segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O JOVEM E O MUNDO


“Navigare necesse; vivere non est necesse”, esta frase de Pompeu, general romano (106-48 a.C), e que virou poesia dita apropriadamente pelo Mestre Fernando Pessoa: “Navegar é preciso e viver não é preciso”, continua atualíssima e bem reflete o gosto de certos jovens em ganhar o mundo. O filme Na Natureza Selvagem (2007), de Sean Penn, narra as aventuras reais de Chiris McCandless, que saiu pelos EUA, até seu último suspiro. Não estou bem certo, mas me parece que o McCandless real morreu como gostaria. Em trânsito, perdido nalgum lugar da Terra...
A internet costuma ser um excelente canal para quem quer rodar o mundo com mais segurança e não perder a vida por conta disso. Contraditoriamente, programas como o Google Earth e o Google Street View vêm encurtando espaços e muitos adolescentes se contentam em conhecer nosso planeta, sem sair da tranqüilidade do lar e, mais especificamente, sem sair diante da tela do computador. O que não é nada positivo.
Até o final do século 20 era comum, jovens mochileiros partindo em aventuras solo por aí, sem família ou sequer algum tipo de grupo a vigiar-lhe os passos. Isso reafirmava pactos de independência, ritos de passagem na busca de uma afirmação maior diante dos outros e até de si mesmo. Era hora de alçar vôo próprio, ainda que este “próprio” contasse com o dinheiro do pai ou da mãe. Lógico, a independência não se faz viajando, porém trabalhando e estudando, contudo a estrada, o mar ou os céus costumam ser vias de aprendizado tão ou mais importantes do que muitos livros.

Autor: Antero Leivas
Revista: Psicologia e vida

Pg. 47

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