sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

                  Dormindo no banco da praça


Eu tinha feito uma promessa quando ainda menino de que se chegasse a ser padre iria rezar uma missa na Basílica de Aparecida. Na ocasião eu era um garoto de onze anos.O tempo passou. E o menino que fez a promessa chegou a ser padre. Não esqueceu seu compromisso com a Mãe de Deus, mas designado para lugares distantes, foi deixando para época mais oportuna. E essa chegou.
Estando no Rio de Janeiro, já com dez anos de ordenação providenciou a viagem até Aparecida. Naquela época havia o chamado trem de aço que fazia o percurso Rio – São Paulo. Era o noturno que saia do Rio às vinte horas, passava por Aparecida por volta das duas da madrugada. A essa hora tudo parado, todos dormindo não era o caso de procurar um hotel porque às seis horas a Basílica já estaria aberta. Fazia frio, mas o padre estava agasalhado com uma longa capa dupla.
Havia uma praça e nela muitos bancos. Escolhi um deles mais perto do templo e nele resolvi dormir. Estava tão cansado e com tanto sono que dormi um sono dos anjos…
Por volta das cinco horas da manhã os caminhões estacionados na praça começaram a se movimentar e seus motoristas que dormiram no próprio veículo, passavam para tomar um cafezinho quente. Vendo alguém dormindo no banco da praça, passaram devagar comentando: “É isso aí o cara enche a cara depois não consegue voltar para casa, cai no primeiro banco embalado pela pinga…
Eu acordei com o barulho de caminhões ligados e com a conversa bem perto de mim. Não me levantei para explicar ou me justificar.
Depois, levantei-me ainda com sono e me dirigi devagar para o lado da igreja, que de fato abriu as portas às cinco e meia da manhã. Lá rindo de mim  mesmo e pensando como o povo, em geral julga as pessoas. E como foi bom passar por bêbado quem de fato tinha vontade de se embriagar pelas coisas divinas e pela sua história da vida de menino  quando ali fiz a promessa.
 
Contos de Paulo Motta
Livro: Memórias de um Seminarista
Para refletir a Palavra de Deus no dia de hoje.

Evangelho (Mc 4,26-34)

O Evangelho de hoje traz duas parábolas do Reino:
1. A primeira delas, apresenta que o Reino de Deus exige uma dupla atitude: empenho e espera. 
2. A segunda, exige perseverança na espera paciente.
O Reino de Deus não nasce já grande e vistoso. As parábolas são um convite à confiança e à esperança. 
A 1ª leitura de hoje da carta aos Hebreus cap. 10, 36-39, nos exorta quanto a vivência dessa perseverança quando diz: 36De fato, precisais de perseverança para cumprir a vontade de Deus e alcançar o que ele prometeu. 37Porque ainda bem pouco tempo, e aquele que deve vir virá e não tardará. 38O meu justo viverá por causa de sua fidelidade, mas, se esmorecer, não encontrarei mais satisfação nele”. 39Nós não somos desertores, para a perdição. Somos homens da fé, para a salvação da alma.

  

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015



       SEGREDO














O segredo da noite que desce sobre a terra.
O brilho das estrelas, só os poetas interpretam.
Só o vento conhece o segredo do espaço.
O mar na sua grandeza e profundidade
esconde seu segredo nunca desvendado.

O segredo das matas, elas o trazem consigo;
derrubadas e mal tratadas morrem e não o revelam.
O segredo da flor ela não conta nem às borboletas.
O segredo da vida é o mesmo do Criador.

O segredo das pessoas só Deus o conhece.
O segredo da rocha o túnel não descobriu.
O segredo da sabedoria o sábio silencia e guarda.
Para o segredo e o mistério faltam palavras
mas tudo e todos os têm, é o belo da vida.

Paulo Motta
Palavra de Deus Hoje...
Hebreus 10, 22-25
Aproximemo-nos, portanto,
de coração sincero e cheio de fé,
com coração purificado de toda a má consciência
e o corpo lavado com água pura.
23Sem desânimo, continuemos a afirmar a nossa esperança,
porque é fiel quem fez a promessa.
24Sejamos atentos uns aos outros,
para nos incentivar à caridade e às boas obras.
25Não abandonemos as nossas assembleias,
como alguns costumam fazer.
Antes, procuremos animar-nos mutuamente,
e tanto mais quanto vedes o dia aproximar-se.
Palavra do Senhor!

