sexta-feira, 29 de maio de 2015

Evangelho - Mc 11,11-26

Jesus entrou em Jerusalém e foi ao templo. Lá observou todas as coisas. Mas, como já era tarde, e e e os Doze foram para Betânia. No dia seguinte, ao saírem de Betânia, Jesus sentiu fome. Avistando de longe uma figueira coberta de folhas, foi lá ver se encontrava algum fruto. Chegando perto, só encontrou folhas, pois não era tempo de figos. Então, reagiu dizendo à figueira: "Nunca mais ninguém coma do teu fruto". Os discípulos ouviram isso. Entrando no templo, Jesus começou a expulsar os que ali estavam vendendo e comprando. Derrubou as mesas dos que trocavam moedas e as bancas dos vendedores de pombas. Também não permitia que se carregassem objetos passando pelo templo. Pôs-se a ensinar e dizia-lhes: “Não está escrito que a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos? Vós, porém, fizestes dela um antro de ladrões”. Os sumos sacerdotes e os escribas ouviram isso e procuravam um modo de matá-lo. Mas tinham medo de Jesus, pois a multidão estava maravilhada com o ensinamento dele. E quando anoiteceu, Jesus e os discípulos foram saindo da cidade. De manhã cedo, ao passarem, verificaram que a figueira tinha secado desde a raiz. Pedro lembrou-se e disse: "Rabi, olha, a figueira que amaldiçoaste secou". Jesus lhes observou: "Tende fé em Deus. Em verdade, vos digo: se alguém disser a esta montanha: 'Arranca-te e joga-te no mar', sem duvidar no coração, mas acreditar que vai acontecer, então acontecerá. Por isso, vos digo: tudo o que pedirdes na oração, crede que já o recebeste, e vos será concedido. E, quando estiverdes de pé para a oração, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai que está no céu também perdoe os vossos pecados".


quinta-feira, 28 de maio de 2015

A Beleza


A beleza não tem idade, 
ela alimenta nossa vida 
carente de fuga para o imaginário.
Admirar é uma forma de amar 
o que está em nós por ser descoberto. 
A vida deve se renovar 
através dos olhos a serviço do espiritual. 
Como escreveu Ruben Alves:
“a alma é uma coleção de belos 
quadros adormecidos.”
Nossa fome de beleza
é grande demais 
tem saudade do que não viu...
A paisagem por mais bela 
que seja precisa de 
uma cena que alimente 
nossa emoção. Isso é nossa
criatividade poética que nos
aproxima da criação divina do universo. 
É nossa paixão de sermos 
os cantores do invisível!

Poesias de Paulo Motta
Evangelho - Mc 10,46-52

Chegaram a Jericó. Quando Jesus estava saindo da cidade, acompanhavam-no os discípulos e uma grande multidão. O mendigo cego, Bartimeu, filho de Timeu, estava sentado à beira do caminho. Ouvindo que era Jesus Nazareno, começou a gritar: “Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim”. Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava ainda mais alto: “Filho de Davi, tem compaixão de mim”. Jesus parou e disse: “Chamai-o!”. Eles o chamaram, dizendo: “Coragem, levanta-te! Ele te chama!”. O cego jogou o manto fora, deu um pulo e se aproximou de Jesus. Este lhe perguntou: “Que queres que eu te faça?”. O cego respondeu: “Rabûni, meu Mestre, que eu veja”. Jesus disse: “Vai, tua fé te salvou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e foi seguindo Jesus pelo caminho.

A fé é iluminação que permite ver
Jericó, um verdadeiro oásis no deserto da Judeia; Jesus está subindo para Jerusalém acompanhado por seus discípulos e por uma grande multidão que deseja ouvi-lo e tocá-lo, na esperança da cura dos seus males. À beira do caminho estava um cego, Bartimeu. Estava à margem de tudo, da sociedade, inclusive de Deus, por causa da mentalidade da época; por isso também se diz que ele estava “à beira do caminho”. Grita a Jesus com insistência porque tem um grande desejo: ver. O seu clamor foi ouvido. Jesus manda chamá-lo e ele, deixando o manto, foi de um salto até Jesus. O manto era símbolo do poder do homem, por isso se diz que tirou o manto para ir até Jesus. Sem humildade não há possibilidade de receber o dom da visão. Perguntado pelo seu desejo, ele responde: “que eu veja”. A fé é iluminação que permite ver. Consequência da luz da fé é o seguimento de Jesus Cristo. Bartimeu é o modelo do discípulo que, iluminado pela fé, segue Jesus no caminho que o conduz à paixão.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

O maior é aquele que serve... - Mc 10,32-45

Estavam a caminho, subindo para Jerusalém. Jesus ia à frente, e eles, assombrados, seguiam com medo. Jesus, outra vez, chamou os doze de lado e começou a dizer-lhes o que estava para acontecer com ele: "Estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos sumo sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos pagãos. Vão zombar dele, cuspir nele, açoitá-lo e matá-lo, mas três dias depois, ele ressuscitará". Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e lhe disseram: “Mestre, queremos que faças por nós o que te vamos pedir”. Ele perguntou: “Que quereis que eu vos faça?”. Responderam: “Permite que nos sentemos, na tua glória, um à tua direita e o outro à tua esquerda!”. Jesus lhes disse: “Não sabeis o que estais pedindo. Podeis beber o cálice que eu vou beber? Ou ser batizados com o batismo com que eu vou ser batizado?”. Responderam: “Podemos”. Jesus então lhes disse: “Sim, do cálice que eu vou beber, bebereis, com o batismo com que eu vou ser batizado, sereis batizados. Mas o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não depende de mim; é para aqueles para quem foi preparado". Quando os outros dez ouviram isso, começaram a ficar zangados com Tiago e João. Jesus então os chamou e disse: "Sabeis que os que são considerados chefes das nações as dominam, e os seus grandes fazem sentir seu poder. Entre vós não deve ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, e quem quiser ser o primeiro entre vós seja o escravo de todos. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos”.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Evangelho-Mc 10,28-31


Pedro começou a dizer-lhe: “Olha, nós deixamos tudo e te seguimos”. Jesus respondeu: “Em verdade vos digo: todo aquele que deixa casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos e campos, por causa de mim e do evangelho, recebe cem vezes mais agora, durante esta vida – casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições –, e no mundo futuro, vida eterna. Muitos, porém, que são primeiros, serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros”.

