sexta-feira, 24 de julho de 2015

PEQUENO PADEIRO


“Comerás o pão com o suor de teu rosto”,
foi a sentença divina quando o paraíso
perdeu o pai de toda a humanidade.
Castigo é o que é dado como castigo,
mas o trabalho quando adequado
é gostoso e rende momentos de satisfação,
ainda mais quando se trabalha em grupo,
não há quem não reconheça, mesmo as crianças.
Fui ajudante de padeiro desde meus nove
anos, tudo fazendo no processo do pão.
Pela manhã bem fria saia quentinho o pão
para o café das famílias com seus filhos,
mas lá em casa comíamos pão dormido
recebido de véspera, como meu pagamento.
A mim se aplicariam os versos do poeta
romano quando escreveu na praça versos
de que um pilantra da autoria se apoderou:
“Sic vos non vobis, sic vos non vobis”
Assim vós produzis não para vós, criança.
Mas eu era feliz, mesmo sendo explorado
no trabalho pouco adequado a uma criança.
Mas a saudade desse tempo já passado ainda
é o pão de minha vida, como as raízes da árvore.

Autor: Paulo Motta 
Livro: Memórias de um Seminarista

A parábola do semeador - Mt 13,18-23
Vós, portanto, ouvi o significado da parábola do semeador. A todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a compreende, vem o Maligno e rouba o que foi semeado em seu coração; esse é o grão que foi semeado à beira do caminho. O que foi semeado nas pedras é quem ouve a palavra e logo a recebe com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, é de momento: quando chega tribulação ou perseguição por causa da palavra, ele desiste logo. O que foi semeado no meio dos espinhos é quem ouve a palavra, mas as preocupações do mundo e a ilusão da riqueza sufocam a palavra, e ele fica sem fruto. O que foi semeado em terra boa é quem ouve a palavra e a entende; este produz fruto: um cem, outro sessenta e outro trinta.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

O DESTINO
Que é o destino, que compele o ser 
humano aonde chegar, queira ou não?
Se você nele acredita, não o espere
a cada dia quando sai de casa para
segui-lo. Mas antes desconfie dele
e caminhe por você, construindo-o
a cada dia com seus atos, escolhidos
livremente. Do contrário será feito
da mesma matéria da não-matéria
e você terá perdido o timão
do barco da sua vida.
Que pena!...
Poesias de Paulo Mota 
Livro: Ao Entardecer
Evangelho - Mt 13,10-17
Os discípulos aproximaram-se e disseram a Jesus: "Por que lhes falas em parábolas?" Ele respondeu: "Porque a vós foi dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não. Pois a quem tem será dado ainda mais, e terá em abundância; mas a quem não tem será tirado até o que tem. Por isto eu lhes falo em parábolas: porque olhando não enxergam e ouvindo não escutam, nem entendem. Deste modo se cumpre neles a profecia de Isaías: 'Por mais que escuteis, não entendereis, por mais que olheis, nada vereis. Pois o coração deste povo se endureceu, e eles ouviram com o ouvido indisposto. Fecharam os seus olhos, para não verem com os olhos, para não ouvirem com os ouvidos, nem entenderem com o coração, nem se converterem para que eu os pudesse curar'. Felizes são vossos olhos, porque veem, e vossos ouvidos, porque ouvem! Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que estais vendo, e não viram; desejaram ouvir o que estais ouvindo, e não ouviram.



quarta-feira, 22 de julho de 2015


A mim a criança ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me para todas as coisas que há
nas flores. Mostra-me como as pedras são
engraçadas quando a gente as tem na mão
e olha devagar para elas. A Criança Eterna
acompanha-me sempre. A direção do meu olhar
é o seu dedo apontando. O meu ouvido atento 
alegremente a todos os sons são as cócegas que ela me faz, brincando nas orelhas.
Ela dorme dentro da minha alma
e às vezes acorda de noite e brinca com os meus sonhos. Vira uns de perna para o ar. 
Põe uns em cima dos outros
e bate as palmas sozinho
sorrindo para o meu sono...
A Criança Nova que habita onde vivo
dá-me uma mão a mim e a outra a tudo que existe
e assim vamos os três pelo caminho que
houver, saltando e cantando e rindo
e gozando o nosso segredo comum
que e o de saber por toda a parte
que não há mistério no mundo
e que tudo vale a pena.