Evangelho - Mc 4,21-25 

Naquele tempo, Jesus disse à multidão:
1'Quem é que traz uma lâmpada
para colocá-la debaixo de um caixote, ou debaixo da cama?
Ao contrário, não a coloca num candeeiro?
22Assim, tudo o que está escondido
deverá tornar-se manifesto,
e tudo o que está em segredo deverá ser descoberto.
23Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.'
24Jesus dizia ainda:
'Prestai atenção no que ouvis:
com a mesma medida com que medirdes,
também vós sereis medidos;
e vos será dado ainda mais.
25Ao que tem alguma coisa, será dado ainda mais;
do que não tem, será tirado até mesmo o que ele tem.'
 

Palavra da Salvação.


quarta-feira, 28 de janeiro de 2015



Santo Tomás de Aquino


Nascido em uma família de nobres, Tomás de Aquino fez os primeiros estudos no castelo de Monte Cassino. Em Nápoles, para onde foi em 1239, estudou artes liberais, ingressando, em seguida, na Ordem dos Dominicanos, em 1244. De Nápoles, a caminho de Paris, em companhia do Geral da ordem, foi sequestrado por seus irmãos, inconformados com seu ingresso no convento.
A primeira questão de que se ocupa Tomás de Aquino - na Suma Teológica, sua obra máxima - é a das relações entre a ciência e a fé, a filosofia e a teologia. Fundada na revelação, a teologia é a ciência suprema, da qual a filosofia é serva ou auxiliar. À filosofia, procedendo de acordo com a razão, cabe demonstrar a existência e a natureza de Deus.
Numa época em que a Igreja ainda buscava em Santo Agostinho (354-430) e seus seguidores grande parte da sustentação doutrinária, Tomás de Aquino formulou um amplo sistema filosófico que conciliava a fé cristã com o pensamento do grego Aristóteles (384-322 a. C.) - algo que parecia impossível, até herético, para boa parte dos teólogos da época. Não se tratava apenas de adotar princípios opostos aos dos agostinianos - que se inspiravam no idealismo de Platão (427-347 a. C.) e não no realismo aristotélico - mas de trazer para dentro da Igreja um pensador que não concebia um Deus criador nem a vida após a morte.
Profundamente influenciado por Aristóteles, Tomás de Aquino sustenta que nada está na inteligência que não tenha estado antes nos sentidos, razão pela qual não podemos ter de Deus, imediatamente, uma idéia clara e distinta.
Um exemplo de como o tomismo emprega a razão a serviço da fé cristã é o conjunto de argumentos, todos de cunho empírico, isto é, que se demonstram por via da experiência, que provam a existência de Deus. Eles ficaram conhecidos como as Cinco Vias que levam a Deus. São elas:
1) Movimento: as coisas se movem. E se existe o movimento, existe também alguém que provoca o movimento.
2) Causalidade: É impossível algo ser causa e efeito ao mesmo tempo. Observa-se na natureza uma ordem segundo uma relação de causa e efeito. Não há efeito sem causa.
3) Possível e necessário: As coisas podem ser e não ser. Todas as pessoas que conhecemos e nós mesmos não existimos para sempre, somos seres contingentes.     
4) Graus de perfeição: "Existe algo que é, para todos os outros entes, causa de ser, de bondade e de toda a perfeição: nós o chamamos Deus".
5) Finalidade: trata dos seres que se movem em uma direção, que possuem uma finalidade, o que é facilmente verificável na vida na Terra, que progride rumo a maiores níveis de organização, desde simples bactérias até modernas sociedades humanas.
Tomás de Aquino acentuou a diferença entre a Filosofia, que estuda todas as coisas pelas últimas causas através da luz da razão, e a Teologia, ciência de Deus à luz da revelação.
Mostrou que o homem é o ponto de convergência de toda a criação e que nele se encerram,de certo modo, todas as coisas.
Ensinou que há uma união substancial entre a alma e o corpo. Isto é o fundamento maior da dignidade da pessoa humana. Esta é um corpo que está enformado por uma alma ou uma alma a enformar um corpo.
Defendeu o livre arbítrio, ou seja, a liberdade da vontade humana para aderir ao bem ou ao mal, donde a responsabilidade moral do homem. Daí a sanção da lei: prêmio para as boas ações e punição para os atos maus.
Para ele a morte determina para sempre a alma humana quer na desordem e na infelicidade, quer na ordem e na felicidade, como está na Bíblia.

