segunda-feira, 20 de julho de 2015

Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado 
tantas retaliações, tanto perigo 
eis que ressurge noutro o velho amigo 
nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado 
com olhos que contêm o olhar antigo 
sempre comigo um pouco atribulado 
e como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano 
sabendo se mover e comover 
e a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
que só se vai ao ver outro nascer
e o espelho de minha alma multiplica...

Vinicius de Moraes

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