Deixar para ter a plenitude
A resposta de Jesus ao homem que era possuidor de muitos bens deixou os discípulos inseguros e os incitou a um forte questionamento. A afirmação de Pedro deixa entrever o desejo de uma recompensa adequada ao fato de terem deixado tudo para seguir Jesus. Esse diálogo dá a Jesus a possibilidade de afirmar que, deixando tudo em razão do chamado ao seu seguimento, é que se tem o cêntuplo. Deixar para ter a plenitude. “Cem vezes mais” não é uma operação matemática; significa que no seguimento de Jesus Cristo tudo adquire sentido para o discípulo e tudo ocupa o seu devido lugar. A recompensa do discípulo é o chamado a seguir Jesus e o próprio seguimento, pois ele permite a graça de viver a vida do Senhor. A recompensa não é o acerto de contas por algo realizado e merecido. Na vida cristã a recompensa é um dom de Deus. A vida eterna, enquanto dom, é a comunhão com o Pai e o Filho (cf. Jo 17,2.3) no Espírito Santo. Nesse sentido, ela não é um dom exclusivo para a “outra vida”, mas uma graça dada na fugacidade do tempo para que se possa desejar essa comunhão na eternidade, onde nossa vida será plenamente transfigurada em Cristo.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Voto vencido

Era quinta feira e nesse dia nos colégios salesianos não há aula, ficando dia para a prática de esportes. O fato se deu em Lavrinhas - SP e eu cursava a quarta série do antigo ginásio.
Na parte da tarde estávamos no salão de estudos, num total de cento e oitenta seminaristas. O padre diretor do colégio foi nos dar uma boa notícia. Disse que tinha em mente nos proporcionar um passeio e para tanto nós poderíamos escolher entre duas alternativas.
A primeira seria um passeio até a vila de Pinheiros para cantarmos na missa festiva e depois haveria um churrasco.
A segunda alternativa seria o tradicional passeio na fazenda do senhor Tundato, já conhecida nossa, pois já tínhamos ido lá por várias vezes.
Em seguida o diretor mandou levantar a mão os que queriam ir a Pinheiros. Levantei a mão. O diretor então me disse: “Você é sempre do contra, todos dizem que é branco você acha que é preto”. Foi aí que eu percebi que somente minha mão estava levantada. Todos riam de mim. Votei sozinho. Portanto prevaleceu o passeio na fazenda do velho italiano.
Mais tarde o diretor me chamou e me pediu desculpas por ter sido tão duro comigo e generalizado a minha discordância dos demais. Então me perguntou por que eu tinha escolhido diferentemente de todos os outros. Eu respondi que na votação eu percebera uma manobra dele, para economizar um passeio, visto que se fôssemos passear em Pinheiros, iríamos também depois à fazenda na qual íamos todos os anos. O diretor me disse que apesar de novo, eu era perspicaz. Imaginem! Merecia, portanto ir aos dois passeios. A Pinheiros com um grupo de cantores que ia cantar na missa, embora eu não fosse da cantoria. Saí ganhando, embora tivesse perdido a eleição. E tive que perdoar a esperteza do meu diretor.
Quando aconteceu o passeio à fazenda, acima dita, lá nos divertimos bastante antes de sermos brindados com o churrasco. Um grupo de colegas junto aos quais eu estava se dirigiu até o curral para ver os bezerros. Lá um empregado nos mostrou um pequeno barril e perguntou se queríamos beber. Alguns aceitaram. Era cachaça de alambique, para quem conhece, coisa fina. O problema é que gostaram da branquinha e tomaram como se fosse água. O resultado já era esperado. Quatro dos nossos colegas estavam bêbados, falavam demais, a censura tirada pela bebida não impedia que os chapados dissessem bobagens uma atrás das outras. Eu e outros colegas tivemos que cuidar deles para que os superiores não ficassem sabendo. Havia no curral um tonel vazio. Com uma mangueira o enchemos de água e ali batizamos os pecadores com três mergulhos de cabeça cada um deles, até percebermos que tinham recebido de volta o espírito do equilíbrio, ao menos o suficiente para se ajuntarem aos outros. No ato batismal xingavam demais, mas depois sacudiam a cabeça e davam volta por cima.
O churrasco se encarregou misturado com feijão tropeiro, foi comido com aquele apetite de quem tomara um aperitivo generoso. E bola pra frente no resto da tarde que estava muito bonita.

Contos de Paulo Motta
Livro: Memórias de um Seminarista

Evangelho - Mc 10,17-27

Jesus saiu caminhando, quando veio alguém correndo, caiu de joelhos diante dele e perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?”. Disse Jesus: “Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém. Conheces os mandamentos: não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, não prejudicarás ninguém, honra teu pai e tua mãe!”. Ele então respondeu: “Mestre, tudo isso eu tenho observado desde a minha juventude”. Jesus, olhando bem para ele, com amor lhe disse: “Só te falta uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. Ao ouvir isso, ele ficou pesaroso por causa desta palavra e foi embora cheio de tristeza, pois possuía muitos bens. Olhando em volta Jesus disse aos seus discípulos: "Como é difícil, para os que possuem riquezas, entrar no Reino de Deus". Os discípulos ficaram espantados com estas palavras. E Jesus tornou a falar: "Filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!" Eles ficaram mais admirados e diziam uns aos outros: "Quem então poderá salvar-se?" Olhando bem para eles, Jesus lhes disse: "Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível!"

