quarta-feira, 3 de abril de 2013

DEUS

 
Fui ver o mar. Gosto do mar quando a praia está vazia da perturbação humana. Nas tardes, de manhã bem cedo. A areia lisa, as ondas que quebram sem parar, a espuma, o horizonte sem fim. Que grande mistério é o mar! Que cenários fantásticos estão no seu fundo, longe dos olhos! Para sempre incognoscível! Pense no mar como uma metáfora de Deus. Se tiver dificuldades leia a Cecília Meireles, Mar absoluto. Faz tempo que, para pensar sobre Deus, eu não leio os teólogos; leio os poetas. Pense em Deus como um oceano de vida e bondade que nos cerca. Romain Rolland descrevia seu sentimento religioso como “sentimento oceânico”. Mas o mar, cheio de vida, é incontrolável. Algumas pessoas têm a ilusão de que é possível engarrafar Deus. Freqüentemente as religiões se proclamam como fábricas de engafarrar Deus. Quem tem Deus engarrafado tem o poder. Como na estória de Aladim e a lâmpada mágica. nesse Deus eu não acredito. Não tenho respeito por um Deus que se deixa engarrafar. Prefiro o mistério do mar... algumas pessoas não gostam do que penso sobre Deus porque elas deixam de acreditar que suas garrafas religiosas contenham Deus...

Livro coisas da alma
Autor Rubens Alves  Pg. 9

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