quinta-feira, 16 de outubro de 2014



Premonição


            Havia um religioso leigo que trabalhava no colégio dos padres em Cachoeira do Campo-MG. Com seus 25 anos resolveu abandonar a vida religiosa e voltar à família, seguindo sua vida.
            Sua mãe, muito religiosa, tinha escrito a ele que não tomasse tal decisão, pois o tinha consagrado a Deus. E mais, que o tinha visto num desastre no momento de sua viagem para casa.
             O moço não se impressionou, tanto que conversou sobre o assunto da carta com colegas. No dia em que saiu para viajar, foi a cavalo, levando suas malas. Na altura de uma cachoeira que fornecia energia para o colégio, o cavalo se assustou, não se sabe com o quê. Empinou e jogou-o morro abaixo onde veio a falecer justamente na divisa do terreno do colégio. 
             Todos se assustaram com o fato e comentavam entre eles que o colega ia abandonar a vocação religiosa. Que era uma pena, pois ele era tão amigo de todos, mas cada um deve seguir seu destino. Não se sabe o que pensar. Praga de mãe certamente não deve ter sido. Mas a vidência da mãe se concretizou.
             No colégio até hoje se comenta o acontecido e uma cruz marcou o lugar do triste desfecho de uma vida que tinha tudo para dar certo, no serviço religioso e a  relação entre mãe e filho era tão íntima, tão bonita, pelo que se deduz da carta.
            Ao tomar conhecimento do fato quando fui professor naquele estabelecimento, tive em minhas mãos a carta da mãe, que ficou arquivada. E hoje volto nessas páginas a relatar o que tanto me impressionou naquela época e até hoje está na minha memória e certamente desafia as pessoas a entender esse tipo de acontecimento com desfecho de tragédia.

Autor: Paulo Motta

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