A vida eterna é dom e como tal deve ser recebida
Aquele homem anônimo que se apresentou no caminho de Jesus exprime o desejo de vida eterna presente no coração de todo ser humano. Criado à imagem e semelhança de Deus, o homem tende para a eternidade e a deseja. No entanto, é preciso compreender que a vida eterna é dom e não merecimento do ser humano. Jesus é bom e fez bem todas as coisas, despertando nas pessoas a fé na vida. No entanto, a bondade manifestada na acolhida, na mensagem e no que Jesus realiza em favor das pessoas deve remeter àquele que é a fonte de todo verdadeiro bem, Deus. A vida eterna é dom e como tal deve ser recebida. Não é merecimento garantido pela prática da Lei nem por qualquer boa obra. Para receber a vida eterna como dom é preciso desapego. Além disso, é no seguimento de Jesus Cristo que se encontra o caminho para a vida eterna. Diante da proposta de Jesus, o homem saiu pesaroso. A riqueza pode se constituir num verdadeiro obstáculo para se entrar no Reino de Deus.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Simão, tu me amas? - Jo 21,15-19

Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?”. Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Jesus lhe disse: “Cuida dos meus cordeiros”. E disse-lhe, pela segunda vez: “Simão, filho de João, tu me amas?”. Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Jesus lhe disse: “Sê pastor das minhas ovelhas”. Pela terceira vez, perguntou a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?”. Pedro ficou triste, porque lhe perguntou pela terceira vez se era seu amigo. E respondeu: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo”. Jesus disse-lhe: “Cuida das minhas ovelhas. Em verdade, em verdade, te digo: quando eras jovem, tu mesmo amarravas teu cinto e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te porá o cinto e te levará para onde não queres ir”.(Disse isso para dar a entender com que morte Pedro iria glorificar a Deus.) E acrescentou: “Segue-me”.

Sem amor não há seguimento, nem missão
O encontro com Jesus ressuscitado, às margens do mar da Galileia, põe a Pedro, e também a cada um de nós, uma pergunta fundamental: “Tu me amas?”. Sem amor não há escuta, obediência, seguimento, nem missão. Na última ceia, Pedro resiste em deixar Jesus lavar os seus pés; na casa do sumo sacerdote, ele nega conhecer e fazer parte do grupo de discípulos de Jesus, ele que tinha dito que daria a sua vida por Jesus; ele depende sempre do “discípulo que Jesus amava” para reconhecê-lo presente e atuante na vida deles. A missão de Pedro, como a missão de toda a Igreja, está fundada num amor que antecede tudo e todos.
Somente o amor incondicional à pessoa de Jesus, provado pela paixão e morte do Senhor, experimentado como força de vida, pode permitir que o seguimento e a missão confiada pelo Senhor a Simão, de apascentar as ovelhas, sejam vividos na gratuidade e na entrega generosa. Somente a experiência desse amor que purifica e perdoa é que pode conceder como graça a Pedro a disponibilidade de ir aonde o Senhor deseja que ele vá. O sinal da maturidade da fé é deixar-se conduzir pelo Senhor.

quinta-feira, 21 de maio de 2015


Motivações e Intenções
Não é suficiente observar as ações externas e internas. É também indispensável indagar sobre as motivações que nos levam a agir e sobre as intenções que atraem nossas ações. Além de perguntar-se o que é que eu fiz, devo saber porque e por quem o fiz. Só assim começará a fazer-se luz em nosso psiquismo, e poderemos esperar descobrir pouco a pouco as intenções ocultas e menos retas que tão frequentemente se infiltram em nossas ações, até nas boas, chegando a se tornar a motivação mais influente e, em definitivo, o princípio de decisão e de ação.
Recordemos: o que mais ignoramos, lentamente toma conta do nosso coração. É um processo quase imperceptível de sedimentação progressiva, que parte das primeiras concessões veniais e leviandades, radica-se em profundidade, gera hábitos sempre menos controlados e sempre mais "autorizados" e se torna motivação inconsciente, quando introduz, em nosso modo de viver, um dinamismo automático, resistente à mudança e cada dia mais exigente e pretensioso. Ora, como bem sabemos, é difícil perscrutar e "libertar" o inconsciente, contudo é possível preveni-lo, isto é, impedir aquele processo de sedimentação, permanecendo atentos àquilo que realmente nos leva a agir. Ademais, é exatamente no "coração" que se situa o pecado (Mc 7, 21-23).
O exame de consciência é a parada providencial, na caminhada do dia, que nos permite tomar consciência e, portanto, sentirmo-nos mais livres e menos fantoches, mais responsáveis por nós mesmos e menos escravos do passado.
Livro: Viver Reconciliados
Autor: Amedeo Cencini
Evangelho - Jo 17,20-26

Eu não rogo somente por eles, mas também por aqueles que vão crer em mim pela palavra deles. Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim, e eu em ti. Que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes dei a glória que tu me deste, para que eles sejam um, como nós somos um: eu neles, e tu em mim, para que sejam perfeitamente unidos, e o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste como amaste a mim. Pai, quero que estejam comigo aqueles que me deste, para que contemplem a minha glória, a glória que tu me deste, porque me amaste antes da criação do mundo. Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste. Eu lhes fiz conhecer o teu nome, e o farei conhecer ainda, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu mesmo esteja neles.

