Um autor, dois livros
Um exemplo de bom
cronista moderno
Vário do Andaraí é um
taxista-autor ou um taxista-autor, para ficar de saída com algo que muito
agrada a ele: a intertextualidade. Aqui, já remetemos ao autor-defundo ou
defundo-autor que tão inusitadamente surgiu com Machado de Assis, no Memórias
Póstumas de Brás Cubas.
Vário do Andaraí é
motorista de táxi no Rio de Janeiro, motorista noturno, como ele mesmo diz. Com
argúcia e sensibilidade à flor da pele, observa baudelairmente e/ou zolamente
toda a movimentação da cidade maravilhosa, da capital Maceió (crônica Resta Um)
e de outras cidades do mundo, como Praga (crônica GO) e Buenos Aires, essa nas
páginas de Jorge Luís Borges, (crônicas Chaturanga), captando delas as nuances,
as aventuras, as “guerrilhas” urbanas, as sacanagens, a libidinagem, os amores
e suores, enfim, a vida da e na grande metrópole.
Não, não se está
comparando Vário com Baudelaire ou Zola, apenas mostrando que a câmera que
flagra os movimentos é semelhante. Se Vário um dia será Baudelaire ou Zola não
tem a menor importância, porque Vário é Vário do Andaraí e nos passa a vida
como ela realmente acontece neste século XXI no seu, no nosso mundo.
Vário do Andaraí é
autor novo e recente, deu-nos, por enquanto, apenas dois livros: A máquina de
revelar destinos não cumpridos, de 2010, segundo lugar no Prêmio Jabuti 2011,
categoria crônicas, e Passatempos, de 2012.
Autor: Leo Rícino
Revista: Literatura
pg. 10
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