Link: http://www.mundodosfilosofos.com.br/aquino.htm
Evangelho (Mc 4,1-20)

Naquele tempo, 1Jesus começou a ensinar de novo às margens do mar da Galileia. Uma multidão muito grande se reuniu em volta dele, de modo que Jesus entrou numa barca e se sentou, enquanto a multidão permanecia junto às margens, na praia.
2Jesus ensinava-lhes muitas coisas em parábolas. E, em seu ensinamento, dizia-lhes: 3“Escutai! O semeador saiu a semear. 4Enquanto semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho; vieram os pássaros e a comeram. 5Outra parte caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; brotou logo, porque a terra não era profunda, 6mas, quando saiu o sol, ela foi queimada; e, como não tinha raiz, secou. 7Outra parte caiu no meio dos espinhos; os espinhos cresceram, a sufocaram, e ela não deu fruto.
8Outra parte caiu em terra boa e deu fruto, que foi crescendo e aumentando, chegando a render trinta, sessenta e até cem por um”. 9E Jesus dizia: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. 10Quando ficou sozinho, os que estavam com ele, junto com os Doze, perguntaram sobre as parábolas. 11Jesus lhes disse: “A vós, foi dado o mistério do Reino de Deus; para os que estão fora, tudo acontece em parábolas, 12para que olhem mas não enxerguem, escutem mas não compreendam, para que não se convertam e não sejam perdoados”.
13E lhes disse: “Vós não compreendeis esta parábola? Então, como compreendereis todas as outras parábolas? 14O semeador semeia a Palavra. 15Os que estão na beira do caminho são aqueles nos quais a Palavra foi semeada; logo que a escutam, chega Satanás e tira a Palavra que neles foi semeada. 16Do mesmo modo, os que receberam a semente em terreno pedregoso, são aqueles que ouvem a Palavra e logo a recebem com alegria, 17mas não têm raiz em si mesmos, são inconstantes; quando chega uma tribulação ou perseguição, por causa da Palavra, logo desistem.
18Outros recebem a semente entre os espinhos: são aqueles que ouvem a Palavra; 19mas quando surgem as preocupações do mundo, a ilusão da riqueza e todos os outros desejos, sufocam a Palavra, e ela não produz fruto. 20Por fim, aqueles que recebem a semente em terreno bom são os que ouvem a Palavra, a recebem e dão fruto; um dá trinta, outro sessenta e outro cem por um.”

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

Comentário

Nosso texto pode ser dividido em duas partes: a parábola e a explicação  ou alegoria da parábola. é provável que a redação da alegoria da parábola tenha sido escrita num período distinto daquele em que a parábola foi dita.  Muito embora não tenhamos acesso ao contexto original em que a parábola foi pronunciada, podemos conjeturar que tipo de questão pode ter dado origem à parábola do semeador: Por que a Palavra de Deus é semeada no coração de uns e não de outros? Porque ela produz frutos em uns e não em outros? Deus faz distinção de pessoas? Deus não faz acepção de pessoas. A semente é semeada em toda a extensão do terreno. sua Palavra é oferecida e semeada no coração de todo ser humano indistintamente. O modo com que a Palavra de Deus é acolhida e o espaço que ela encontra no coração e na vida de cada um é que permite ou não que ela produza os frutos próprios de seu dinamismo, pois assim como a chuva e a neve que caem do céu para lá não voltam sem terem regado a terra, assim é a Palavra que sai da boca de Deus e que cai no coração do ser humano.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Evangelho (Mc 3,31-35)
Naquele tempo, 31chegaram a mãe de Jesus e seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. 32Havia uma multidão sentada ao redor dele. Então lhe disseram: “Tua mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura”.
33Ele respondeu: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” 34E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos. 35Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

Comentário
Aprendamos com Maria a sermos discípulos de Jesus! Ela é a discípula por excelência do Senhor, e como ela precisamos nos tornar também discípulos d’Ele! 
“Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Marcos 3, 35).