A súplica por aqueles que abraçarão a fé
Este trecho da oração sacerdotal de Jesus ganha tom universal: a súplica é não somente pelos que creem, mas por aqueles que abraçarão a fé, não importa em que tempo da história. Há uma unidade, inspirada na união entre o Pai e o Filho, que permanece para além de um tempo determinado da história. A unidade deve ser sempre a característica e o desafio da comunidade cristã. A unidade é dom do Cristo ressuscitado e parte essencial do testemunho. É ela o testemunho pelo qual gerações chegarão à fé. A fé é, fundamentalmente, testemunho. Assim sendo, somos uns responsáveis pela fé dos outros e das gerações futuras, pois a adesão dos outros à pessoa de Jesus Cristo depende, em boa parte, de nosso testemunho e da qualidade de nossa vida cristã. A comunhão entre os discípulos, imagem da comunhão entre o Pai e o Filho, oferece às gerações futuras a possibilidade de conhecer que Jesus é o enviado do Pai. Se o mundo não conheceu Deus, é em razão do seu fechamento, da resistência e do medo da luz. Na plenitude dos tempos Deus se revelou no seu Filho que, antes da criação do mundo, estava voltado para ele (cf. Jo 1,1). Em Jesus é que resplandece a imagem do Deus único e verdadeiro (cf. Jo 14,9). Pelo Filho, o Pai se tornou conhecido dos discípulos e eles puderam fazer a experiência de que Deus é amor.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Caminhando pelo bosque
(lembrando “La strada del bosco).

O sol brilha por entre a galhada das árvores.
O vento sopra trazendo o perfume das flores
e o caminho segue entre os cantos de pássaros.
Este caminho eu conheço, mas quero caminhar
contigo sentindo a presença dos espíritos
da floresta como a nos espreitar curiosos,
escondidos, mas pisando nas folhas pelo chão.
Não temas tudo aqui é um sonho vivido acordado
como presente do nosso amor nos devaneios
das horas de encantamento, mostrando-nos
o caminho da vida desejada pelos nossos corações.
Vamos caminhar até que o sol se esconda e apareçam
as estrelas no céu sereno vigiando nosso
aconchego entre as pedras da gruta.
Nunca nos esqueceremos desta aventura
no regaço da natureza em festa, dedicada
a seus visitantes enamorados da beleza.

Paulo Motta

Pai Santo, guarda-os em teu nome... - Jo 17,11b-19

Pai Santo, guarda-os em teu nome, o nome que me deste, para que eles sejam um, como nós somos um. Quando estava com eles, eu os guardava em teu nome, o nome que me deste. Eu os guardei, e nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição, para se cumprir a Escritura. Agora, porém, eu vou para junto de ti, e digo estas coisas estando ainda no mundo, para que tenham em si a minha alegria em plenitude. Eu lhes dei a tua palavra, mas o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como eu não sou do mundo. Eu não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do maligno. Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo. Consagra-os pela verdade: a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os enviei ao mundo. Eu me consagro por eles, a fim de que também eles sejam consagrados na verdade.

A oração de Jesus em favor de seus discípulos
A oração que o Filho dirige ao Pai em favor de seus discípulos é para que cuide deles, os proteja e os mantenha unidos, como o Pai e o Filho vivem numa perfeita unidade. Efetivamente, quando de sua vida terrestre, Jesus cuidou dos seus discípulos qual um bom pastor cuida de suas ovelhas: conduzindo-as às verdadeiras pastagens, protegendo-as dos inimigos e, finalmente, dando a própria vida por elas (cf. Jo 10,1-18). A comunhão de Jesus com o Pai permitiu-lhe realizar a obra do Pai e, por isso, engajar toda a sua vida em realizar a vontade do Pai, que ele considera seu alimento (cf. Jo 4,34). A unidade dos discípulos é fundamental para levar a cabo a missão do Senhor; o apoio mútuo é condição indispensável para não esmorecer diante da perseguição do mundo. Fazer a vontade do Pai e entregar-se para que as ovelhas não se dispersassem e tivessem vida em plenitude é a alegria com que Jesus viveu a sua vida. Dessa alegria os discípulos participam à medida que cumprem o mandamento do amor fraterno e se engajam na realização da vontade de Deus.

terça-feira, 19 de maio de 2015

"Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes".


Rubem Alves
Evangelho - Jo 17,1-11a

Assim Jesus falou, e elevando os olhos ao céu, disse: “Pai, chegou a hora. Glorifica teu filho, para que teu filho te glorifique, assim como deste a ele poder sobre todos, a fim de que dê vida eterna a todos os que lhe deste. (Esta é a vida eterna: que conheçam a ti, o Deus único e verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que enviaste). Eu te glorifiquei na terra, realizando a obra que me deste para fazer. E agora Pai, glorifica-me junto de ti mesmo, com a glória que eu tinha, junto de ti, antes que o mundo existisse. Manifestei o teu nome aos homens que, do mundo, me deste. Eles eram teus e tu os deste a mim; e eles guardaram a tua palavra. Agora, eles sabem que tudo quanto me deste vem de ti, porque eu lhes dei as palavras que tu me deste, e eles as acolheram; e reconheceram verdadeiramente que eu saí de junto de ti e creram que tu me enviaste. Eu rogo por eles. Não te rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. Tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu. E eu sou glorificado neles. Eu já não estou no mundo; mas eles estão no mundo, enquanto eu vou para junto de ti”.
A oração sacerdotal de Jesus
Trata-se, aqui, de um trecho da oração sacerdotal de Jesus. Próprio da função sacerdotal, além de oferecer sacrifícios, é oferecer súplicas e orações a Deus em favor de todo o povo. O sacrifício oferecido por Jesus é o sacrifício de sua própria vida; e as súplicas, ele as ofereceu em favor dos seus discípulos para permanecerem fiéis e não esmorecerem diante da perseguição do mundo. Trata-se da parte final do discurso de despedida, que é uma longa oração de Jesus dirigida ao Pai. Essa oração tem como ponto fundamental a comunhão entre o Pai e o Filho: a obra que o Filho realiza tem como finalidade manifestar a Glória de Deus, isto é, revelar o mistério de Deus: “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). Realizando a obra de amor, o Filho glorifica o Pai e é glorificado por Ele, isto é, é revelado pelo Pai que o ressuscitou dos mortos. Pela ressurreição chega-se a conhecer o que ele era antes da criação do mundo (cf. Jo 1,1). Por essa comunhão, o Pai deu ao Filho o poder de conceder a vida eterna. A vida eterna dada pelo Filho é comunhão com o Pai e com aquele que ele enviou, Jesus Cristo; é participação na vida divina; é uma vida dada para além da morte. 