Rubem Alves 
22 de Julho - Santa Maria Madalena
Magdala — aldeia situada na margem ocidental do lago de Genesaré, na Galileia — é a terra natal de Maria, denominada propriamente de Madalena, que se distingue totalmente da outra Maria, a de Betânia, irmã de Lázaro e Marta.
Maria Madalena é a fiel discípula que segue o mestre da Galileia à Judeia junto com muitas outras mulheres, que entregavam seus haveres a Jesus e aos apóstolos. É ainda ela quem está ao lado de Maria, a Mãe de Jesus, junto à cruz, compartilhando as dores da crucificação e a morte do Filho. É também quem permanece em vigília amorosa na madrugada do primeiro dia e é a primeira a correr ao sepulcro.
Aquela que, em seu ardente amor, foi premiada pelo Ressuscitado, que se fez conhecer pronunciando-lhe apenas o nome, com se faz com quem é familiar: "Maria!". É a ela que o Salvador confia o grande anúncio da ressurreição: "Vai a meus irmãos e dize-lhes que Subo a meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus".
Esta é a Madalena que a Igreja hoje comemora, com presença obrigatória no calendário geral. Anteriormente, a liturgia ocidental — influenciada pelos escritos de são Gregório Magno e pela identidade de nome — confundira numa só pessoa Maria de Betânia e Maria de Magdala. Tal identificação fora sempre recusada pela tradição da igreja oriental e pelos escritos dos padres gregos. Com ambos está concorde agora o novo Calendário romano.
Constitui pura lenda a viagem e a estada de Madalena na Gália. Segundo uma antiga tradição grega, Maria Madalena teria ido viver em Éfeso junto à mãe de Jesus e ao apóstolo João.

http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=santo#ixzz3gcYirC89 

terça-feira, 21 de julho de 2015


“Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais...”


Rubem Alves
Engula o papel
A meninada internada é um desafio à paciência e à autoridade. E quando eles colocam apelidos? E como colam... No salão de estudos o professor assistente viu um menino passar um bilhete para um colega. Desceu de seu pedestal e requisitou o bilhete. Os meninos ficaram apavorados. O conteúdo escrito falava do assistente, chamando-o pelo seu apelido Fedegoso e dizendo que ele estava bravo. Parecia que tudo voltara ao normal. Mas os dois garotos estavam com a pulga atrás da orelha, conheciam o professor e tinham certeza que aquilo acabaria mal. Como, não imaginavam a noite, feita a higiene todos foram para suas camas. Quando a turma adormeceu o professor acordou o escritor do bilhete e o levou ao lavatório. Puxou do bolso o fatídico bilhete e em seguida entregou ao menino dizendo: Engula isso. O garoto começou a chorar. Como vou comer papel? Se vire, é coisa sua. Para facilitar, molhe o papel que fica mais fácil. Não deu outra, o réu teve que obedecer e engolir.
Assisti à cena e fiquei abismado com a ação do colega. Coisas assim fazem do internato uma prisão e dos educadores chefes de penitenciária. O gênio do colega era esquisito. Caladão e de poucas palavras. Mas eu me pergunto se o posto de superior não deve combinar com a estima e compreensão dos educandos, inda mais como um discípulo de Dom Bosco.

Contos de Paulo Motta
Livro: Memórias de um seminarista
Evangelho - Mt 12,46-50

Enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. Alguém lhe disse: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar contigo”. Ele respondeu àquele que lhe falou: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?”. E, estendendo a mão para os discípulos, acrescentou: “Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. 





segunda-feira, 20 de julho de 2015

Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado 
tantas retaliações, tanto perigo 
eis que ressurge noutro o velho amigo 
nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado 
com olhos que contêm o olhar antigo 
sempre comigo um pouco atribulado 
e como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano 
sabendo se mover e comover 
e a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
que só se vai ao ver outro nascer
e o espelho de minha alma multiplica...

