terça-feira, 30 de junho de 2015

O CRISTO REDENTOR


Lá no alto do Corcovado, na cidade do Rio, te colocaram
como sentinela privilegiada das belezas que o Criador doou 
à cidade mais bela do mundo, situada á beira do mar onde 
as praias são numerosas e encantadas, e se expandem, circundando
os incontáveis morros com suas florestas atlânticas inigualáveis.

Visão primeira e universalizada em sua altitude, para todos os que
habitam na grande metrópole carioca ou a ela vêm como turistas,
és, ó Cristo, a visão esplêndida, não de um monumento maravilhoso,
mas a própria figura humana em pedra, do Filho de Deus de nacionalidade
brasileira como aqui és reconhecido por todo o povo, pela generosidade
com que tens prodigalizado tanto à terra como ao povo deste grande País.

Que o digam as pessoas que sobem para te ver e falar contigo de suas
esperanças, e os esperas carinhosamente a todos como os filhos e irmãos
espalhados por todos os recantos do mundo, e depois voltam felizes,
emocionados com o que viram e da forma como foram recebidos.
Braços abertos, olhos entristecidos, perscrutando a cidade e seu povo,
e todo o país e o mundo com suas mazelas políticas humilhantes.

As ondas bravias da baia da Guanabara, jóia rara no mapa do mundo,
se agitam abaixo da estátua num vai e vem, ora calmo, ora agitado.
Os barcos de pesca ou de turismo navegando, oferecem um visual
poético de sonhos patéticos de além mar em sua imensidão infinita.
As gaivotas voam quais asas delta em exibição de gala ou de pesca
e então buscam ao fim do afinado dia seu descanso no alto das rochas.

Quando a nevoa te encobre ó Cristo, todos esperam o sol para rever-te
e uma vez descoberto, os que no alto estão parecem estar no monte Tabor.
O luar sereno passeando no céu é um espetáculo de homenagem a ti, Cristo
tu fazes as pessoas videntes se lembrar de que o céu é também aqui na terra.
O firmamento de eterno azul é o teto desta morada do teu monumento,
uma das maravilhas de todo mundo, quiçá a maior de todas elas.
Poesias de Paulo Motta 
Evangelho - Mt 8,23-27
Então Jesus entrou no barco, e seus discípulos o seguiram. Nisso, veio uma grande tempestade sobre o mar, a ponto de o barco ser coberto pelas ondas. Jesus, porém, dormia. Eles foram acordá-lo. “Senhor”, diziam, “salva-nos, estamos perecendo!”. “Por que tanto medo, homens de pouca fé?”, respondeu ele. Então, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e fez-se uma grande calmaria. As pessoas ficaram admiradas e diziam: “Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?”.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Dum dum no cemitério

          Dois padres novos, colegas de seminário, foram a um povoado para desobriga na época da páscoa.
          Depois de atender confissões e tomar um lanche, dois bons paroquianos mostraram-lhes os quartos onde passariam a noite. Uns quinhentos metros atrás da capela, ao lado do cemitério local.
          Mostraram a bacia de água para se lavar e para estranheza dos padrecos uma vasilha com sabugos, eram o papel higiênico. Antes de dormir procuraram o lavatório. Um deles saiu com vela e foi procurar. Voltou depois de usar o lavatório e ensinou o caminho para o companheiro. Você atravessa o cemitério e encontrará a latrina. É uma fossa com tábuas cobrindo. Leve sabugos se precisar. O companheiro ficou admirado da coragem do bandeirante que descobriu a mina. Pensou bem e disse: Amanhã eu vou fazer minhas necessidades. Urinar, eu vou ali ao lado e faço como cachorro.
          Apagadas as velas, barulho de morcegos... e agora esses bichos vão nos chupar sangue? Um deles, tirando a lição de sua vida na roça, viu uma vara de pescar e começou a agitar. Pelo menos três morcegos caíram mortos. Afinal era preciso dormir. Vamos fingir que não ouvimos nada. Mas na janela havia sim um barulho constante que não era de batida. Ignoramos. O sono era pesado. Um batido insistente bem mais tarde obrigou os hóspedes a levantar depois de noite mal dormida. Eram já sete horas da manhã e a missa era às sete e meia e já havia gente esperando os padres na igreja.
          E a higiene matinal? Agora o sol já nascera, os mortos não iriam incomodar, o caminho do dum-dum podia ser usado sem medo. Foi o que foi feito pelo outro padre prudente que não se arriscara a visitar o cemitério de noite e se aguentou até o dia clarear e ter certeza que os mortos estavam todos enterrados.
Procurando saber a causa do barulho noturno na janela ficaram sabendo que um cavalo havia se coçado lá. Não havia mula sem cabeça...

          Senhores, tudo isso eu vi e senti; eu era um desses padres aqui descritos!

Contos de Paulo Motta
Livro: Memórias de um seminarista
Segue-me! - Mt 8,18-22


Vendo uma grande multidão ao seu redor, Jesus deu ordem de passar para a outra margem do lago. Nisso, um escriba aproximou-se e disse: “Mestre, eu te seguirei aonde fores”. Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. Um outro dos discípulos disse a Jesus: “Senhor, permite-me que primeiro eu vá enterrar meu pai”. Mas Jesus lhe respondeu: “Segue-me, e deixa que os mortos enterrem os seus mortos”.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

O Evangelho VERDE de Francisco
Na encíclica 'Laudato Si' (Louvado Sejas), o papa põe a Igreja Católica no centro de uma das questões unânimes de hoje — a preocupação com o ambiente.