segunda-feira, 18 de maio de 2015

FELICIDADE

                              Todos dizem buscá-la na vida,
                              difícil é entender em que consiste.
                              Poucos percebem ser ela um simples
                              exercício da imaginação em paz
                              consigo mesmo, nas horas do relógio,
                              no momento vivido na solidão do eu.
                              A felicidade está ao alcance de todos
                              porque para ela foi-nos dada a vida.
                              Celebre a afirmação do poeta
                              “eu era feliz e não sabia”!
                              Verdade, ser feliz e sentir-se feliz
                              são fatos reais e constantes nas pessoas.
                              não se busca a felicidade,
                              vive-se feliz na consciência
                              de si realizando-se em cada instante.

                                                           Paulo Motta
Tende coragem. Eu venci o mundo! - Jo 16,29-33

Os seus discípulos disseram: “Agora, sim, falas abertamente, e não em figuras. Agora vemos que conheces tudo e não precisas que ninguém te faça perguntas. Por isso acreditamos que saíste de junto de Deus!”. Jesus respondeu: “Credes agora? Eis que vem a hora, e já chegou, em que vos dispersareis, cada um para seu lado, e me deixareis sozinho. Mas eu não estou só. O Pai está sempre comigo. Eu vos disse estas coisas para que, em mim, tenhais a paz. No mundo tereis aflições. Mas tende coragem! Eu venci o mundo”.

É preciso, pela fé, vencer o medo da morte.
Os discípulos passam da incredulidade e da incompreensão à fé e à compreensão da origem de Jesus. A reação de Jesus ante a observação dos discípulos parece um tanto irônica: “Credes agora?”. A pergunta de Jesus pode ter ao menos dois significados: pode denunciar a pretensão dos discípulos de imaginarem ter compreendido o mistério de Jesus Cristo, enviado do Pai, ou, ainda, declarar que eles permanecem mergulhados na ignorância. O que os discípulos precisam compreender é que somente a experiência mediada pelo Espírito Santo pode fazer compreender o mistério presente nas palavras e nos gestos de Jesus. É exatamente nisso que consiste a promessa de Jesus para depois da ressurreição (cf. Jo 16,12-15). A falta de fé é uma das causas do medo. É preciso, pela fé, vencer o medo da morte. Os discípulos terão de passar pela dura prova da paixão e morte de Jesus para poder chegar à verdadeira fé. Se Jesus, que conhece profundamente os seus discípulos, prevê que estes o abandonarão, ele também sabe por experiência que o Pai estará sempre com ele. A vitória do Cristo ressuscitado deve sustentar o testemunho e a missão dos discípulos ante as dificuldades e as resistências que deverão enfrentar.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

MANHÃ COM NEBLINA


Levantando-me vou à janela
olho pela vidraça embaçada
como se fora do hálito meu.
A neblina cobre os campos
e esconde o verde das árvores.
A cidade desperta sonolenta
e o frio toma conta das pessoas.
Rompe-se a rotina dos dias quentes 
com a novidade da tênue névoa.
As águas do lago parecem evaporar
dissipando-se aos poucos pelo
chegar dos primeiros raios do sol,
para retornar talvez pela noite
após uma chuvinha fina constante
caindo de mansinho sobre a terra.
Tempo de aconchego e agasalho,
da família reunida ao tomar café. 
Sinto em mim uma quietude
tristonha pela ausência do calor
que o sol nos traz com seu brilho.
Minha alma vive com o tempo,
alegre nos dias claros, recolhida
quando o frio chega pela manhã..

Poesias de Paulo Motta




ORAÇÃO 
Confie ao Senhor os frutos da sua oração, da sua meditação e contemplação da Palavra. Apresente o desejo que brotou em seu coração e peça a graça de vivê-lo durante o dia. Faça sua prece de agradecimento ou pedido. 
Conclua com a oração: Jesus, divino Mestre, nós vos adoramos, Filho muito amado do Pai, caminho único para chegarmos a ele. Nós vos louvamos e agradecemos, porque sois o exemplo que devemos seguir. Com simplicidade queremos aprender de vós o modo de ver, julgar e agir. Queremos ser atraídos por vós, para que, caminhando nas vossas pegadas, possamos viver dia a dia a liberdade dos filhos de Deus, renunciando a nós mesmos, para buscar em tudo, a vontade do Pai. Aumentai nossa esperança, impulsionando plenamente o nosso ser e o nosso agir. Ajudai-nos a retratar em nossa vida a vossa imagem, para que assim vos possamos possuir eternamente no céu.