Ao redor de Jesus se comprime uma multidão, sentada ao redor d’Ele para escutá-Lo e se alimentar de Suas palavras e de Seus ensinamentos. Aquela multidão tem sede e fome de escutar o Senhor, de se alimentar de Suas palavras. Mas, por outro lado, alguns dizem que lá fora estava a Mãe e os irmãos d’Ele O chamando. E Jesus estabelece a prioridade das relações humanas com Ele, a qual também deve regular a nossa vida: “Quem é minha mãe, quem são meus irmãos?” São aqueles que, antes de tudo, ouvem a Sua Palavra e fazem a vontade de Deus!
Deixe-me dizer uma coisa a você: não é surpresa a nenhum de nós que muitos dos parentes de Jesus não O ouviam, não O compreendiam e achavam que Ele estava louco, desvairado, um pouco fora de si e, muitas vezes, tentaram arrancá-Lo [de Sua missão]. Alguns podem achar que até a Mãe de Jesus fazia isso, mas não é verdade; Maria foi a primeira discípula do seu Filho, foi ela quem mais O escutou ainda no seu ventre, quando Ele era apenas um bebê, um feto dentro dela, ela escutava o coração d’Ele bater, escutava os primeiros impulsos humanos d’Ele. Foi ela a primeira a escutar Sua voz.
E se Jesus aprendeu a falar, foi com a Mãe d’Ele; do mesmo modo se Ele aprendeu a andar foi com ela. Foi ela quem O lavou e quem cuidou d’Ele, ela foi, com o tempo, compreendendo e entendendo que esse Menino tinha uma missão divina.
Nós só não podemos entender que a missão de Maria seja apenas uma missão biológica, assim como a missão de qualquer mãe não é apenas biológica. A missão de uma mãe não é apenas gerar um filho e o entregar para o mundo. A missão de toda mãe é gerar, educar, cuidar e acompanhar o filho e ser mãe dele até a eternidade! Com a Mãe de Jesus não foi diferente; ela criou, educou, formou e depois se tornou discípula do seu Filho.
Nós, hoje, queremos olhar para Maria e aprender o segredo dela para também seguirmos Jesus. Nossa Senhora carregou Jesus nos seus braços por toda a vida, desde o nascimento d’Ele na gruta de Belém até quando o corpo d’Ele desceu do calvário, desceu da cruz, morto, estava nos braços dela. Ela escutou as palavras do Filho e escutou o silêncio d’Ele; escutou Seus primeiros gemidos e escutou os gemidos finais. Por isso Maria é a discípula por excelência do Senhor, e precisamos nos tornar também discípulos d’Ele!
Não basta ser somente batizado, crismado e ir à Santa Missa todos os domingos. Ótimo, estes são os passos primeiros e necessários, mas se não dermos o passo posterior, que é escutá-Lo a cada dia, nós não conseguiremos ser Seus discípulos.
Quanta gente de Igreja há que até fala de Jesus, O anuncia, prega em Seu nome, mas não O  escuta nem tem tempo para estar aos Seus pés, não tem tempo para meditar Sua Palavra e para escutá-la. Por isso essas pessoas se tornam discípulas ineficazes naquilo que fazem. A primeira característica do discípulo de Jesus é escutá-Lo e fazer a vontade do Pai!
Que Maria, a discípula por excelência do Senhor, que fez tão bem esse discipulado, nos ensine a sermos discípulos do seu Filho!


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015



O Pássaro e a Gaiola


Quero viver ao ar livre.
A Casa é uma gaiola.

Quero ser protegido,
sinto-me estrangulado.

As portas da casa, suas paredes
me põem em solidão e segurança.

Detesto gaiolas, pássaros presos
e que, ainda assim mesmo, cantam.

Quero um ar diferente, um ar misturado
de incertezas e risco
o ar livre do tempo.

Estou farto de tanta segurança.
Quero ser invadido.
Para isto nasci: encontrar-me nos outros.

A vida é curta.
Tenho pressa.
E gente me faz falta.
E gente me aborrece. 

Autor: Daniel Lima
Evangelho (Mc 3,22-30)


Naquele tempo, 22os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Beelzebul, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios. 23Então Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: “Como é que Satanás pode expulsar a Satanás? 24Se um reino se divide contra si mesmo ele não poderá manter-se. 25Se uma família se divide contra si mesma, ela não poderá manter-se. 26Assim, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído. 27Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para roubar seus bens, sem antes o amarrar. Só depois poderá saquear sua casa.
28Em verdade vos digo: tudo será perdoado aos homens, tanto nos pecados, como qualquer blasfêmia que tiverem dito. 29Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno”. 30Jesus falou isso, porque diziam: “Ele está possuído por um espírito mau”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