Não espanta que o primeiro papa a emprestar o nome de São Francisco de Assis, o frade de sandálias que pregava com os pássaros e cantava para o irmão Sol e a irmã Lua, dedique uma encíclica aos cuidados com o ambiente. É o caso, na leitura das 192 páginas da Laudato Si, Louvado Sejas, de Francisco, o jesuíta habituado às armadilhas do peronismo argentino, de entendê-la de modo um pouco menos ingênuo. A encíclica de Mario Jorge Bergoglio é uma peça política. Sua intenção primeira, além de atrair simpatia por meio de um tema quase unânime, os desmandos do ser humano na antessala do aquecimento global, é tacar fogo na Conferência sobre o Clima de Paris, em dezembro próximo, da qual sairá um documento para substituir o Protocolo de Kyoto, caducado depois de dez anos, e que estipulava as metas de emissão dos gases que provocam o chamado efeito estufa. Os Estados Unidos não o assinaram, mas vão pôr sua rubrica agora, sobretudo porque Barack Obama, em fim de mandato, nada mais tem a perder. "As encíclicas não são feitas no vácuo", diz o arce¬bispo de Miami, Thomas Wenski. "Elas têm longa tradição de aplicar os ensinamentos morais do catolicismo a problemas sociais contemporâneos." As primeiras encíclicas de um papado, longas meditações sobre algum tema de extrema relevância, costuma ser considerada programática para o resto do pontificado. A Laudato Si é a carta de intenções de Francisco. Diz dom Sergio da Rocha, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil: "A importância deste texto vai muito além da Igreja".
"A desigualdade não afeta apenas os indivíduos, mas países inteiros, e obriga a pensar numa ética das relações internacionais (...). O aquecimento causado pelo enorme consumo de alguns países ricos tem repercussões nos lugares mais pobres da Terra, especialmente na África, onde o aumento da temperatura, juntamente com a seca, tem efeitos desastrosos no rendimento das cultivações. (...) A dívida externa dos países pobres transformou-se num instrumento de controle, mas não se dá o mesmo com a dívida ecológica."
Não há, nas palavras de Francisco divulgadas com pompa e circunstância na semana passada, a virulência contra o livre mercado de seus dias inaugurais como Vigário de Cristo. Em sua exortação apostólica, a Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), de 2013, ele afirmou que "enquanto os problemas dos mais pobres não forem radicalmente resolvidos através da rejeição da absoluta autonomia dos mercados e da especulação financeira, e atacando as causas estruturais da desigualdade, não encontraremos solução para os problemas do mundo". Agora não, Francisco foi menos incisivo, mais cauteloso, nitidamente sensato. A Laudato Si poderia ter sido escrita pelos cientistas que compõem o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), vencedor do Nobel da Paz, embora depois tenham mergulhado em sucessivos escândalos de malversação de estatísticas a serviço de uma causa nobre.
  • Para ler a Encíclica na Integra click aqui: http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html
Por: Adriana Dias Lopes
Eu quero, fica purificado! - Mt 8,1-4

Quando Jesus desceu da montanha, grandes multidões o seguiram. Nisso, um leproso se aproximou e caiu de joelhos diante dele, dizendo: “Senhor, se queres, tens o poder de purificar-me”. Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: “Eu quero, fica purificado”. No mesmo instante, o homem ficou purificado da lepra. Então Jesus lhe disse: “Olha, não contes nada a ninguém! Mas vai mostrar-te ao sacerdote e apresenta a oferenda prescrita por Moisés; isso lhes servirá de testemunho”.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