E o vosso coração se alegrará! - 
Evangelho de Jo 16,20-23a

Em verdade, em verdade, vos digo: chorareis e lamentareis, mas o mundo se alegrará. Ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria. A mulher, quando vai dar à luz, fica angustiada, porque chegou a sua hora. Mas depois que a criança nasceu, já não se lembra mais das dores, na alegria de um ser humano ter vindo ao mundo. Também vós agora sentis tristeza. Mas eu vos verei novamente, e o vosso coração se alegrará, e ninguém poderá tirar a vossa alegria. Naquele dia, não me perguntareis mais nada.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Meu Cajueiro
Eu era adolescente quando li um belo conto: meu cajueiro, do escritor Humberto Campos. Comparei com a história de minha infância vivida nos galhos das goiabeiras, nos pés de jenipapo e de tamarindo. Foi meu primeiro contato refletido sobre o amor e a generosidade das árvores que, acolhedoras, me fizeram sonhar, sentindo-me um privilegiado comandante da nau de minha vida. Seus galhos eram braços e abraços... 
A ternura de suas sombras, a firmeza de seus troncos crescidos e ainda no ventre da mãe-terra, nascidos e não nascidos totalmente. Folhas soltas ao vento, cabelos verdes cuidados pelo sol, suas flores polinizadas pelas aves que nelas encontram seu néctar e a energia para suas experiências esvoaçantes. As flores se transformam em frutos, degustados pelas aves, insetos, pelos homens, e usados até como sucos. São lembranças adolescentes, guardadas no íntimo do coração ou na mente, que retira de seu arquivo, pedaços e momentos que compõem uma existência tornando-a unificada e com sentido do novo e do velho num só momento: o melhor momento, o momento presente.
Hoje a vida me trouxe milhares de árvores, encanto de meu olhar deslumbrado. Não há cajueiro, nem as árvores da minha infância. Elas moram em mim como amigas de aventuras passadas e venturas de uma idade de ouro tão bem vivida.

Contos de Paulo Motta
Livro: Memórias de um Seminarista.
O Espírito da Verdade - Jo 16,12-15 
Tenho ainda muitas coisas a vos dizer, mas não sois capazes de compreender agora. Quando ele vier, o Espírito da Verdade, vos guiará em toda a verdade. Ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo quanto tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu para vos anunciar. Tudo que o Pai tem é meu. Por isso, eu vos disse que ele receberá do que é meu para vos anunciar.

O Espírito orienta os discípulos à verdade de Jesus Cristo 
O Espírito Santo, dom do Pai e do Filho, tem por missão fazer, na comunidade cristã, a memória de Jesus Cristo, conduzindo os discípulos à verdade de Deus revelada em Cristo. Revelação do mistério de Deus e compreensão da parte do homem não são atos simultâneos; o Espírito da Verdade faz os discípulos compreenderem que o mistério de Deus já estava presente na vida de Jesus de Nazaré. Mas as palavras de Jesus não se limitam ao tempo de sua vida terrestre; o Ressuscitado continua a instruir os seus discípulos através do seu Espírito Santo. O Espírito continua e prolonga na história a missão e a palavra de Jesus. O Espírito “guia”, isto é, é ele quem orienta os discípulos à verdade de Jesus Cristo e é ele quem faz vir à luz o sentido das palavras do Senhor. Ele é “guia”, uma vez que é o apoio indispensável para conhecer o mistério de Deus revelado em Jesus. Assim como Jesus fala do que ouviu do Pai, o Espírito fala o que tiver ouvido, isto é, o que é do Pai e do Filho, e, ao mesmo tempo, ele abre o coração do discípulo para o futuro. O futuro, aqui, diz respeito ao testemunho que os discípulos, iluminados pelo Espírito Santo, darão de Jesus Cristo. Nenhuma das pessoas divinas vive para si mesma, por isso, o Espírito anuncia pela boca dos discípulos o que é de Cristo. 





terça-feira, 12 de maio de 2015

Oração 

O Espírito Santo prometido por Jesus aos seus discípulos e também concedido a nós, nos guia e encoraja na missão de sermos testemunhas do Ressuscitado. Peçamos a graça de compreendermos o mistério da vida de Cristo que a Palavra hoje nos apresenta: Senhor Jesus, dá-me um coração simples para compreender a riqueza de ensinamentos escondida em tua Palavra. Envia teu Espírito Santo para que eu não tenha medo de escutá-la e vivê-la conforme a tua vontade. Que a Palavra transforme o meu coração através da fé e confiança que eu deposito em ti. Amém. 



Evangelho - Jo 16,5-11
Agora, eu vou para aquele que me enviou, e nenhum de vós me pergunta: “Para onde vais?”. Mas, porque vos falei assim, os vossos corações se encheram de tristeza. No entanto, eu vos digo a verdade: é bom para vós que eu vá. Se eu não for, o Defensor não virá a vós. Mas, se eu for, eu o enviarei a vós. Quando ele vier, acusará o mundo em relação ao pecado, à justiça e ao julgamento. Quanto ao pecado: eles não acreditaram em mim. Quanto à justiça: eu vou para o Pai, de modo que não mais me vereis. E quanto ao julgamento: o chefe deste mundo já está condenado.


segunda-feira, 11 de maio de 2015

Mãe...  
  
Quero neste dia às mães consagrado
ter comigo toda a leveza pura do ar
para aos teus ouvidos com carinho levar
a melodia da Ave Maria de autor iluminado.

Hoje eu quero ter toda a ternura e emoção
de Jesus orando ao Pai em noite estrelada,
a paz serena de criança dormindo, amada
e a tranquilidade de um lago ouvindo canção.

Hoje quero te ver, mãe, entre as pinturas de Maria
por Rafael pintadas, cheias de graça e formosura.
Quero  ter a voz de pássaros cantando com ternura
um amor infinito, impulsivo como ondas em sinfonia.

Quero te abraçar e te beijar com piedoso carinho.
És, ó mãe, a face materna do amor de Deus,
Meu porto seguro nas horas dos medos meus.
O teu colo foi e ainda é para sempre meu ninho.