Vinicius de Moraes
Evangelho - Mt 12,38-42

Alguns escribas e fariseus disseram a Jesus: “Mestre, queremos ver um sinal da tua parte”. Ele respondeu-lhes: “Uma geração perversa e adúltera busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal do profeta Jonas. De fato, assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem estará três dias e três noites no seio da terra. No dia do Juízo, os habitantes de Nínive se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão, pois eles mostraram arrependimento com a pregação de Jonas, e aqui está quem é mais do que Jonas. No dia do Juízo, a rainha do Sul se levantará juntamente com esta geração e a condenará; pois ela veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão, e aqui está quem é mais do que Salomão”.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

ORAÇÃO 

Em sua oração dirigida ao Pai, Jesus expressa o louvor pelos pequenos que foram capazes de o acolher como dom do Pai e reconhecer a relação filial que o une ao Pai. Que possamos ao longo do nosso dia acolher o Senhor e entoar o nosso louvor pela sua presença em nossa vida. 
Divino Espírito Santo, necessitamos muito de vossa ajuda para conhecer o caminho que devemos seguir. Temos necessidade de vós, para que o nosso coração, inundado pela vossa consolação, se abra e que, muito além das palavras e dos conceitos, possamos perceber a vossa presença. Iluminai a nossa mente, movei o nosso coração, para que esta meditação produza em nós frutos de vida. Amém. 

15 de Julho - São Boaventura

Frei Boaventura era italiano, nasceu no ano de 1218, na cidade de Bagnoregio, em Viterbo, e foi batizado com o nome de João de Fidanza. O pai era um médico conceituado, mas, como narrava o próprio Boaventura, foi curado de uma grave enfermidade ainda na infância por intercessão de são Francisco.
Aos vinte anos de idade, ingressou no convento franciscano, onde vestiu o hábito e tomou o nome de Boaventura dois anos depois. Estudou filosofia e teologia na Universidade de Paris, na qual, em 1253, foi designado para ser o catedrático da matéria. Também foi contemporâneo de Tomás de Aquino, outro santo e doutor da Igreja, de quem era amigo e companheiro.
Boaventura buscou a Ordem Franciscana porque, com seu intelecto privilegiado, enxergou nela uma miniatura da própria Igreja. Ambas nasceram contando somente com homens simples, pescadores e camponeses. Somente depois é que se agregaram a elas os homens de ciências e os de origem nobre. Quando frei Boaventura entrou para a Irmandade de São Francisco de Assis, ela já estava estabelecida em Paris, Oxford, Cambridge, Estrasburgo e muitas outras famosas universidades européias.
Essa nova situação vivenciada pela Ordem fez com que Boaventura interviesse nas controvérsias que surgiam com as ordens seculares. Opôs-se a todos os que atacavam as ordens mendicantes, especialmente a dos franciscanos. Foi nesta defesa, como teólogo e orador, que teve sua fama projetada em todo o meio eclesiástico.
Em 1257, pela cultura, ciência e sabedoria que possuía, aliadas às virtudes cristãs, foi eleito superior-geral da Ordem pelo papa Alexandre IV. Nesse cargo, permaneceu por dezoito anos. Sua direção foi tão exemplar que acabou sendo chamado de segundo fundador e pai dos franciscanos. Ele conseguiu manter em equilíbrio a nova geração dos frades, convivendo com os de visão mais antiga, renovando as Regras, sem alterar o espírito cunhado pelo fundador. Para tanto dosou tudo com a palavra: para uns, a tranquilizadora; para outros, a motivadora.
Alicerçado nas teses de santo Agostinho e na filosofia de Platão, escreveu onze volumes teológicos, procurando dar o fundamento racional às verdades regidas pela fé. Além disso, ele teve outros cargos e incumbências de grande dignidade. Boaventura foi nomeado cardeal pelo papa Gregório X, que, para tê-lo por perto em Roma, o fez também bispo-cardeal de Albano Laziale. Como tarefa, foi encarregado de organizar o Concílio de Lyon, em 1273.
Nesse evento, aberto em maio de 1274, seu papel foi fundamental para a reconciliação entre o clero secular e as ordens mendicantes. Mas, em seguida, frei Boaventura morreu, em 15 de julho de 1274, ali mesmo em Lyon, na França, assistido, pessoalmente, pelo papa que o queria muito bem.
Foi canonizado em 1482 e recebeu o honroso título de doutor da Igreja. A sua festa litúrgica ocorre no dia se sua passagem para a vida eterna.

