segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O futuro pode estar nas águas passadas 
O Brasil é o terceiro país com o maior potencial hidrelétrico no mundo, atrás só da China e da Rússia, mas não está aproveitando dessa vantagem como poderia. Há anos, o conceito de "usinas hidrelétricas reversíveis de múltiplos usos", - plantas que geram energia, controlam as cheias dos rios, fornecem água potável e oferecem áreas de lazer e pesca - é conhecido no país, mas nenhum empreendimento desse tipo foi implantado. Em 2003, o governo de São Paulo chegou a contemplar a construção de uma usina no rio Juquiá, na bacia do rio Ribeira de Iguape, mas acabou desistindo. Se o projeto tivesse ido adiante, não haveria a atual crise de abastecimento de água na capital. 
Usinas reversíveis possuem dois reservatórios, um na parte de cima e outro na de baixo, e produzem energia de duas formas: a tradicional, em que a água desce de uma represa para a outra movendo turbinas e gerando eletricidade em momentos de maior demanda, e a complementar, que usa bombeamento reverso para levar água do reservatório inferior para o superior quando há menos demanda, garantindo o reúso. 
A última grande ampliação da rede d'água de São Paulo foi feita em 1993, quando foi implantado o sistema Alto Tietê. O complexo tem capacidade para fornecer 15 m³/s, o suficiente para abastecer 3 milhões de pessoas. Com a pressão demográfica, a expansão da oferta é uma demanda inescapável em longo prazo, mesmo com melhorias substanciais no funcionamento da rede. As soluções duradouras passam pelo uso da bacia do Ribeira de Iguape, o último grande rio intacto do Estado de São Paulo, previsto no Plano Diretor do DAEE. 
"A solução é buscar água na represa de Jurumirim, no rio Paranapanema, ou explorar melhor os rios São Lourenço e Juquiá, na bacia do Ribeira de Iguape", defendeu braga. A instalação de uma usina reversível na região figura entre as possibilidades. "Se nada disso saiu do papel, foi por que ninguém teve coragem. São projetos de bilhões de dólares", ponderou Braga - Secretário de Recursos Hídricos de São Paulo. 

Revista: Planeta
autor: Camilo Gomide

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