Comentário

A contar pelo contexto literário, os textos anteriores ao nosso nos permitem ter o pano de fundo a partir do qual é feita a acusação pelos escribas oriundos de Jerusalém de que o espírito de Beelzebu é o que movia Jesus. O modo como Jesus interpretava e punha em prática a Lei de Moisés não só gerava crise como fazia desmoronar o sistema de pureza e a prática da Lei pautada por um rigoroso tal que, mais adiante em nosso relato, Jesus dirá se "tradição humana", que deixa de lado o "mandamento de Deus". Os escribas e com eles os fariseus, entre outros, se sentiam ameaçados em seu modo de praticar a religião. A esclerocardia deles os impedia de questionarem o seu próprio modo de viver a religião. Julgando-se justos por essa prática da Lei, todos os demais para eles estavam equivocados. Daí a crítica intempestiva e contraditória a Jesus. O ouvinte e/ou leitor do evangelho que passou pela notícia do Batismo de Jesus, sabe que ele é revestido do Espírito Santo. E por isso não admitir, a não ser como absurda, a acusação dos escribas. Ninguém podia fazer o bem que Jesus fazia se Deus não estivesse com ele. a blasfêmia contra o Espírito Santo é fechamento à graça de Deus.
 

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015



Lampião
 
 Aula de literatura. Análises criticas de textos de grandes autores.
Após um ano, as provas. O título escolhido foi lampião, após leitura da poesia sobre lampião de gás em aulas passadas, poesia linda, uma aluna que ouvira falar muito sobre o bandoleiro do nordeste que espalhou tanto medo no sertão, ligou-se de imediato no herói do espaço nordestino. Escreveu três laudas fazendo considerações sobre ele. Analisou o menino pobre do sertão, as injustiças de um governo aliado aos coronéis, a carência de educação e saúde. Sentia-se empolgada. Muito ouvira falar dele. Conhecia pessoas que conheceram e até acompanharam o justiceiro do sertão. A aluna não esquecera que Lampião trazia sempre com ele uma colher de prata, que colocada nos alimentos empretejava se eles estivessem envenenados. Então, ai de quem preparara a refeição.
Terminada a prova à hora do recreio, conversando com as colegas veio a saber que o tema era sobre lampião de gás que tanta saudade causava aos nossos avós.
A nossa escritora esperava uma nota máxima pelo esbanjamento de conhecimentos dos fatos históricos de um passado tão marcante e divulgado no meio do povo.
E agora? Reprovação, nota baixa, ridículo perante a sala? Não se conteve e chorou. Como foi possível uma distração tão grande influenciada por estórias ouvidas em casa? O jeito era procurar o professor e pedir nova chance com outra prova, afinal o assunto escolhido também lhe era familiar. Seus avós e seus pais eram do tempo do lampião e da lamparina... Mas o professor rindo, lhe disse: Amei seu trabalho. Foi ótimo. Não vou lhe dizer como Santo Agostinho, “bene curristi, sed extra viam”, traduzindo: falaste muito bem, mas fora do assunto. Pelo contrário dei nota máxima ao seu trabalho. A aluna chorou de novo. Agora de alegria e gratidão ao professor.
Contando o caso posteriormente, atribuiu a seu professor sensibilidade em valorizar mais o contudo do que a forma.
       Atitude pouco ou nada comum entre professores. Principalmente quando o pedagogo conhece seu aluno e o acompanha ao longo da aprendizagem.

Autor: Paulo Motta
Livro: Memória de um Seminarista
Evangelho (Mc 3,13-19)

Naquele tempo, 13Jesus subiu ao monte e chamou os que ele quis. E foram até ele. 14Então Jesus designou Doze, para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar, 15com autoridade para expulsar os demônios. 16Designou, pois, os Doze: Simão, a quem deu o nome de Pedro; 17Tiago e João, filhos de Zebedeu, aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer “Filhos do trovão”; 18André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o cananeu, 19e Judas Iscariotes, aquele que depois o traiu.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

