sexta-feira, 17 de outubro de 2014



Conhecendo Jorge Amado


O padre levou uma peregrinação ao convento da Penha em Vila Velha – ES. Ao descer do Santuário as pessoas pararam junto aos muros do convento contemplando a linda visão do mar, dos navios entrando e saindo para buscar minérios no porto da cidade de Vitória.
            Foi quando um amigo do padre o abordou e lhe perguntou se ele tinha lido os livros de Jorge Amado. O padre respondeu que não lera e não leria nunca. Perguntado por que o reverendo respondeu: Aquele é um porco! Só escreveu com palavrões e sobre mulheres da vida e seus amores lascivos. Seus assuntos são para os que vivem como ele: veem o povo só pensando naquilo...
            O amigo então lhe disse: Jorge Amado é esse senhor aqui que veio visitar esse monumento religioso frequentado pela gente humilde e religiosa. O padre engoliu em seco, enquanto Jorge Amado dava uma cusparada no chão...
Os juízos de valor não podem ser expressos tendo em vista a ignorância da própria pessoa sem conhecer os destinatários de seus escritos, sua cultura, a época dos acontecimentos. E quem expõe a verdade nua e crua não merece desprezo e pouco caso. Era o caso!..
            Desconhecer um escritor consagrado com obras lidas por todos, não é explicável para um padre e mais, deixar-se levar por preconceitos sem fundamentos era comum na época em que pontificava uma literatura religiosa que patrulhava a moral do povo, foi inútil. Hoje a universidade esta ao alcance de todos e ali é um centro de formação critica de tudo o que se passa na sociedade. Um clero atualizado e bem formado fundamenta também a fé que, conforme S.Paulo é um razoável obséquio prestado a Deus.

Paulo Motta

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