terça-feira, 23 de junho de 2015

MINHA CASA

Era branquinha e toda cercada de morros,
tinha uma nascente de água mineral abundante.
Uma palmeira alta marcava o rico local.
Havia nos pastos várias vacas leiteiras,
um carneiro, cabras e bodes e uma mula.
Muitos anos depois já não havia mais
animais, porém, a água da fonte ainda corria.
A casa era uma ruína lastimável, estava
abandonada, talvez entregue a fantasmas.
Os sonhos nela nascidos também se foram.
A vida pelo espírito habitada, como a nascente,
corre límpida, alegremente nas pessoas que lá
nasceram e moraram, mas cedo se mudaram.
E nas ruínas ao redor a fonte canta sua poesia.

Aquela casa sou eu, o corpo envelheceu,
mas o espírito, seu parceiro, ama a música
das águas correntes nascidas da fonte da casa
e faz poesia de esperança e alegria, na busca
de sua realização definitiva, de seu destino.
Porém, tenho que dizer que a casa branquinha
entre morros, com uma fonte e uma palmeira,
onde vivi com meus pais e meus irmãos,
ainda está novinha e linda, na minha lembrança.
Os meus olhos virtuais e minha alma rejeitam
 as ruínas e a velhice, como se eu de fato tivesse
  envelhecido. Pode? Malvado é o tempo, porém
  a mente o desafia e dele se sente bem livre.

Poesia de Paulo Motta

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