terça-feira, 14 de julho de 2015

O cigano enganou
        Minha tia muito religiosa ia à missa todo domingo a cavalo, pois a igreja distava 8 Km de sua casa. Montada em seu cavalo ela ia sozinha rezando seu terço pela estrada.
Certa vez apareceram uns ciganos no povoado com alguns cavalos para negócio. Sabendo do caso dessa senhora, propuseram a ela uma troca de seu cavalo por outro bem manso que para ela era ideal. Sem ajuda de ninguém a tia aceitou o negócio.
Um dia ela me pediu para levar um objeto lá para os padres. Lá vou eu, menino de onze anos no cavalo da tia. Nesse caminho me aconteceram dois fatos. Primeiro havia uma encruzilhada e eu duvidando do caminho a seguir, pensei: esse animal vem aqui toda semana. Vou soltar as rédeas e ele seguirá pelo caminho certo. Enganei-me... Andei bom tempo até descobrir que errara a estrada, o que uma pessoa me confirmou. Tive que voltar até a encruzilhada, mas, com vontade de dar uma surra no animal. 
Em seguida, já na estrada certa, o danado se assustou com um anu preto. Empinou e me jogou ao chão. Foi o bastante... Pensei: deixa-me voltar em casa e ele vai ver o que é bom ser burro e não cavalo. Mas quando voltei pensando como o adulto e não como menino, fui examinar aquele cavalo manso e aí, constatei que ele era cego de um olho. Estava explicado, contei pra tia o que eu tinha descoberto e ela nem quis acreditar.
Quem negocia com cigano fica sempre na mão e passa por otário. Mas não é?

Contos de Paulo Motta
Livro: Memórias de um Seminarista
Evangelho - Mt 11,20-24

Então Jesus começou a censurar as cidades nas quais tinha sido realizada a maior parte de seus milagres, porque não se converteram. “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Se em Tiro e Sidônia se tivessem realizado os milagres feitos no meio de vós, há muito tempo teriam demonstrado arrependimento, vestindo-se de saco e cobrindo-se de cinza. Pois bem! Eu vos digo: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura do que vós. E tu, Cafarnaum! Acaso serás elevada até o céu? Até o inferno serás rebaixada! Pois se os milagres realizados no meio de ti se tivessem produzido em Sodoma, ela existiria até hoje! Eu, porém, te digo: no dia do juízo, Sodoma terá uma sentença menos dura do que tu!”.




quinta-feira, 9 de julho de 2015

VIDA

  Transmitida
Concebida
Desenvolvida
Nascida
Acolhida
Instruída
Reunida
Curtida
Definida
Percebida
Vivida
Querida
Incontida
Acontecida
Enriquecida
Definida
Evoluída
Consentida
Aborrecida
Incluída
Despedida
Imerecida
Entristecida
Sentida
Sofrida
Partida
Perdida
Reconstruída
Envelhecida
Enriquecida
Esquecida
Despedida
Contida
Escapulida
Ressurgida.
Volvida à Vida

Poesias de Paulo Motta 
Livro: Ao Entardecer
Foi minha resposta

Quando fui professor da Universidade Federal de Goiás acompanhei um senador João Calmon, meu contemporâneo e amigo, à Reitoria para uma entrevista.
Na antessala o chefe de gabinete do reitor mantinha uma conversa, ora com o senador, ora comigo que o acompanhava. A certa altura endereçando-se a mim disse: “O senhor sabe por que perdeu seu cargo de confiança?” Respondi: Não, não sei nem procurei saber. Quando toma posse um novo Reitor todos os cargos em comissão são postos à disposição. O que eu fiz, pois saiba que foi a pedido meu que o reitor o demitiu, para lhe dar a paga da minha expulsão do seu colégio. Eu me assustei com a informação porque sequer sabia o nome de meu interlocutor e muito menos que ele teria sido expulso e menos ainda o fato que teria dado motivo para tão grave castigo. Ainda foi perguntando ao Secretário do reitor se ele ainda tinha a caderneta escolar com a assinatura do nome do diretor e qual teria sido a falta cometida. A nada respondeu. Entendi: vingança gratuita para com o responsável pelo colégio. Disse a ele que me fizera um favor, pois voltei à sala de aula onde era meu lugar por conquista, através de concurso público e ali estava imune às iras de cupinchas parentes encastelados no poder. 
Há acontecimentos em nossa vida que nos causam estranheza, tanto pelo conhecimento posterior de fatos ignorados como pela atribuição de responsabilidade por atos alheios.
A estória tem dessas peças que levam nosso nome e nelas nossa participação destituída de verdade. E então? Como dizia José Maria Alkmim: em política o que interessa não são os fatos, mas a versão dos fatos. “E la vita se ne va, cantando se ne va, paura non ho, non rido, non piango, non ci penso più”, traduzindo: E assim vai a vida, catando se vai, medo não tenho, não choro, não penso mais nisso” de Tiziano Ferro.

