Maria
de Magdala se encontra com o Cristo Ressuscitado
A ressurreição de
Jesus é o primeiro dia da Nova Criação. Os eventos após a ressurreição e as
várias aparições de Jesus para seus discípulos e amigos são usados na liturgia
para nos ajudar a compreender o significado desse Mistério fundamental de nossa
fé.
Vimos como Jesus
morreu no dilema não-resolvido entre identificação com a condição humana e
perda da união pessoal com o Pai ao sacrifício de Jesus. Ela abriu para nós,
como também para ele, uma vida totalmente nova. É o momento decisivo na
história humana: como resultado, a união divina é agora acessível a todo ser
humano.
A primeira cena da
ressurreição se passa num contexto cósmico. Do ponto de vista bíblico, o jardim
em que se situou o sepulcro de Jesus nos lembra o Jardim do Éden. Os dois
jardins se justapõem: no primeiro, a família humana, nas pessoas de Adão e Eva,
perdeu a intimidade e a amizade com Deus; no segundo, Maria de Magdala (da qual
Jesus expulsara sete demônios...) aparece como primeira receptora da boa nova
de que a intimidade e a união com Deus estão disponíveis de novo.
Livro Mistério de Cristo pág. 105-106
Autor: Thomas Keating
O ídolo e a Idolatria
“Um ídolo é
antes de mais nada um objeto. Ele pode servir tanto para adoração quanto para
destruição”. Gilberto Nunes
“Antes se
precisava lutar, aprender algum instrumento, interpretar, cantar, construir...
Hoje, basta mostrar a bunda num reality show. Pronto! Está feito ídolo”. Luis
Branco
A idolatria em
excesso pode tornar-se perigosa, como no caso histórico dos quase mil fiéis ao
pastor Jim Jones, que em 1978 cometeram um suicídio em massa na Guiana Francesa
graças à uma ordem do religioso.
Segundo
pesquisa recente, a idolatria exacerbada é inerente ao ser humano, pois estamos
sempre insatisfeitos com a própria vida e precisamos buscar algo mais. No caso
de ídolos divinos ligados à religião. Já quando idolatramos alguém é porque
gostaríamos de SER aquela tal pessoa e, aí, o caos está instalado. Nos
idólatras, a mola propulsora é sua insatisfação pessoal, nos idolatrados é a
busca insana por fama e fortuna. Isso explica o sucesso de reality shows e
programas como American idol e Fama. Fato é que não há opressor se oprimido,
assim como não há adorador sem objeto de adoração. Como Deus e o diabo um não
existe sem o outro. E em todas as áreas há ídolos. Quer seja na profissional,
cultural e até amorosa. O ser humano ainda precisa dos astros e das estrelas
como símbolos de suas incertezas. Ele precisa adorar o firmamento, desejar
aquilo que não alcança ou supõe não alcançar.
O século 21
vem se apresentando como um celeiro de ídolos diversificados. A juventude,
principalmente é responsável pelo delírio que a fama causa. Basta ir a um show
de quaisquer destes grupos teen para entender perfeitamente o que é a
idolatria. Como num templo ou numa seita de fanáticos, se ouvem gritos, se
observam pulos e até choros desesperados. Tudo para, se possível, tocar um leve
segundo em seu ‘alvo’ adorado, mesmo que este não perceba. Muitos
colecionadores, inclusive, começam essa atividade acumulando objetos de uso
pessoal ou ligados a tais celebridades. Somos seres em escala evolutiva, mas
alguns costumes não mudam. Adorar e cometer atos de violência parecem costumes
tão atuais quanto primitivos. Olhar de forma mais transtornada, correr para
ouvir um música ou vibrar exageradamente ao comemorar um ponto ou um gol são
sintomas de idolatria.
Revista:
Psicologia & vida
O SENTIDO DA VIDA
O sentido da vida: não há pergunta que
se faça com maior angústia, e parece que todos são por ela assombrados de vez em quando.
Valerá a pena viver?
A gravidade da pergunta se revela na gravidade da resposta. Porque não é raro
vermos pessoas mergulhadas nos abismos da loucura, ou optarem voluntariamente
pelo abismo do suicídio por terem obtido uma resposta negativa. Outras pessoas,
como observou Camus, se deixam matar por idéias ou ilusões que lhes dão razões
para viver: boas razões para viver são também boas razões para morrer.
Mas o que é isto, o sentido da vida?