26 de Junho - Josemaria Escrivá de Balaguer


Josemaría Escrivá de Balaguer nasceu em Barbastro, Huesca, na Espanha, no dia 9 de janeiro de 1902. Os pais, José e Dolores, tiveram seis filhos, sendo que as três meninas mais novas morreram ainda criança. O casal deu aos filhos uma profunda educação cristã.
Em 1915, a indústria de tecido do pai faliu e a família mudou-se para Logronho, onde havia mais trabalho. Nessa cidade, Josemaría reconheceu sua vocação religiosa. Intuiu que Deus desejava algo dele, depois de observar na neve algumas pegadas dos pés descalços de um frade. Em vez de ficar tentando descobrir o que ele lhe pedia, decidiu primeiro tornar-se sacerdote. Ingressou no seminário de Saragoça, onde também cursou direito como aluno voluntário. Seu pai morreu em 1924, e ele se viu como chefe de família. No ano seguinte, recebeu a ordenação sacerdotal e foi exercer o seu ministério numa paróquia rural e, depois, em Saragoça também.
Com autorização do seu bispo, em 1927 foi para Madri, com o objetivo de formar-se em direito. Um ano depois, durante um retiro espiritual, pediu a Deus para mostrar-lhe com clareza o que precisava ser feito e, assim, funda a Opus Dei, um caminho moderno de evangelização para a Igreja. Desde então, trabalhava na instituição, ao mesmo tempo que continuava exercendo o seu ministério, especialmente entre os pobres e doentes. Além disso, estudava na Universidade de Madrid e dava aulas para manter a família.
A missão da Opus Dei é a de promover entre os fiéis cristãos de qualquer condição social uma vida plenamente coerente com a fé no meio do mundo e contribuir, assim, para a evangelização de todos os ambientes da sociedade. Ou seja, difundir a mensagem de que todos os batizados estão chamados a procurar a santidade e a dar a conhecer o Evangelho, tal como recordou o Concílio Vaticano II.
Quando rebentou a Guerra Civil espanhola, e com ela a perseguição religiosa, ele exercitou o ministério na clandestinidade, até conseguir sair de Madri e fixar residência em Burgos. Acabada a guerra, em 1939, regressou a Madri e obteve o doutorado em direito. Nos anos que se seguiram, dirigiu numerosos retiros para leigos, sacerdotes e religiosos.
Em 1946, fixou residência em Roma, fazendo o doutorado em teologia pela Universidade Lateranense. É nomeado consultor de duas congregações da Cúria Romana, membro honorário da Academia Pontifícia de Teologia e prelado honorário do papa. De Roma desloca-se, em numerosas ocasiões, a diversos países da Europa, América Central e do Sul, a fim de impulsionar o estabelecimento e a consolidação da Opus Dei nessas regiões.
Josemaría morreu em conseqüência de uma parada cardíaca, no dia 26 de junho de 1975, em seu quarto de trabalho e aos pés de um quadro de Nossa Senhora, a quem lançou o seu último olhar. Todavia a Opus Dei já estava presente nos cinco continentes, contando com mais de sessenta mil membros de oitenta nacionalidades.
Foi Beatificado no dia 17 de maio de 1992 e foi canonizado em 6 de outubro de 2002 pelo papa João Paulo II na praça de São Pedro em Roma. A festa litúrgica de São Josemaría Escrivá de Balaguer é celebrada no dia 26 de junho. O seu corpo repousa na igreja prelatícia de Santa Maria da Paz, em Roma.

A casa construída sobre a rocha - Mt 7,21-29
“Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor! Senhor!’ entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus. Naquele dia, muitos vão me dizer: ‘Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos? Não foi em teu nome que expulsamos demônios? E não foi em teu nome que fizemos muitos milagres?' Então, eu lhes declararei: 'Jamais vos conheci. Afastai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade'. Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática é como um homem sensato, que construiu sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa, mas a casa não desabou, porque estava construída sobre a rocha. Por outro lado, quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática é como um homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos sopraram e deram contra a casa, e ela desabou, e grande foi a sua ruína!" Quando ele terminou estas palavras, as multidões ficaram admiradas com seu ensinamento. De fato, ele as ensinava como quem tem autoridade, não como os escribas.

quarta-feira, 24 de junho de 2015


24 de Junho - Natividade de São João Batista
A Bíblia nos diz que Isabel era prima e muito amiga de Maria, e elas tinham o costume de visitarem-se. Uma dessas ocasiões foi quando já estava grávida: "Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo"(Lc 1,41). Ainda no ventre da mãe, João faz uma reverência e reconhece a presença do Cristo Jesus. 
Assim os evangelistas apresentam com todo rigor a figura de João como precursor do Messias, cujo dia do nascimento é também chamado de "Aurora da Salvação". É o único santo, além de Nossa Senhora, em que se festeja o nascimento, porque a Igreja vê nele a preanunciação do Natal de Cristo.
Ele era um filho muito desejado por seus pais, Isabel e Zacarias, ambos de estirpe sacerdotal e já com idade bem avançada. Isabel haveria de dar à luz um menino, o qual deveria receber o nome de João, que significa "Deus é propício". Assim foi avisado Zacarias pelo anjo Gabriel.
Conforme a indicação de Lucas, Isabel estava no sexto mês de gestação de João, que foi fixado pela Igreja três meses após a Anunciação de Maria e seis meses antes do Natal de Jesus. O sobrinho da Virgem Maria foi o último profeta e o primeiro apóstolo. "É mais que profeta, disse ainda Jesus. É dele que está escrito: eis que envio o meu mensageiro à tua frente; ele preparará o teu caminho diante de ti". Ou seja, o primo João inicia sua missão alguns anos antes de Jesus iniciar a sua própria missão terrestre.
Lucas também fala a respeito da infância de João: o menino foi crescendo e fortificando-se em espírito e viveu nos desertos até o dia em que se apresentou diante de Israel.
Com palavras firmes, pregava a conversão e a necessidade do batismo de penitência. Anunciava a vinda do messias prometido e esperado, enquanto de si mesmo deu este testemunho: "Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitarei o caminho do Senhor..." Aos que o confundiam com Jesus, afirmava com humildade: "Eu não sou o Cristo" e "Não sou digno de desatar a correia de sua sandália". Sua originalidade era o convite a receber a ablução com água no rio Jordão, prática chamada batismo. Por isso o seu apelido de Batista.
João Batista teve a grande missão de batizar o próprio Cristo. Ele apresentou oficialmente Cristo ao povo como Messias com estas palavras: "Eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo... Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo".
Jesus, falando de João Batista, tece-lhe o maior elogio registrado na Bíblia: "Jamais surgiu entre os nascidos de mulher alguém maior do que João Batista. Contudo o menor no Reino de Deus é maior do que ele".
Ele morreu degolado no governo do rei Herodes Antipas, por defender a moralidade e os bons costumes. O seu martírio é celebrado em 29 de agosto, com outra veneração litúrgica.
São João Batista é um dos santos mais populares em todo o mundo cristão.