Contos de Paulo Motta 
Livro: Memórias de um Seminarista

quarta-feira, 8 de julho de 2015

MONOTONIA










O mesmo tônus no dia, na vida.
A vida é dinâmica, mas passa a ser
estática, tendo a mesmice como pauta.
Os dias passam lentos sempre iguais, 
na mesma espera inútil e vazia de algo
que venha do exterior e mesmo vindo,
a apatia impede de sentir os pássaros cantarem,
a chuva cair lenta ou forte, inundando tudo,
o nascer e o por do sol, espetáculo diário.

A monotonia é um cárcere interior
que leva à solidão; os sonhos vêm, os sonhos vão.
Como retirar a poeira num banho de atividade
que faça a vida ter sentido de dança
das horas na atividade de cada momento?
Veja-se no espelho e veja seu outro eu, disposto
a caminhar com você na alegria da vida,
transformando o tédio em melodia. Cante!

Poesias de Paulo Motta
Livro: Ao Entardecer
O chamado dos doze discípulos - Mt 10,1-7

Chamando os doze discípulos, Jesus deu-lhes poder para expulsar os espíritos impuros e curar todo tipo de doença e de enfermidade. Estes são os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, chamado Pedro, e depois André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor de Jesus. Jesus enviou esses doze, com as seguintes recomendações: "Não deveis ir aos territórios dos pagãos, nem entrar nas cidades dos samaritanos! Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! No vosso caminho, proclamai: 'O Reino dos Céus está próximo'. 

terça-feira, 7 de julho de 2015


”Quando você encontrar a outra metade da sua alma, você vai entender porque todos os outros amores deixaram você ir. Quando você encontrar a pessoa que realmente merece o seu coração, você vai entender porque as coisas não funcionaram com todos os outros.”
Rubem Alves
A compaixão pelas multidões - Mt 9,32-38

Enquanto os cegos estavam saindo, as pessoas trouxeram a Jesus um possesso mudo. Expulso o demônio, o mudo começou a falar. As multidões ficaram admiradas e diziam: “Nunca se viu coisa igual em Israel”. Os fariseus, porém, diziam: “É pelo chefe dos demônios que ele expulsa os demônios”. Jesus começou a percorrer todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, proclamando a Boa-Nova do Reino e curando todo tipo de doença e de enfermidade. Ao ver as multidões, Jesus encheu-se de compaixão por elas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse aos discípulos: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua colheita!”.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

ESPELHO DAS ÁGUAS


Viajam as nuvens às águas de um lago 
sereno, abraçadas em delírio de amor.
E tu menina, de repente te vês
dentro das águas também, talvez
à espera de um menino ao teu encontro.
Não sabes se o que sentes é sonho ou não. 
Se realidade, certo que te sentes feliz.
Há mais vida, mais carinho, fora e dentro
de ti e das águas em marolas, onde também estás.
O tempo passa e tu, estática, nem percebes 
que deves acordar dessa união, delírio 
ou realidade? Um barulho te rouba a visão
que certamente jamais esquecerás e verás então 
a água com os olhos da saudade de um momento
vivido nas águas como se foras a própria Iemanjá.

Poesias de Paulo Motta
Livro: Ao Entardecer
Evangelho - Mt 9,18-26

Enquanto Jesus estava falando, um chefe aproximou- se, prostrou-se diante dele e disse: “Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem impor a mão sobre ela, e viverá”. Jesus levantou-se e o acompanhou, junto com os discípulos. Nisto, uma mulher que havia doze anos sofria de hemorragias veio por trás dele e tocou na franja de seu manto. Ela pensava consigo: "Se eu conseguir ao menos tocar no seu manto, ficarei curada". Jesus voltou-se e, ao vê-la, disse: "Coragem, filha! A tua fé te salvou". E a mulher ficou curada a partir daquele instante. Chegando à casa do chefe, Jesus viu os tocadores de flauta e a multidão agitada, e disse: “Retirai-vos! A menina não morreu; ela dorme”. Mas eles zombavam dele. Afastada a multidão, ele entrou, pegou a menina pela mão, e ela se levantou. E a notícia disso espalhou-se por toda aquela região.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