Antes de nascer já me amavas, em ti eu vivia.
Com tua vida me tecias no milagre da gestação.
Por meses teu sangue e tua alma eram a canção
pulsante em mim, vivíamos em total harmonia.

Meu maior elogio à tua condição de mãe
brotou dos lábios de uma mulher do povo
quando ouvindo o profeta de Nazaré:
 “Feliz o ventre que te gerou
e os seios que te amamentaram!”

Feliz és tu, mãe que geraste filhos
e que Deus os adotou como seus.

O Senhor está contigo! A tua lembrança, mãe, torna a vida
dos filhos mais belas. Recebe as flores belas no coração
plantadas, tão singelas mais perfumadas que as no jardim,
cativas,  pois são elas de gratidão e amor são vivas.

Mãe é assim: filho gerado, amor sempre lembrado.
Filho quando ausente, é  preocupação na mente.

Feliz dia das Mães!!! 

Paulo Motta
Dareis testemunho de mim - Jo 15,26–16,4a
Quando, porém, vier o Defensor que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim. E vós, também, dareis testemunho, porque estais comigo desde o começo. Eu vos disse estas coisas para que vossa fé não fique abalada. Sereis expulsos das sinagogas, e virá a hora em que todo aquele que vos matar, julgará estar prestando culto a Deus. Agirão assim por não terem conhecido nem ao Pai, nem a mim. Eu vos falei assim, para que vos recordeis do que eu disse, quando chegar a hora.

O Espírito Santo é dom do Pai e do Filho.
O Espírito Santo é um Defensor que procede do Pai pelo Filho. Ele defende Jesus no coração dos discípulos para que estes não esmoreçam ou desanimem diante da perseguição. Agindo nos discípulos, o Espírito Santo os defende do poder da tentação. A promessa do Espírito Santo tem por finalidade consolar os discípulos no contexto da paixão e morte de Jesus. O Espírito Santo é dom do Pai e do Filho. O Espírito Santo é Espírito da Verdade porque ensina e recorda as palavras de Jesus. Missão do Espírito é dar testemunho de Jesus, e por que ele “permanece” nos discípulos, estes também darão testemunho de Jesus. O Espírito da Verdade é dado para o testemunho (cf. At 1,8). Dando testemunho de Jesus Cristo, a comunidade cristã será perseguida, em primeiro lugar, pelos judeus, de cujas sinagogas os discípulos de Jesus serão expulsos. É o Espírito quem sustentará a comunidade para que não esmoreça diante da perseguição. Equívoco, pois pensam defender Deus, e falta de conhecimento de Deus são as causas da perseguição dos cristãos por parte dos judeus. Com essa instrução Jesus se apresenta como verdadeiro profeta, cuja palavra se realiza.


sexta-feira, 8 de maio de 2015

Afogar-se num copo de água


O provérbio popular se aplica às pessoas que diante de alguma dificuldade, a transformam num problema e então se agitam na busca de solução. Desproporcional a agitação com o fato a resolver.
“Os meus problemas são só grandes para mim”, diz um ditado. E o que dizer então de um adulto afogar-se num córrego de menos de três metros de largura e com água apenas chegando à altura do peito?
Mas foi o que aconteceu com um jovem seminarista de vinte anos. Ele acompanhava seis adolescentes que, sob a vigilância de um padre com seus metro e noventa de altura, foram tomar banho no córrego. Pulos pra lá, pulos pra cá, salto com ajuda de um bambu, mergulho na água, brincadeiras dentro do córrego, a brincadeira estava boa e dela todos participavam, menos o padre que só assistia.
De repente um garoto pergunta pelo professor. Outro diz: “Eu vi quando ele mergulhou para atravessar”. “Uai”! ...
Procuram que procuram, córrego abaixo, sempre de pé, pois dava pé em toda extensão. E, ei-lo no fundo do córrego. “Vamos tirar, segura, vamos”. O professor foi levado para fora da água.
O padre que acompanhava a turma, filho de médico, aplicou massagens, respiração boca-a-boca, nada adiantava, água pelas narinas, não houve jeito, o professor estava morto! Ninguém acreditava. “Como ninguém viu? Ele era tão grande, sabia nadar”.
Isso tudo aconteceu nas dependências do seminário salesiano da cidade do Pará de Minas-MG. Nesse córrego a meninada sempre tomava banho constantemente... Os banhistas tinham viajado em excursão. Eram do colégio salesiano de Vitória – ES e os garotos tinham ido para ver se queriam ficar no seminário. 
Eu era diretor do colégio de Vitória. Quando recebi a notícia, depois de muitas tentativas de ligação telefônica, finalmente consegui ouvir do colega padre que acompanhava a excursão a trágica notícia. Nesse mesmo instante, era meia noite, as luzes se apagaram e eu assustado vi diante de mim a figura do morto, de olhos fechados. 
Não morri. Parecia que o apagão tinha acontecido só para dar lugar à aparição... Pura impressão? Não sei dizer.
Acreditem se quiserem, mas eu passei por isso e aqui venho contar para vocês.