terça-feira, 23 de junho de 2015

MINHA CASA

Era branquinha e toda cercada de morros,
tinha uma nascente de água mineral abundante.
Uma palmeira alta marcava o rico local.
Havia nos pastos várias vacas leiteiras,
um carneiro, cabras e bodes e uma mula.
Muitos anos depois já não havia mais
animais, porém, a água da fonte ainda corria.
A casa era uma ruína lastimável, estava
abandonada, talvez entregue a fantasmas.
Os sonhos nela nascidos também se foram.
A vida pelo espírito habitada, como a nascente,
corre límpida, alegremente nas pessoas que lá
nasceram e moraram, mas cedo se mudaram.
E nas ruínas ao redor a fonte canta sua poesia.

Aquela casa sou eu, o corpo envelheceu,
mas o espírito, seu parceiro, ama a música
das águas correntes nascidas da fonte da casa
e faz poesia de esperança e alegria, na busca
de sua realização definitiva, de seu destino.
Porém, tenho que dizer que a casa branquinha
entre morros, com uma fonte e uma palmeira,
onde vivi com meus pais e meus irmãos,
ainda está novinha e linda, na minha lembrança.
Os meus olhos virtuais e minha alma rejeitam
 as ruínas e a velhice, como se eu de fato tivesse
  envelhecido. Pode? Malvado é o tempo, porém
  a mente o desafia e dele se sente bem livre.

Poesia de Paulo Motta
Entrai pela porta estreita! - Mt 7,6.12-14


Não deis aos cães o que é santo, nem joguei vossas pérolas diante dos porcos. Pois estes, ao pisoteá-las se voltariam contra vós e vos estraçalhariam. Tudo, portanto, quanto desejais que os outros vos façam, fazei-o, vós também, a eles. Isto é a Lei e os Profetas. Entrai pela porta estreita! Pois larga é a porta e espaçoso o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram! Como é estreita a porta e apertado o caminho que leva à vida, e poucos são os que o encontram!



23 de Junho - São José Cafasso


José Cafasso nasceu em Castelnuovo d'Asti, em 1811, quatro anos antes do conterrâneo João Bosco, o Apóstolo dos Jovens e também santo da Igreja. Ambos trabalharam, na mesma época, em favor do povo e dos menos favorecidos, material e espiritualmente.
Mas enquanto João Bosco era eloqüente com os estudantes, um verdadeiro farol a iluminar os caminhos tormentosos da adolescência, Cafasso dedicava-se à contemplação e a ouvir seus fiéis em confissão, o que acabou levando-o aos cárceres e prisões.
Estava determinado a ouvir os criminosos que queriam se confessar e depois consolá-los mesmo fora da confissão. Era uma figura magra e encurvada devido a um defeito na coluna que o fazia manter-se nessa posição mesmo nas horas em que não estava no confessionário.
Padre Cafasso freqüentou o curso de teologia de Turim e ordenou-se aos vinte e dois anos. Difícil predizer que seria um grande predicador, mas com sua voz mansa e suave era muito requisitado pelos companheiros de sacerdócio, que procuravam os seus conselhos.
Formado, passou a dar aulas e acabou tendo João Bosco como aluno. Apoiou Bosco em todas as suas empreitadas, inclusive quando lotou a escola de jovens pobres de toda a região que não tinham dinheiro para a educação.
Quando Bosco retirou a criançada e a levou para sua própria casa, em Valdocco, foi a ajuda financeira de seu mestre José Cafasso que tornou isso possível. E ele fez mais: pouco antes de morrer, doou tudo o que possuía a João Bosco, para que ele continuasse sua obra no ensino e orientação dos jovens.
Morreu jovem, com apenas quarenta e nove anos, no dia 23 de junho de 1860. O título de "Padroeiro dos Encarcerados e dos Condenados à Pena Capital" esclarece bem como viveu o seu apostolado. Suas visitas aos cárceres eram o consolo dos presos e sua figura tornou-se a presença mais constante em todos os enforcamentos realizados em sua cidade, Turim. Mas sua ajuda não se limitava aos encarcerados, estendia-se às famílias, ao socorro às esposas e aos filhos para que não se desviassem do caminho de Cristo.
Padre José Cafasso era sempre o último companheiro de todos os que seriam executados no cadafalso, por isso ficou conhecido, entre o povo, como o "padre da forca". Em 1947, foi canonizado, e sua veneração litúrgica designada para o dia de seu trânsito.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