03 de Julho - São Tomé

Embora na nossa memória a presença de são Tomé faça sempre pensar em incredulidade e nos lembre daqueles que "precisam ver para crer", sua importância não se resume a permitir a inclusão na Bíblia da dúvida humana. Ela nos remete, também, a outras fraquezas naturais do ser humano, como a aflição e a necessidade de clareza e pé no chão. Mas, e principalmente, mostra a aceitação dessas fraquezas por Deus e seu Filho no projeto de sua vinda para nossa salvação.
São três as grandes passagens do apóstolo Tomé no livro sagrado. A primeira é quando Jesus é chamado para voltar à Judéia e acudir Lázaro. Seu grupo tenta impedir que se arrisque, pois havia ameaças dos inimigos e Jesus poderia ser apedrejado. Mas ele disse que iria assim mesmo e, aflito, Tomé intima os demais: "Então vamos também e morramos com ele!"
Na segunda passagem, demonstra melancolia e incerteza. Jesus reuniu os discípulos no cenáculo e os avisou de que era chegada a hora do cumprimento das determinações de seu Pai. Falou com eles em tom de despedida, conclamando-os a segui-lo: "Para onde eu vou vocês sabem. E também sabem o caminho". Tomé queria mais detalhes, talvez até tentando convencer Jesus a evitar o sacrifício: "Se não sabemos para onde vais, como poderemos conhecer o caminho?". A resposta de Jesus passou para a história: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim".
E a terceira e definitiva passagem foi a que mais marcou a trajetória do apóstolo. Foi justamente quando todos lhe contaram que o Cristo havia ressuscitado, pois ele era o único que não estava presente ao evento. Tomé disse que só acreditaria se visse nas mãos do Cristo o lugar dos cravos e tocasse-lhe o peito dilacerado. A dúvida em pessoa, como se vê. Mas ele pôde comprovar tanto quanto quis, pois Jesus lhe apareceu e disse: "Põe o teu dedo aqui e vê minhas mãos!... Não sejas incrédulo, acredita!" Dessa forma, sua incredulidade tornou-se apenas mais uma prova dos fatos que mudaram a história da humanidade.
O apóstolo Tomé ou Tomás, como também é chamado, tinha o apelido de Dídimo, que quer dizer "gêmeo e natural da Galiléia". Era pescador quando Jesus o encontrou e o admitiu entre seus discípulos.
Após a crucificação e a ressurreição, pregou entre os medos e os partas, povos que habitavam a Pérsia. Há também indícios de que tenha levado o Evangelho à Índia, segundo as pistas encontradas por são Francisco Xavier no século XVI. Morreu martirizado com uma lança, segundo a antiga tradição cristã. Sua festa é comemorada em 3 de julho.

Evangelho-Jo 20,24-29

Tomé, chamado Gêmeo, que era um dos Doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos contaram-lhe: "Nós vimos o Senhor!" Mas Tomé disse: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos, se eu não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. Oito dias depois, os discípulos encontravam-se reunidos na casa, e Tomé estava com eles. Estando as portas fechadas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê!”. Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!”. Jesus lhe disse: “Creste porque me viste? Bem-aventurados os que não viram, e creram!”.


quinta-feira, 2 de julho de 2015

Evangelho - Mt 9,1-8

Entrando num barco, Jesus passou para a outra margem do lago e foi para a sua cidade. Apresentaram-lhe, então, um paralítico, deitado numa maca. Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Coragem, filho, teus pecados estão perdoados!”. Então alguns escribas pensaram: “Esse homem está blasfemando”. Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: “Por que tendes esses maus pensamentos em vossos corações? Que é mais fácil, dizer: ‘Os teus pecados são perdoados’, ou: ‘Levanta-te e anda’? Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar pecados, – disse então ao paralítico – levanta-te, pega a tua maca e vai para casa”. O paralítico levantou-se e foi para casa. Vendo isso, a multidão ficou cheia de temor e glorificou a Deus por ter dado tal poder aos seres humanos.