O sentido da vida é algo que se
experimenta emocionalmente, sem que se saiba explicar ou justificar. Não é algo
que se construa, mas algo que nos ocorre de forma inesperada e não preparada, como
uma brisa suave que nos atinge, sem que saibamos donde vem nem para onde vai, e
que experimentamos como uma intensificação da vontade de viver a ponto de nos
dar coragem para morrer, se necessário for, por aquelas coisas que dão à vida o
seu sentido. É uma transformação de nossa visão do mundo, na qual as coisas se
integram como em uma melodia, o que nos faz sentir reconciliados com o universo
ao nosso redor, possuídos de um sentimento oceânico – na poética expressão de
Romain Rolland -, sensação inefável de eternidade e infinitude, de comunhão com
algo que nos transcende, envolve e embala, como se fosse um útero materno de
dimensões cósmicas.
Ver um mundo em um grão de areia
e um céu numa flor silvestre,
segurar o infinito na palma da mão
e a eternidade em uma hora
(Blake)
Mas o sentido da vida não é um fato.
Num mundo ainda sob o signo da morte, em que os valores mais altos são
crucificados e a brutalidade triunfa, é ilusão proclamar a harmonia com o
universo, como realidade presente. A experiência religiosa, assim, depende de
um futuro. Ela se nutre de horizontes utópicos que os olhos não viram e que só
podem ser contemplados pela magia da imaginação. Deus e o sentido da vida são
ausências, realidades por que se anseia, dádivas da esperança. E talvez seja
esta a grande marca da religião: a esperança. E talvez possamos afirmar, com
Ernest Bloch: “Onde está a esperança, ali também está a religião.”
Autor: Rubem Alves
Livro: Transparências da eternidade
Arnold Toynbee ensina que o homem
deveria viver para amar, compreender e criar. Deveria empregar toda a sua
habilidade e força, sacrificando-se, se necessário fosse, para a consecução
desses três objetivos. Qualquer coisa valiosa pode exigir sacrifício. Valor
absoluto é aquele que dá significado à vida humana e é capaz de superar o
egocentrismo inerente ao homem. O amor transforma o sentido de hostilidade.
A privação ou a renúncia ao amor em
termos individuais tem inspirado alguma atitudes de manifestações de amor à
humanidade ou ao ser supremo, de um fluxo em outra direção e com outro
objetivo, quando comparado ao amor trocado diretamente entre duas pessoas. Ao
poeta Dante foi negado tanto o amor de Beatriz, como o de sua cidade natal,
Florença. Em suas cartas do exílio, assinava: “Dante de Florença injustamente
exilado”Após a morte de Beatriz e ainda no exílio ofereceu ao mundo a DIVINA
COMÉDIA.
Texto: A sociedade do futuro
Zahar editores
OS NOVOS TIRANOS
Na China, eles são chamados de “os
pequenos imperadores”. É a geração nascida após junho de 1979, quando o governo
chinês instituiu a política de um filho por casal para conter a ameaça de uma
iminente explosão populacional. Desde então, quem tem um segundo filho é
obrigado a abortá-lo. A estratégia evitou o nascimento de cerca de 250 milhões
de chineses, segundo a fundação China Development Research. E a bomba
demográfica foi desativada: em 1975, 73% dos casais do país tinham mais de um
filho. Em 1983, esse índice já murchara para 9% - e isso porque o governo deu
uma colher de chá nas regiões rurais, permitindo um segundo filho, às vezes.
Mas o controle radical de natalidade teve um preço.
Segundo a opinião pública local, a
nova geração de chineses é mimada, egoísta e pouco chegada ao trabalho. Em
janeiro, essa impressão foi confirmada pela primeira vez por uma pesquisa
científica. O estudo australiano, publicado na revista Science, já dá uma ideia
de suas conclusões no título: Pequenos Imperadores. “O contraste entre as
gerações é grande, mesmo separadas por apenas dois anos”, disse à GALILEU Lisa
Cameron, economista da Monash University (Austrália) e coautora do estudo.
A pesquisa foi feita em Pequim com 421
chineses nascidos entre 1975 e 1983 – quatro anos antes e quatro depois da
medida. Usando jogos, os pesquisadores mediram o grau de altruísmo, confiança,
aversão ao risco e senso de competição dos jogadores. Nem teste de aritmética,
por exemplo, o jogador podia realizá-lo sozinho, com premiação modesta, ou em
equipe, com um prêmio gordo. Os filhos únicos geralmente preferiam a primeira
alternativa. “Descobrimos que eles raramente falaram com os pais na infância
sobre solidariedade”, diz Lisa, que, a propósito, tem duas irmãs.
Revista: Galileu
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