22 de Junho - São João Fisher
João Fisher nasceu em Beverley, na cidade de Yorkshire, na Inglaterra, no ano de 1469. Órfão de pai ainda pequeno, aos quatorze anos era o mais destacado estudante do Colégio São Miguel. Quando completou vinte anos, era professor daquele colégio. Em seguida, ingressou na famosa Universidade de Cambridge. Dois anos depois, recebeu o diploma de doutor com louvor, foi ordenado sacerdote e nomeado vice-reitor da referida universidade.
Aos trinta e cinco anos, foi eleito bispo de Rochester, dedicando-se muito à função. Distribuía esmolas com generosidade e as portas de sua casa estavam sempre abertas para os visitantes, peregrinos e necessitados. Mesmo sendo bispo e chanceler da universidade, levava uma vida tão austera como a de um monge.
Apesar de todo o seu trabalho, estudava muito e escrevia livros. Seus discursos fúnebres, da morte do rei Henrique VII e da própria rainha Margareth, tornaram-se obras famosas. Quando Martinho Lutero começou a difundir sua Reforma, o bispo Fisher combateu os erros da nova doutrina, escrevendo quatro livros, que o tornaram famoso em todo o mundo cristão.
Em 1535, o rei Henrique VIII desejou divorciar-se de sua legítima esposa para casar-se com a cortesã Ana Bolena. O bispo João Fisher foi o primeiro a posicionar-se contra aquele escândalo, embora muitos outros ilustres personagens da corte declarassem, apenas para agradar o rei, que o divórcio poderia ser feito. Ele não; mesmo sabendo que seria condenado à morte, declarava a todos que: "O matrimônio católico é indissolúvel e o divórcio não será possível para um matrimônio católico que não se tenha anulado".
Entretanto o ardiloso rei Henrique VIII conseguiu que o Parlamento inglês o declarasse chefe supremo da Igreja na Inglaterra, em substituição ao papa da Igreja Católica, com a aprovação de todos os que desejavam conservar seus altos postos no governo. Porém João Fisher declarou no Parlamento que: "Querer substituir o papa de Roma pelo rei da Inglaterra, como chefe de nossa religião, é como gritar um 'morra' à Igreja Católica", e isto seria um erro absurdo.
Os inimigos o ameaçavam, com atentados e calúnias. Como não conseguiram que o bispo deixasse de declarar sua fé católica, foi preso na Torre de Londres. Tinha sessenta e seis anos, porém os muitos anos de penitências, seus alunos, e o excessivo trabalho pastoral faziam-no aparentar oitenta. Ainda estava preso quando foi nomeado cardeal pelo papa Paulo III. Ao ser informado, o rei exclamou: "Enviaram-lhe o chapéu de cardeal, porém não poderá colocá-lo, porque eu lhe mandarei cortar a cabeça". E assim o fez.
A sentença de morte foi comunicada a João Fisher, que foi executado no dia 22 de junho se 1535. Antes de ser decapitado, ele declarou à multidão presente que morria por defender a santa Igreja Católica, fundada por Jesus Cristo, e o sumo pontífice de Roma. Em seguida, os carrascos cumpriram a sentença.
Alguns dias depois, seu amigo Tomás More, brilhante figura da história da humanidade e da Igreja, também saía da Torre para morrer como ele, pela mesma causa. Em 1935 ambos foram canonizados pelo papa Pio XI, que indicou o dia 22 de junho para serem venerados.

Link: http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=santo

Não julgueis, e não sereis julgados - Mt 7,1-5
Não julgueis, e não sereis julgados. Pois com o mesmo julgamento com que julgardes os outros sereis julgados; e a mesma medida que usardes para os outros servirá para vós. Por que observas o cisco no olho do teu irmão e não reparas na trave que está no teu próprio olho? Ou, como podes dizer ao teu irmão: “Deixa-me tirar o cisco do teu olho”, quando tu mesmo tens uma trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu próprio olho, e então enxergarás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão.

Reflexão
A maioria das pessoas está mais preocupada com os pecados dos outros do que com os próprios, sempre apresentando o argumento de que os pecados dos outros são mais graves e exigem uma maior preocupação. O trabalho de transformação do mundo deve começar pela transformação e pela conversão pessoal. Se cada pessoa estivesse realmente preocupada com a própria conversão e de fato fizesse tudo o que está ao seu alcance, contando com a graça divina para uma verdadeira mudança de vida, muitos dos problemas que estão presentes na nossa sociedade já estariam superados. Portanto, que cada um olhe para si, se descubra pecador e se converta, para contribuir de fato com a conversão do mundo.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

UM JORNAL À BEIRA DA FALÊNCIA
           Um jornal de pouca circulação na cidade de São Paulo estava à beira da falência. Um redator de contos que entrou a fazer parte da redação do periódico criou uma situação para aumentar a circulação do jornal.
          Havia morrido uma menina com nove anos de idade, muito bonita e de família muito religiosa. Dando cobertura do enterro e sabendo do histórico da vida da menina, pôs-se a divulgar diariamente no jornal fatos inusitados. Algumas pombinhas brancas não saiam da sepultura da criança falecida. Daí para explicar que a santinha era muito devota do Espírito Santo e o fenômeno era uma manifestação divina da santidade dela, foi questão fechada.
           As visitas do povo ao túmulo da pequena aumentava dia a dia e a tiragem do jornal teve que satisfazer a grande curiosidade e a natural religiosidade do povo com novas informações sobre a nova Santa. Entrevista com os pais, com os amiguinhos e com os médicos eram a fonte donde o jornal hauria com abundância de detalhes para o seu noticiário de cada dia.
          A Igreja foi convocada a se manifestar e assim designou um padre para acompanhar os acontecimentos, analisando a realidade dos noticiários. De fato tratava-se de uma menina muito religiosa, de família piedosa.         Quanto à permanência de pombos na sepultura, constatou o religioso que elas tinham suas asas cortadas e havia alimentação sobre a sepultura.
          Naturalmente que o veredicto da Igreja foi objetivo e chegou a detectar por trás das reportagens o interesse publicitário do jornal. Daí pra frente à informação tirou a freqüência popular ao cemitério e o fato caiu no esquecimento. O jornal acuado pelos outros informativos teve que fechar suas portas e terminar a circulação do periódico.