Para Deus nada é impossível
O mal não só desfigura o ser humano como faz com que ele sinta Deus distante. A paralisia é uma doença incurável; é como se a pessoa fosse um “morto vivo”, como dizemos coloquialmente. O ponto de partida tem de ser a fé capaz de reconhecer que para Deus nada é impossível (cf. Lc 1,37). É essa fé, da qual Jesus se admira, que impulsiona aqueles anônimos a levarem o paralítico diante de Jesus. Na antiguidade bíblica a enfermidade estava ligada ao pecado. Por essa razão, a cura é precedida pela palavra que liberta: “Coragem, filho, os teus pecados estão perdoados!”. Em Marcos 2,7, é sugerido que só Deus pode perdoar pecados. E nisso os escribas têm razão. Por isso, os letrados dizem que Jesus blasfema. Mas não há blasfêmia no perdão oferecido por Jesus ao paralítico; o mal está no pensamento dos opositores de Jesus que se recusam a reconhecer que ele é o Filho do Homem e tem o poder de perdoar os pecados. A Igreja, povo que o Senhor reúne, é o lugar do perdão e da reconciliação. A comunidade cristã é a comunidade dos reconciliados (cf. Mt 18,18).

quarta-feira, 1 de julho de 2015

01 de Julho - Santo Aarão

Primeiro sumo sacerdote (século XIII a.C.) Irmão mais velho de Moisés, Aarão foi o principal colaborador deste na recondução do povo eleito à Terra Prometida, uma vez libertado da escravidão do Egito. No Pentateuco vem descrita, de modo particular, sua função sacerdotal: “Exaltou Deus seu irmão Aarão, santo como seu irmão Moisés, da tribo de Levi. Fez com ele uma aliança eterna. Deu-lhe o sacerdócio do seu povo”.
Tinha a bela idade de 83 anos quando se apresentou diante do faraó, junto com o irmão, e foi o autor dos milagres das três primeiras pragas. Durante a caminhada no deserto, compartilhou com Moisés as dificuldades e responsabilidades. Conduziu o povo durante todo o tempo em que o irmão permaneceu no Sinai, mas teve a fraqueza de ceder ao desejo do povo de construir uma imagem de Deus (um bezerro de ouro, segundo a simbologia semítica). Foi duramente exprobrado, mas poupado da terrível cólera divina graças à intercessão de Moisés.
Após a solene consagração sacerdotal, o próprio Deus tomou a defesa da legitimidade contra a insubordinação de alguns opositores em relação ao milagre da vara. Mas quando Aarão, como Moisés, duvidou da possibilidade de uma intervenção divina para fazer brotar água da rocha, Deus o puniu da mesma forma que ao irmão: nenhum dos dois poria os pés na terra de Canaã!
De fato, Aarão morreu nas proximidades de Cades, aos pés do monte Hor, após ter sido despojado por Moisés das insígnias sacerdotais em favor de Eleazar. Foi pranteado pelo povo, que guardou luto por 30 dias, considerando-o — como se lê no livro de Sirácida*  — grande e semelhante a Moisés, a despeito das fraquezas humanas de que deu mostras em mais de uma ocasião. Entretanto, redimiu-se porque aceitou humildemente as repreensões e os castigos.
Sua hierática figura também se encontra no Novo Testamento: a Epístola aos Hebreus menciona Aarão quando submete a nossa reflexão o significado bem mais alto do sacerdócio de Cristo: “Porquanto todo sumo sacerdote, tirado do meio dos homens é constituído em favor dos homens em suas relações com Deus. A sua função é oferecer dons e sacrifícios pelos pecados”.




Que queres de nós, Filho de Deus? - Mt 8,28-34

Quando Jesus chegou à outra margem do lago, à região dos gadarenos, vieram ao seu encontro dois possessos, saindo dos túmulos. Eram tão violentos que ninguém podia passar por aquele caminho. Eles então gritaram: “Que queres de nós, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?”. Ora, a certa distância deles estava pastando uma manada de muitos porcos. Os demônios suplicavam-lhe: “Se nos expulsas, manda-nos à manada de porcos”. Ele disse: “Ide”. Os demônios saíram, e foram para os porcos. E todos os porcos se precipitaram, pelo despenhadeiro, para dentro do mar, morrendo nas águas. Os que cuidavam dos porcos fugiram e foram à cidade contar tudo, também o que houve com os possessos. A cidade inteira saiu ao encontro de Jesus. E logo que o viram, pediram-lhe que fosse embora da região.