terça-feira, 3 de fevereiro de 2015



Nova metodologia de aula

Faltou professor de português para os alunos do segundo grau. Diversos professores foram sondados e não se chegava a uma possibilidade de ajustamento de horários. Foi feito convite a uma professora de renome na cidade e ela talvez por se tratar de colégio de padres não aceitou o convite, mas indicou seu marido que também era professor de português e lecionava na Universidade Federal.
Foi acertado com ele e começou a lecionar. O diretor do colégio tinha o costume de passar pelos corredores das aulas para reparar o andamento das aulas. Passando em frente à sala onde o novo contratado lecionava, estranhou o que viu: os alunos de cabeça baixa sobre a carteira e o professor sentado à mesa em atitude de meditação.
Curioso pelo panorama visto, continuou a olhar pelo vidro. Viu um aluno pular pela janela que dava para o jardim, depois outro e mais outro.
O diretor deu a volta e foi ao jardim esperar os puladores. Logo chegaram a meia dúzia. Ao fim da aula verificou que dos trinta alunos da classe apenas vinte estavam na sala. Levou os fujões ao professor e explicou o que estava acontecendo.
O mestre explicou que dava vinte minutos de aula e depois colocava um som para os alunos pensarem e depois na próxima aula partilharem com seus colegas o que tinham percebido. E acrescentou que era melhor trabalhar com poucos alunos que queiram aproveitar e deixar livres os que não se interessavam em participar e aprender.
Professor há um programa a desenvolver com todos os alunos e a aula é de português, não de psicologia, disse o diretor.

Contos de Paulo Motta
Livro: Memórias de um Seminarista

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