Na ceia com o menino
Porque não tentar reproduzir o
que poderia ter sido, de fato, a primeira ceia da Sagrada Família?
Peru, leitão, perna de carneiro,
tênder ou chester. Para acompanhar: arroz branco, saladas, farofa, frutas
secas, nozes e castanhas, de preferência, champanhe, ou algum outro espumante
gelado, e trufas. No final, o indispensável panetone. Isto posto, com uma ou
outra variação regional, como a rabanada ou o bolinho de bacalhau em alguns
pontos do Brasil, devido à influência da colonização portuguesa, e está pronto
o cenário de uma ceia natalina da classe média de algum país ocidental –
americano ou europeu. Esse cardápio farto remonta a uma origem incerta e que
nada tem a ver com a pobreza de uma
gruta da velha Palestina. Segundo algumas tradições eurocêntricas, esse tipo de
ceia originou-se em costumes do velhíssimo continente de deixar as portas
abertas na noite em que comemora o nascimento do salvador, para acolher
viajantes, e estes ao lado dos anfitriões, celebrarem um dos eventos mais caros
da cristandade. Para tanto, toda comida e bebida era pouca.
Mas, em um tempo no qual, de
acordo com a organização da Nações Unidas para a Agricultura e a alimentação
(FAO), 805 milhões de pessoas no mundo ainda padecem de fome crônica, celebrar
o nascimento do filho de Deus, que veio ao mundo pregar o amor e um pouco mais
de justiça, em meio a comilanças, pode ser o mais adequado. Mesmo porque a
insegurança alimentar mundial não é resultado da insuficiência da produção de
alimentos – o mundo produz mais do que o bastante para alimentar seus 7 bilhões
de habitantes -, mas de sua má distribuição ou do desequilíbrio social.
Calcula-se que 30% a 40% dos alimentos produzidos no planeta seja desperdiçados
e, nos países ricos e em desenvolvimento, a obesidade já mata mais do que a
fome.
Forma 3 milhões de vítimas em
2010, conforme um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), sem contar
os outros milhões que adoecem por não controlarem o apetite.
Autor: Sérgio Esteves
Revisa: Família Cristã
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