Afogar-se num copo de água
O provérbio popular se aplica às pessoas que diante de alguma dificuldade, a transformam num problema e então se agitam na busca de solução. Desproporcional a agitação com o fato a resolver.
“Os meus problemas são só grandes para mim”, diz um ditado. E o que dizer então de um adulto afogar-se num córrego de menos de três metros de largura e com água apenas chegando à altura do peito?
Mas foi o que aconteceu com um jovem seminarista de vinte anos. Ele acompanhava seis adolescentes que, sob a vigilância de um padre com seus metro e noventa de altura, foram tomar banho no córrego. Pulos pra lá, pulos pra cá, salto com ajuda de um bambu, mergulho na água, brincadeiras dentro do córrego, a brincadeira estava boa e dela todos participavam, menos o padre que só assistia.
De repente um garoto pergunta pelo professor. Outro diz: “Eu vi quando ele mergulhou para atravessar”. “Uai”! ...
Procuram que procuram, córrego abaixo, sempre de pé, pois dava pé em toda extensão. E, ei-lo no fundo do córrego. “Vamos tirar, segura, vamos”. O professor foi levado para fora da água.
O padre que acompanhava a turma, filho de médico, aplicou massagens, respiração boca-a-boca, nada adiantava, água pelas narinas, não houve jeito, o professor estava morto! Ninguém acreditava. “Como ninguém viu? Ele era tão grande, sabia nadar”.
Isso tudo aconteceu nas dependências do seminário salesiano da cidade do Pará de Minas-MG. Nesse córrego a meninada sempre tomava banho constantemente... Os banhistas tinham viajado em excursão. Eram do colégio salesiano de Vitória – ES e os garotos tinham ido para ver se queriam ficar no seminário.
Eu era diretor do colégio de Vitória. Quando recebi a notícia, depois de muitas tentativas de ligação telefônica, finalmente consegui ouvir do colega padre que acompanhava a excursão a trágica notícia. Nesse mesmo instante, era meia noite, as luzes se apagaram e eu assustado vi diante de mim a figura do morto, de olhos fechados.
Não morri. Parecia que o apagão tinha acontecido só para dar lugar à aparição... Pura impressão? Não sei dizer.
Acreditem se quiserem, mas eu passei por isso e aqui venho contar para vocês.
Contos de Paulo Motta
Livro: Memórias de um Seminarista
Nenhum comentário:
Postar um comentário