“Comerás o pão com o suor de teu rosto”,
foi a sentença divina quando o paraíso
perdeu o pai de toda a humanidade.
Castigo é o que é dado como castigo,
mas o trabalho quando adequado
é gostoso e rende momentos de satisfação,
ainda mais quando se trabalha em grupo,
não há quem não reconheça, mesmo as crianças.
Fui ajudante de padeiro desde meus nove
anos, tudo fazendo no processo do pão.
Pela manhã bem fria saia quentinho o pão
para o café das famílias com seus filhos,
mas lá em casa comíamos pão dormido
recebido de véspera, como meu pagamento.
A mim se aplicariam os versos do poeta
romano quando escreveu na praça versos
de que um pilantra da autoria se apoderou:
“Sic vos non vobis, sic vos non vobis”
Assim vós produzis não para vós, criança.
Mas eu era feliz, mesmo sendo explorado
no trabalho pouco adequado a uma criança.
Mas a saudade desse tempo já passado ainda
é o pão de minha vida, como as raízes da árvore.
Autor: Paulo Motta
Livro: Memórias de um Seminarista
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