Contos de Paulo Motta
Livro: Memórias de um Seminarista
Amai-vos uns aos outros - Jo 15,12-17
Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. Não fostes vós que me escolhestes; fui eu que vos escolhi e vos designei, para dardes fruto e para que o vosso fruto permaneça. Assim, tudo o que pedirdes ao Pai, em meu nome, ele vos dará. O que eu vos mando é que vos ameis uns aos outros.
O amor é exigência de uma vida cristã autêntica.
Esta segunda parte do discurso parabólico da videira é uma meditação sobre o amor tipicamente cristão. O amor fraterno é exigência primordial da vida em Cristo. O texto do evangelho de hoje é enquadrado pelo tema principal dessa parte do discurso: o amor fraterno. Na origem do amor do Filho pelos discípulos está o amor de Deus pelo Filho. O Filho é portador do amor do Pai e, pela sua vida, inclusive a sua vida entregue, ele o manifesta a todo o mundo. O amor é exigência e condição de uma vida cristã autêntica, sem hipocrisias. A medida do amor fraterno é a medida do amor de Jesus pelos seus discípulos. No seu amor pelos seus, ele deu a sua própria vida (cf. Jo 13,1). Os “amigos” de Jesus são, além dos discípulos, os leitores do evangelho, nós todos, por quem o Senhor entregou a sua vida e revelou a verdadeira face do Pai. Os relatos de vocação do Doze, nos quatro evangelhos, mostram que a iniciativa do chamado é Jesus (v. 16; cf. Mc 1,16-20; 3,13-19; Jo 6,70). Para poder produzir fruto do amor fraterno, os que são escolhidos devem partir, aceitar serem enviados pelo Senhor para testemunhar seu amor. Nesse sentido, toda a comunidade cristã é missionária. 





quinta-feira, 7 de maio de 2015

Permanecei no meu amor - Jo 15,9-11


Como meu Pai me ama, assim também eu vos amo. Permanecei no meu amor. Se observardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu observei o que mandou meu Pai e permaneço no seu amor. Eu vos disse isso, para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa.

A fonte do amor é o Pai
Temos repetido algumas vezes: o amor do Filho por toda a humanidade é um amor “até o fim” (cf. Jo 13,1), um amor capaz de oferecer a própria vida em sacrifício (cf. Jo 10,17-18). O amor é o fruto esperado de quem permanece unido à videira verdadeira. A fonte do amor é o Pai. Com o mesmo amor com que o Pai ama o Filho, Jesus ama os seus discípulos (cf. Jo 13,1). O Pai ama criando o universo, gerando o Filho desde toda a eternidade, entregando-o à morte para que o mundo fosse salvo por ele (cf. Jo 3,16). A fonte da alegria dos discípulos está em se deixar in-habitar por esse dinamismo do amor divino. “Mandamento”, aqui, deve ser entendido como o conjunto dos ensinamentos de Jesus, expressos nas suas palavras e nos seus gestos. O amor a Jesus tem uma exigência prática: é imitando o Senhor e vivendo os seus ensinamentos que o discípulo é habitado por seu amor. O amor engaja a pessoa num compromisso de comunhão profunda com quem é amado. O amor assim vivido é o caminho da verdadeira felicidade. Aliás, não há forma de viver o amor que não suponha a entrega de si mesmo. É o amor que dá sentido à existência humana e a todas as coisas.


quarta-feira, 6 de maio de 2015

Conhecendo Dom Hélder


Realizava-se no Rio um encontro dos Conselhos Estaduais de Educação com o Conselho Federal.
Era presidente do Conselho Federal o arcebispo auxiliar do Rio Dom Hélder Câmara. Vindos de seus Estados os presidentes não tiveram ajuda para viagem e hospedagem. Espalharam-se pela cidade em seus diversos hotéis. O presidente do Conselho do Espírito Santo era eu, então padre salesiano, diretor do colégio da congregação em Vitória. Hospedado em Niterói no Colégio Santa Rosa, vinha ao Rio de barcas. No dia da reunião dos conselhos eu presidente capixaba cheguei ao local da reunião um pouco atrasado pelo desconhecimento do local.
Chegando ao enorme salão em forma de anfiteatro, abriu a cortina da porta do salão e percebi-o completamente lotado. A solenidade já havia começado. Permanecendo ao fundo de pé insistia em tentar achar uma poltrona vazia. Não havia. O jeito foi continuar de pé. Era um participante convidado mas a lotação completa do local indicava que ele assistiria a reunião de pé. E pior, era a única pessoa em tal condição. Eis senão quando o presidente da assembléia, Dom Helder se levanta vem até o fundo e me convida para ocupar sua poltrona de presidente, tomando-me pela mão. Para evitar o constrangimento, claro que recusei a oferta, agradecendo enquanto dizia que estava bem ali. Não demorou a aparecer uma cadeira. Mas o bispo presidente não voltou a assumir a mesa da presidência enquanto não viu seu colega sentado. O gesto do bispo era costumeiro em atender a todos com gentileza e carinho como a velhos amigos e como santo que era como a pessoa de Jesus.

Contos de Paulo Motta
Livro: Memórias de um seminarista.
Sem mim, nada podeis fazer! - Jo 15,1-8


Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não dá fruto em mim, ele corta; e todo ramo que dá fruto, ele limpa, para que dê mais fruto ainda. Vós já estais limpos por causa da palavra que vos falei. Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer. Quem não permanecer em mim será lançado fora, como um ramo, e secará. Tais ramos são apanhados, lançados ao fogo e queimados. Se permanecerdes em mim, e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será dado.

A comunhão com o Senhor


A encarnação do Verbo é iniciativa do Pai, por isso é que se diz que o Pai é o agricultor. Os ramos, por sua vez, dão fruto na medida em que estão unidos à videira. O nosso texto de hoje é uma alegoria. Jesus é o tronco ao qual os ramos, símbolo dos discípulos, estão ligados. Ligados à videira é que os ramos recebem a seiva que possibilita produzir bom fruto. Somente a videira pode dar vida aos ramos; somente Jesus pode dar verdadeira vida aos discípulos que nele produzem os frutos da caridade, do amor fraterno. Daí o apelo de Jesus de que os discípulos “permaneçam” nele. Nesses poucos versículos, o verbo “permanecer” aparece oito vezes. Com isso é apresentado o tema importante do trecho que estamos considerando: trata-se de aceitar se deixar in-habitar por Jesus e por sua palavra e viver a vida nele. Característica do discípulo é a comunhão com o Senhor.