não pode pensar porque sua raiva e seu ódio são muito grandes.
É uma raiva inútil, pois sua raiva não irá mudar coisa alguma!
Algumas vezes é difícil de conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu espírito".
O garoto olhou intensamente nos olhos de seu Avô e perguntou:
"Qual deles vence, Vovô?"
O Avô sorriu e respondeu baixinho:
"Aquele que eu alimento".

Autor desconhecido

Santa Helena, dedicou-se ao Cristianismo

Lembramos neste dia a santa que depois da conversão se dedicou na ajuda ao Cristianismo no tempo da liberdade religiosa acontecida durante o Império Romano. Nascida no ano de 255 em Bitínia, de família plebéia, no tempo da juventude trabalhava numa pensão, até conhecer e casar-se com o oficial do exército romano, chamado Constâncio Cloro.
Fruto do casamento de Helena foi Constantino, o futuro Imperador, o qual tornou-se seu consolo quando Constâncio Cloro deixou-a para casar-se com a princesa Teodora e governar o Império Romano. Diante do falecimento do esposo, o filho que avançava na carreira militar substituiu o pai na função imperial, e devido a vitória alcançada nas portas de Roma, tornou-se Imperador.
Aconteceu que Helena converteu-se ao Cristianismo, ou ainda tenha sido convertida pelo filho que decidiu seguir Jesus e proclamar em 313 o Édito de Milão, o qual deu liberdade à religião cristã, isto depois de vencer uma terrível batalha a partir de uma visão da Cruz. Certeza é que no Império Romano a fervorosa e religiosa Santa Helena foi quem encontrou a Cruz de Jesus e ajudou a Igreja de Cristo, a qual saindo das catacumbas pôde evangelizar e com o auxílio de Santa Helena construir basílicas nos lugares santos.
Faleceu em 327 ou 328 em Nicomédia, pouco depois de sua visita à Terra Santa. Os seus restos foram transportados para Roma, onde se vê ainda agora, no Vaticano, o sarcófago de pórfiro que os inclui.
Santa Helena, rogai por nós!
Evangelho



+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 19,16-22

Alguém aproximou-se de Jesus e disse: 'Mestre, o que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?'
Jesus respondeu: 'Por que tu me perguntas sobre o que é bom? Um só é o Bom. Se tu queres entrar na vida, observa os mandamentos.'
O homem perguntou: 'Quais mandamentos?'
Jesus respondeu: 'Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho,
honra teu pai e tua mãe,
e ama teu próximo como a ti mesmo.'
O jovem disse a Jesus:
'Tenho observado todas essas coisas. O que ainda me falta?'
Jesus respondeu:
'Se tu queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me.'
Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza,
porque era muito rico.
  Palavra da Salvação. 

Reflexão - Mt 19, 16-22
Deus nos ama com amor eterno e, por isso, quer relacionar-se conosco.A partir disso, devemos perceber qual é o verdadeiro sentido da religião.O que caracteriza o verdadeiro cristão não é a mera observância dos mandamentos, mas a busca da perfeição que está no seguimento de Jesus, portanto no relacionamento com ele. Porém, existem valores deste mundo que se tornam obstáculo para este relacionamento, como é o caso dos bens materiais, que impediram o jovem de buscar livremente a vida eterna e a perfeição, através da caridade e do seguimento de Jesus, embora observasse todos os mandamentos.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014



SILÊNCIO


Pense em alguém que seja poderoso. Essa pessoa briga e grita como uma galinha, ou olha e silencia, como um lobo? Lobos não gritam. Eles têm a aura de força e poder.Observam em silêncio.
Somente os poderosos, sejam lobos, homens ou mulheres, respondem a um ataque verbal com o silêncio. Além disso, quem evita dizer tudo o que tem vontade, raramente se arrepende por magoar alguém com palavras ásperas e impensadas.
Exatamente por isso, o primeiro e mais óbvio sinal de poder sobre si mesmo é o silêncio em momentos críticos.
Se você está em silêncio, olhando para o problema, mostra que está pensando, sem tempo para debates fúteis.
Se for uma discussão que já deixou o terreno da razão, quem silencia e continua a trabalhar mostra que já venceu, mesmo quando o outro lado insiste em gritar a sua derrota.

Olhe.
Sorria.
Silencie.
Vá em frente.
Lembre-se de que há momentos de falar e há momentos de silenciar.
 Escolha qual desses momentos é o correto, mesmo que tenha que se esforçar para isso.
 Por alguma razão, provavelmente cultural, somos treinados para a (falsa) idéia de que somos obrigados a responder a todas as perguntas e reagir a todos os ataques.
 Não é verdade !
Você responde somente ao que quer responder e reage somente ao que quer reagir.
Você nem mesmo é obrigado a atender seu telefone pessoal. 
Falar é uma escolha, não uma exigência, por mais que assim o pareça.
Você pode escolher o silêncio.
Além disso, você não terá que se arrepender por coisas ditas em momentos impensados, como defendeu Xenocrates, mais de trezentos anos antes de Cristo, ao afirmar: "me arrependo de coisas que disse, mas jamais de meu silêncio".
Responda com o silêncio, quando for necessário.
Use sorrisos, não sorrisos sarcásticos, mas reais.
Use o olhar, use um abraço ou use qualquer outra coisa para não responder em alguns momentos. Você verá que o silêncio pode ser a mais poderosa das respostas. E, no momento certo, a mais compreensiva e real delas.

Aldo Novak