          Era o ano de 1948, quando a falta de notícias bombásticas não existiam. O redator mudou-se de São Paulo para não ser perturbado pela população e procurar emprego noutra comarca que não o conhecesse. 

Contos de Paulo Motta
Livro: Memórias de um Seminarista
Evangelho - Mt 6,19-23
Não ajunteis tesouros aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e os ladrões assaltam e roubam. Ao contrário, ajuntai para vós tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, nem os ladrões assaltam e roubam. Pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração. A lâmpada do corpo é o olho: se teu olho for simples, ficarás todo cheio de luz. Mas se teu olho for ruim, ficarás todo em trevas. Se, pois, a luz em ti é trevas, quão grandes serão as trevas!

Reflexão
Existem valores e valores. Quem é verdadeiramente discípulo de Jesus deve procurar viver segundo a hierarquia de valores que é proposta por ele. Quem tem como centro de sua vida o reino de Deus faz dele o seu tesouro, faz com que ele seja o valor fundamental da sua vida e a partir dele ordena todos os demais valores, de modo que o reino de Deus é o valor absoluto e os demais valores são relativos a ele. Quem coloca os valores do mundo como centro da sua vida vive segundo outra hierarquia de valores, totalmente inversa à proposta por Jesus. Diante do evangelho de hoje somos convidados a rever nossa hierarquia de valores segundo os critérios de Jesus.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

A UMA MÃE SOLTEIRA


Na calma de umas noite serena
ouviste uma cantada, promessa
de amor para uma vida a dois.
Acariciada, comovida te entregaste.

Sequer viveste um amor romântico.
Tua flor da juventude foi cortada
e as pétalas machucada se viram.
Longe do parceiro a vida brotou.

Tua existência mudou ao teu redor.
Os olhares te culparam e te sentiste
só, na família e sem as tuas amigas.
Te sentiste desafiada e fraca, de início.

Mas depois pensaste que tinhas contigo
um tesouro em ti escondido, eras rica.
Serias corajosa, guerreira e protetora.
Teu incentivo, Deus e a criança no seio.

Serias pai e mãe sem ter com quem
dividir responsabilidades, trabalhar,
E unida à criança, esquecer os sonhos.
Lágrimas? Verteste salgadas e muitas.

Encontraste depois apoio inesperado,
Conselhos e ajudas. E quando nasceu
o fruto do teu ventre, as tuas alegrias
se multiplicaram, a neném era linda!

Tornou-se a alegria de teus pais.
O sorriso da criança, uma bênção,
a graça de Deus em tua nova vida.
Luta sofrida, mas tua fé foi maior.

Mãe solteira eu te saúdo neste canto.
Nossa Senhora te tenha sob seu manto!

Poesias de Paulo Motta
Pai nosso - Mt 6,7-15

Quando orardes, não useis de muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. Não sejais como eles, pois o vosso Pai sabe do que precisais, antes de vós o pedirdes. Vós, portanto, orai assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, como no céu, assim também na terra. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos que nos devem. E não nos introduzas em tentação, mas livra-nos do Maligno. De fato, se vós perdoardes aos outros as suas faltas, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. Mas, se vós não perdoardes aos outros, vosso Pai também não perdoará as vossas faltas.
Reflexão 
A eficácia da oração não é determinada pela quantidade de palavras nela presentes, pelo seu volume ou pela sua visibilidade, mas antes de tudo pela capacidade de estabelecer um relacionamento sério, profundo e filial com Deus. Quem fala muito, grita e fica repetindo palavras é pagão, que não é capaz de reconhecer a proximidade de Deus e ter uma intimidade de vida com ele. A oração também deve ter um vínculo muito profundo com o próprio desejo de conversão e de busca de vida nova, de modo que ela não seja discursiva, mas existencial e o falar com Deus signifique estabelecer um compromisso de vida com ele e para ele.

quarta-feira, 17 de junho de 2015


A oração e a caridade - Mt 6,1-6.16-18

Cuidado! Não pratiqueis vossa justiça na frente dos outros, só para serdes notados. De outra forma, não recebereis recompensa do vosso Pai que está nos céus. Por isso, quando deres esmola, não mandes tocar a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos outros. Em verdade vos digo: já receberam sua recompensa. Tu, porém, quando deres esmola, não saiba tua mão esquerda o que faz a direita, de modo que tua esmola fique escondida. E o teu Pai, que vê no escondido, te dará a recompensa. Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de orar nas sinagogas e nas esquinas das praças, em posição de serem vistos pelos outros. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai que está no escondido. E o teu Pai, que vê no escondido, te dará a recompensa. Quando jejuardes, não fiqueis de rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto, para figurar aos outros que estão jejuando. Em verdade vos digo: já receberam sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e leva o rosto, para que os outros não vejam que estás jejuando, mas somente teu Pai, que está no escondido. E o teu Pai, que vê no escondido, te dará a recompensa. 