Comentário
É o terceiro relato de vocação no evangelho segundo Marcos. Todos eles têm em comum o fato de que o chamado dos Doze é iniciativa de Jesus; são chamados, em primeiro lugar, para acompanharem (seguirem) Jesus e, em seguida, serem enviados por ele. A montanha, sem localização precisa, é, aqui, a “montanha de Deus”, lugar da revelação de Deus e de seus desígnios. “Doze” evoca as doze tribos de Israel. Com isso Jesus, constituindo os Doze como apóstolos, visa todo o povo escolhido por Deus; a missão dos apóstolos está relacionada com a vocação do povo eleito de Deus. Ao mesmo tempo, a eleição dos Doze aponta para a perspectiva do novo povo de Deus, constituído não pela descendência do sangue, mas pela adesão às pessoas de Jesus. Os Doze partilham da vida do seu Mestre e, para a sua missão, recebem dele o poder de expulsar demônios. Essa expressão “expulsar demônios” equivale a “farei de vós pescadores de homens”. Efetivamente, é o mal que desfigura no ser humano a imagem de Deus e impede de acolher o Reino de Deus, já presente em Jesus, como dom; é o mal que impede o ser humano de ceder à atração de Deus. É ainda o mal que, enigmaticamente, habita o coração do homem feito à imagem e semelhança de Deus, escraviza o ser humano e o faz prisioneiro de suas próprias afeições desordenadas.

 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Jesus para os Evangelistas
Os evangelhos não recordam apenas as palavras de Jesus. Recolhem também seus feitos e sua vida. Não o fazem para redigir a biografia de um grande personagem do passado nem para esboçar seu retrato histórico ou psicológico. Não é isso que lhe interessa. O que querem é revelar a presença salvadora de Deus, que ressuscitou Jesus, mas que estava já atuando em sua vida. Quando Jesus curava os enfermos, estava comunicando a eles a força, a saúde e  vida desse Deus que revelou todo o seu poder salvador ressuscitando-o da morte. Ao defender a dignidade dos pobres, vítimas de tantas injustiças, estava exigindo a justiça de Deus, que se manifestou como seu primeiro defensor ressuscitando Jesus dentre os mortos. Ao acolher "pecadores e publicanos" à sua mesa, Jesus estava oferecendo a eles o perdão e a paz de Deus, que os discípulos estão saboreando ao encontrar-se com o Ressuscitado.
Este olhar novo lançado sobre Jesus, suscitado pela fé num Deus que se identificou com ele até ao ponto de ressuscitá-lo dentre os mortos, abre um horizonte insuspeitado a seus seguidores da Galileia. Na história de Jesus contemplam a irrupção de Deus. A história que narram é uma história vivida por Deus encarnado em seu Filho. Uma história cheia de conflitos e desafios, mas, sobretudo, uma história cheia de promessas e de esperanças. Os evangelistas narram a história de Jesus como "o acontecimento central da história do mundo". Dali em diante, o passado e o futuro estão ligados a este fragmento de história no qual se nos dá a conhecer definitivamente o rosto de Deus encarnado em Jesus.

Livro: Jesus - Aproximação Histórica
Autor: José Antônio Pagola
Evangelho (Mc 3,7-12)
Naquele tempo, 7Jesus se retirou para a beira do mar, junto com seus discípulos. Muita gente da Galileia o seguia. 8E também muita gente da Judeia, de Jerusalém, da Idumeia, do outro lado do Jordão, dos territórios de Tiro e Sidônia, foi até Jesus, porque tinham ouvido falar de tudo o que ele fazia. 9Então Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca, por causa da multidão, para que não o comprimisse.
10Com efeito, Jesus tinha curado muitas pessoas, e todos os que sofriam de algum mal jogavam-se sobre ele para tocá-lo. 11Vendo Jesus, os espíritos maus caíam a seus pés, gritando: “Tu és o Filho de Deus!” 12Mas Jesus ordenava severamente para não dizerem quem ele era.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

Reflexão - Mc 3, 7-12

O evangelho de hoje é uma continuação dos evangelhos anteriores e nos mostra que, se por um lado, as autoridades religiosas da época de Jesus não concordavam com o seu modo de agir e com os seus ensinamentos, por outro lado, a multidão cada vez mais aderia aos seus ensinamentos e procurava em Jesus a solução para os seus problemas, naturais ou espirituais. A visão institucionalizada da fé é importante porque nos ajuda a viver comunitariamente o nosso relacionamento com Deus, mas pode ser perigosa enquanto pode submeter o próprio Deus aos critérios da razão humana ou legitimar, em nome de Deus, relacionamentos e costumes meramente humanos que podem até ser opressores e excludentes.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015



