Foi minha resposta
Quando fui professor da Universidade Federal de Goiás acompanhei um senador João Calmon, meu contemporâneo e amigo, à Reitoria para uma entrevista.
Na antessala o chefe de gabinete do reitor mantinha uma conversa, ora com o senador, ora comigo que o acompanhava. A certa altura endereçando-se a mim disse: “O senhor sabe por que perdeu seu cargo de confiança?” Respondi: Não, não sei nem procurei saber. Quando toma posse um novo Reitor todos os cargos em comissão são postos à disposição. O que eu fiz, pois saiba que foi a pedido meu que o reitor o demitiu, para lhe dar a paga da minha expulsão do seu colégio. Eu me assustei com a informação porque sequer sabia o nome de meu interlocutor e muito menos que ele teria sido expulso e menos ainda o fato que teria dado motivo para tão grave castigo. Ainda foi perguntando ao Secretário do reitor se ele ainda tinha a caderneta escolar com a assinatura do nome do diretor e qual teria sido a falta cometida. A nada respondeu. Entendi: vingança gratuita para com o responsável pelo colégio. Disse a ele que me fizera um favor, pois voltei à sala de aula onde era meu lugar por conquista, através de concurso público e ali estava imune às iras de cupinchas parentes encastelados no poder.
Há acontecimentos em nossa vida que nos causam estranheza, tanto pelo conhecimento posterior de fatos ignorados como pela atribuição de responsabilidade por atos alheios.
A estória tem dessas peças que levam nosso nome e nelas nossa participação destituída de verdade. E então? Como dizia José Maria Alkmim: em política o que interessa não são os fatos, mas a versão dos fatos. “E la vita se ne va, cantando se ne va, paura non ho, non rido, non piango, non ci penso più”, traduzindo: E assim vai a vida, catando se vai, medo não tenho, não choro, não penso mais nisso” de Tiziano Ferro.
Contos de Paulo Motta
Livro: Memórias de um Seminarista
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