Reflexão 
O verdadeiro espírito de conversão quaresmal é aquele de quem não busca simplesmente dar uma satisfação de sua vida a outras pessoas para conseguir a sua aprovação e passar assim por um bom religioso, mas sim aquele que encontra a sua motivação no relacionamento com Deus e busca superar as suas imaturidades, suas fraquezas, sua maldade e seu pecado para ter uma vida mais digna da vocação à santidade que é conferida a todas as pessoas com a graça batismal, e busca fazer o bem porque é capaz de ver nas outras pessoas um templo vivo do Altíssimo e servem ao próprio Deus na pessoa do irmão ou da irmã que se encontram feridos na sua dignidade.

terça-feira, 16 de junho de 2015

EU VI

Eu vi com olhos vistos
o crescer da planta
o nascer do sol
o sorriso da criança 
o canto do passarinho
a alegria do pobre
a beleza da flor do campo
e eu me senti feliz
com acontecimentos
tão banais para quem
não vê com olhos do coração.

Paulo Motta
O amor aos inimigos - Mt 5,43-48

Ouvistes que foi dito: “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!”. Ora, eu vos digo: amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem! Assim vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus; pois ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos. Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os publicanos não fazem a mesma coisa? E se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito.


A perfeição consiste em amar como Deus ama
Sexta e última antítese. O primado do amor e da misericórdia não é uma novidade, mas havia sido esquecido. O que é exigido como plus da vida cristã é não limitar o amor àqueles que nos fazem o bem ou, então, que já amamos. Trata-se da atitude daquele que, vítima do mal de outrem, permanece fazedor de paz (cf. Mt 5,9), generoso, disposto a perdoar. Pelo amor aos inimigos é que se mostra que o verdadeiro tesouro da pessoa está em Deus e o sustento da vida apoiado nas coisas que não passam; o amor não passa. A vida cristã é um modo de viver a existência humana. Aderir ao evangelho de Jesus Cristo supõe aceitar agir como Deus age e se comportar com a confiança e a serenidade que somente a referência aos bens celestes pode dar. A perfeição de que fala o nosso texto não diz respeito somente à integridade física e moral; ela diz respeito, igualmente, à observância e à fidelidade aos mandamentos da Lei de Deus (Sl 119,1). A passagem paralela de Lucas não fala de perfeição, mas põe o acento sobre a misericórdia de Deus que os discípulos de Jesus devem imitar (Lc 6,36). Propriamente, a “perfeição” consiste em amar como Deus ama, isto é, indistintamente, oferecendo a todos a graça de seus bens.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

O cumprimento da Lei e dos Profetas - Mt 5,17-19
Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para cumprir. Em verdade, eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo aconteça. Portanto, quem desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar os outros, será considerado o menor no Reino dos Céus. Porém, quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus.

Em Jesus, toda a Escritura encontra a sua realização
O modo como Jesus interpreta a Lei e ensina a praticá-la é desconcertante para os seus contemporâneos, sobretudo, para os detentores do poder religioso. Durante a sua vida terrestre, Jesus enfrentou a oposição de seus adversários que pensavam que o modo como ele interpretava e punha em prática a Lei e relia a Escritura era sinal de que sua determinação era abolir a Palavra de Deus. No embate apologético com o judaísmo rabínico, essa dificuldade se prolongou no cristianismo primitivo. O trecho do evangelho de hoje visa dirimir o equívoco. Em Jesus, toda a Escritura encontra a sua realização e no Ressuscitado, a sua luz e o seu sentido pleno. Jesus jamais, como ele mesmo diz, teve a intenção de abolir a Lei. Dizer isso dele é uma verdadeira blasfêmia. Para o cristão que lê essas linhas do evangelho é dado um critério de interpretação do Antigo Testamento: é a partir de Jesus Cristo que a Lei e os profetas devem ser lidos. Para o cristão, a Lei é pensada a partir da cristologia. A centralidade de Jesus Cristo faz com que a exigência primordial do amor e da misericórdia se imponha como condição de autenticidade ou não de determinada prática da Lei. O que tem precedência sobre quaisquer outras prescrições legais é o mandamento do amor (cf. Lc 10,25-37). O amor é, em última instância, a razão de ser da lei.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Vós sois o sal e a luz do mundo - Mt 5,13-16
Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal perde seu sabor, com que se salgará? Não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e pisado pelas pessoas. Vós sois a luz do mundo. Uma cidade construída sobre a montanha não fica escondida. Não se acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma caixa, mas sim no candelabro, onde ela brilha para todos os que estão em casa. Assim também brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus.

Ouvir e agir segundo a Palavra
O que está contido nestes poucos versículos do evangelho de hoje é a vocação de todo o povo de Deus. Uma das características da vida cristã é a união entre a escuta da palavra e o agir em consonância com essa escuta. É o que sugere a parábola do sal. Para realizar a sua dupla função de condimentar e conservar, o sal tem que preservar sua propriedade característica. Se o sal perde sua característica, ele não serve para mais nada, será lançado fora e pisoteado. Da mesma forma o discípulo, se ele perde a sua qualidade própria de testemunha, ele não serve para mais nada como discípulo. O sal simboliza a fé viva do discípulo; o desvirtuar-se de sua característica equivale à perda da fé. Para evitar a perda da fé e mantê-la viva é necessário que o discípulo permaneça unido ao Senhor. Desde muito cedo Israel é chamado a ser luz para as nações (Is 42,6; 49,6; Lc 2,32). A luz que resplandece no discípulo é a luz do Cristo ressuscitado e a luz da Palavra de Deus que ilumina os seus passos. É necessário que na sua vida no mundo essa luz apareça através do seu agir. O cristão não possui luz própria; a luz nele é dom de Deus. Por isso, no mundo, ele é chamado a ser reflexo da luz divina.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Agenda

Acordar, levantar,
fazer a barba,
tomar banho
na água fria,
vestir-se perfumar-se,
encontrar a amada
que já fez o café.
Beijá-la a ela e os filhos,
brincar com os pequenos
antes da pressa de sair.
No trabalho uma pausa
para dizer à amada
que levou os filhos à escola e pensa nela
como o bater de seu coração.
A mulher não faz agenda,

ela é a agenda.