Há passado demais em cada vida,
ele se acresce em peso a cada hora,
e  se a ele te apega
não te será possível ir adiante.
Vive só o presente
sem marcas nem lembranças,
pois é leve o que passa
enquanto vai passando,
e ser feliz é perceber apenas
a passagem. 
 Autor: Daniel Lima
Evangelho (Mc 3,1-6)
Naquele tempo, 1Jesus entrou de novo na sinagoga. Havia ali um homem com a mão seca. 2Alguns o observavam para ver se haveria de curar em dia de sábado, para poderem acusá-lo. 3Jesus disse ao homem da mão seca: “Levanta-te e fica aqui no meio!” 4E perguntou-lhes: “É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?” Mas eles nada disseram. 5Jesus, então, olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração; e disse ao homem: “Estende a mão”. Ele a estendeu e a mão ficou curada.
6Ao saírem, os fariseus com os partidários de Herodes, imediatamente tramaram, contra Jesus, a maneira como haveriam de matá-lo.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

Reflexão
Trata-se da última disputa nessa seção denominada de "controvérsias galileanas". Uma vez mais, o objeto da controvérsia é o descanso sabático. Os opositores de Jesus estão sempre à espreita com intuito de pegá-lo e eliminá-lo. Efetivamente, a compreensão e a prática da Lei por parte de Jesus são tão desconcertantes que, para uma mentalidade da estrita observância da Lei, só há a certeza de que o outro está "fora da lei" e blasfema. Para um homem de fé, instruído na Lei, a alternativa vida ou morte não é sequer razoável; ela contradiz a Lei cuja finalidade última é preservar o dom da vida e da liberdade. O silêncio dos opositores de Jesus diante da pergunta leva o narrador do Evangelho a concluir que a resistência deles se devia à esclerocardia (= dureza de coração). Esse fechamento extremo  impede de reconhecer o tempo messiânico. O autor do evangelho antecipa o motivo da condenação e morte de Jesus. Essa antecipação fez com que muitos comentaristas considerassem o evangelho de Marcos como um grande relato da paixão e morte do Senhor. 
 

terça-feira, 20 de janeiro de 2015




Sozinho em minha ilha,
vejo de longe o mundo
como algo distante e diferente.

Mas esse que vejo assim distante
é a própria ilha em que estou.

E esta ilha é o mundo que sou eu. 

Autor: Daniel Lima


FAZER NADA


A manhã está do jeito que eu gosto. Céu azul, ventinho frio. Logo bem cedinho convidou-me a fazer nada. Dar uma caminhada – não por razões de saúde, mas por puro prazer. Os ipês-rosa floriram antes do tempo – vocês já notaram? E não existe coisa mais linda que uma copa de ipê contra o céu azul. Cessam todos os pensamentos ansiosos e a gente fica possuído por pura gratidão de que a vida seja tão generosa em coisas belas. Ali, debaixo do ipê, não há nada que eu possa fazer. Não há nada que eu deva fazer. Qualquer ação minha seria supérflua. Pois como poderia eu melhorar o que já é perfeito? 
Lembro-me das minhas primeiras lições de filosofia, de como eu me ri quando li que, para o Taoísmo, a felicidade suprema é aquilo a que dão o nome de Wu-Wei, fazer nada. Achei que eram doidos. Porque, naqueles tempos, eu era um ser ético que julgava que a ação era a coisa mais importante. Ainda não havia aprendido as lições do Paraíso – que quando se está diante da beleza só nos resta...fazer nada, gozar a felicidade que nos é oferecida. 
Queria perguntar aos ipês das razões do seu equívoco. Será que, por acaso, não possuíam uma agenda? Pois, se possuíssem, saberiam que floração de ipê está agendada somente para o mês de julho. Qualquer um que preste atenção nos tempos da natureza sabe disto. Mas antes que fizesse minha pergunta tola ouvi, dentro de mim, a resposta que me dariam. Responderiam citando o místico medieval Ângelus Silésius, que dizia que as flores não têm porquês; florescem porque florescem. Pensei que seria bom se também nós fôssemos como as plantas, que nossas ações fossem um puro transbordar de vitalidade, uma pura explosão de uma beleza que cresceu por dentro e não mais por ser guardada. Sem razões, por puro prazer. 
Mas aí olho para a mesa e um livro de capa verde me lembra que não vivo no Paraíso, que não tenho o direito de viver pelo prazer. Há deveres que me esperam. O que todos pedem de mim não é que eu floresça como os ipês, mas que eu cumpra os meus deveres – muito embora eles me levem para bem longe da minha felicidade. Pois dever é isto: aquela voz que grita mais alto que minhas flores não nascidas – os meus desejos – e me obriga a fazer o que não quero. Pois, se eu quisesse, ela não precisaria gritar. Eu faria por puro prazer.

