Há muitos anos,
No fim da última
guerra,
Mais para o ano de
1945,
Diziam os jornais de
um navio-fantasma
Percorrendo os mares
e procurando um porto.
Sua única
identificação:
- drapejava no alto
mastro uma bandeira branca.
Levava sua carga humana.
Salvados de guerra e
de uma só raça.
Incerto e sem
destino,
Todos os portos se
negaram a recebê-lo.
Acompanhando pelo
noticiário do tempo
O drama daquele
barco,
Mentalmente e
emocionalmente
Eu arvorava em cada
porto do meu País
Uma bandeira de Paz
E escrevia em letras
de diamantes:
Desce aqui.
Aceita esta bandeira
que te acolhe fraterna e amiga.
Convive com o meu
povo pobre.
Compreende e procura
ser compreendido.
Come com ele o pão da
fraternidade
E bebe a água pura da
esperança.
Aguarda tempos novos
para todos.
Não subestimes nossa
ignorância e pobreza.
Aceita com humildade
o que te oferecemos:
Terra generosa e
trabalho fácil.
Reparte com quem te
recebe
Teu saber milenar,
Judeu, meu irmão.
Livro: coleção
melhores poemas
Autora: Cora coralina