Paulo Motta
As bem-aventuranças - Mt 5,1-12

Vendo as multidões, Jesus subiu à montanha e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e ele começou a ensinar: “Felizes os pobres no espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Felizes os que choram, porque serão consolados. Felizes os mansos, porque receberão a terra em herança. Felizes os que têm fome e sede da justiça, porque serão saciados. Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Felizes sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus. Pois foi deste modo que perseguiram os profetas que vieram antes de vós”.

Reflexão 
A partir de hoje, a Igreja nos propõe a leitura continuada do Evangelho de São Mateus nos dias de semana do Tempo Comum, omitindo o seu início porque é apresentado no ciclo litúrgico do Natal e o seu final, que nos é proposto para a reflexão no ciclo da Páscoa, de modo que iniciamos com o sermão da montanha (capítulos 5, 6 e 7). O sermão da montanha nos mostra a moral da Nova Aliança e começa com as bem-aventuranças, apresentadas no Evangelho de hoje, e que nos mostram as motivações e as virtudes que nos são necessárias para que assumamos os valores do Reino de Deus e possamos viver de forma madura o que nos é proposto por Jesus.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

MEU NOME É MULHER


Me chamaram Lucy, Eva, Maria.
Que importa o nome próprio
por outros dado a mim no tempo.
Meu nome é mulher como me chamou
meu criador com a missão recebida.


Estou feliz porque faço a felicidade
de todos por tudo que sou e represento.Tenho em mim a delicadeza e o perfume das flores, a força e a determinação que a vida de mim brotada tem.


Como a água, sou usada e represada
para irrigar as plantas humanas.
Fui fechada nos limites da casa familiar
com a missão de economia doméstica,
limitando minhas ambições, meus sonhos.

Vivi à sombra nos umbrais domésticos
acumulando energias para a renovação
de um mundo machista e solitário.
E quando senti chegada minha hora e vez
eis-me a serviço de nova sociedade.

Onde pulsa a vida e a necessidade
do trabalho com eficiência e amor.
Ali é meu lugar, renovando quadros,
levando seriedade, dedicação e fé,
servindo e dignificando as profissões.

Meu nome é mulher, frágil pela
Emoção, forte pela determinação,
Guerreira da honra e honestidade
Crente em Deus e na força do bem,
Amada e respeitada pelo que sou.

Meu reino é a família, mas a vaidade
me acompanha, é meu feitio divino.
Deus me deu a beleza e o encanto
que trago sempre desde que sonhei
com a igualdade de oportunidades.

Paulo Motta
Os agricultores da vinha - Mc 12,1-12
Jesus começou a falar-lhes em parábolas: “Um homem plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, cavou um lagar para pisar as uvas e construiu uma torre de guarda. Ele a alugou a uns lavradores e viajou para longe. Depois mandou um servo para receber dos agricultores a sua parte dos frutos da vinha. Mas os agricultores o agarraram, bateram nele e o mandaram de volta sem nada. O proprietário mandou novamente outro servo. Este foi espancado na cabeça e ainda o insultaram. Mandou ainda um outro, e a esse mataram. E assim diversos outros: em uns bateram e a outros mataram. Agora restava ainda alguém: o filho amado. Por último, então, enviou o filho aos agricultores, pensando: ‘A meu filho respeitarão’. Mas aqueles agricultores disseram uns aos outros: ‘Este é o herdeiro. Vamos matá-lo, e a herança será nossa’. Agarraram o filho, mataram e o lançaram fora da vinha. Que fará o dono da vinha? Ele virá e fará perecer os agricultores, e entregará a vinha a outros. Acaso não leste na Escritura: 'A pedra que os construtores rejeitaram, esta é que se tornou a pedra angular. Isto foi feito pelo Senhor, e é admirável aos nossos olhos'?" Eles procuravam prender Jesus, pois entenderam que tinha contado a parábola com referência a eles. Mas ficaram com medo da multidão; por isso, deixaram Jesus e foram embora.

Reflexão - Mc 12, 1 12
O que aconteceu com os vinhateiros apresentadas na parábola do evangelho de hoje pode acontecer a todos nós principalmente quando nos deixamos levar pelo desejo de ter poder e de ter riquezas, que nos leva à tentação de nos apossarmos de tudo, inclusive das coisas de Deus e até mesmo do próprio Deus e a queremos usar de tudo isso em nosso próprio benefício. Quando fazemos isso, estamos na verdade rejeitando a presença do próprio Cristo em nossas vidas, que se dá também por meio dos pobres e necessitados que procuram a misericórdia do nosso coração e não o nosso autoritarismo e a nossa prepotência em relação a eles.