Rubem Alves
Evangelho (Mc 2,23-28)
23Jesus estava passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a arrancar espigas, enquanto caminhavam. 24Então os fariseus disseram a Jesus: “Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?”
25Jesus lhes disse: “Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade e tiveram fome? 26Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus, e os deu também aos seus companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses pães”. 27E acrescentou: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. 28Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

Comentário
Novamente entra em discussão a questão das práticas religiosas. O evangelho de hoje nos apresenta a questão do legalismo religioso e da verdadeira finalidade da religião. Muitas vezes, vemos que as religiões estão muito mais fundamentadas em proibições do que em motivações e na criação de novos relacionamentos das pessoas com Deus e das pessoas entre si. O resultado dessa mentalidade é que a religião se torna cada vez mais uma coisa odiosa e insuportável, e Deus aparece não como um Pai amoroso, mas como um carrasco autoritário. A verdadeira religião é aquela que cria valores e leva as pessoas à maturidade em todos os sentidos para que livremente possam optar por Deus.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

ESTUDO BÍBLICO


Texto: “Ninguém põe remendo de pano novo em veste velha; porque o remendo tira parte da veste, e fica maior a rotura. Nem se põe vinho novo em odres velhos; do contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho, e os odres se perdem. Mas põem-se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam” (Mateus 9.16,17).

Introdução: O novo nascimento em Cristo é algo que deve mudar completamente a vida daqueles que experimentam receber Jesus como Senhor e salvador. A mudança é percebida quando o crente vai abandonando tudo aquilo que pertencia à sua velha vida. Não podemos querer conciliar a nova vida em Cristo com a velha vida do mundo.

1- O NOVO E O VELHO NÃO SE MISTURAM
Jesus estava ensinando aos discípulos de João que o evangelho é algo totalmente novo na vida daqueles que crêem n'Ele como o filho de Deus e se arrependem dos seus pecados (2 Co 5.17). Porém, é preciso disposição para romper com tudo aquilo que faz parte de uma vida sem Jesus.
Do mesmo modo que não se deve colocar um remendo novo numa roupa velha, o crente não pode querer andar com Jesus e continuar na prática do pecado, pois é impossível viver uma vida de santidade permanecendo com as mesmas atitudes de quando não tinha Jesus. Novo é novo e velho é velho.
Decida hoje abandonar tudo aquilo que ainda lembra a sua velha vida sem Cristo. Ore pedindo ao Senhor que purifique a sua vida e lhe dê forças para que você, a partir de hoje, busque a santificação da sua vida (Hb 12.14).

2- NÃO PODEMOS VIVER DE APARÊNCIAS
Aqueles que desejassem seguir Jesus precisariam abandonar as estruturas religiosas da época que levavam as pessoas a uma falsa religiosidade. Eles viviam uma vida de aparências, por fora eram belos como sepulcros caiados, mas por dentro só havia imundícia (Mt 23.27).
A opção pelo novo de Deus é uma decisão pessoal. Jesus não interfere em nossa vontade, mas espera que tomemos a decisão de deixarmos que Ele nos guie em todos os nossos caminhos. As coisas velhas só vão passar quando tomarmos esta decisão.
Decida eliminar tudo aquilo que lembra a sua velha vida. Comece fazendo uma limpeza dentro da sua casa e jogue fora tudo que ainda liga você à sua vida sem Jesus. Não dê nem venda, pois só devemos dar aquilo que queremos para nós também (Dt 7.26).

3- O VINHO NOVO E ODRE VELHO NÃO COMBINAM
Os odres eram sacos de couro utilizados para guardar líquidos. Um vinho novo só poderia ser colocado em um odre novo, pois a fermentação esticava o couro do odre que não deixava o vinho sair. Aquele odre não poderia ser usado novamente com vinho novo, pois odre sem elasticidade se rasgaria.
Para ser cheio do Espírito Santo de Deus o crente precisa ter a sua vida renovada em Cristo, pois o vinho novo de Deus não entra num odre velho e sujo. Assim como o vinho novo não combina com odre velho, o Espírito Santo não combina com uma vida de pecado (Ef 5.18).
Decida hoje ser um odre novo buscando uma vida de santidade, pois Deus quer levar você mais além do que você possa imaginar. Porém, é necessário que a sua vida esteja fluindo no Espírito Santo, desejando cada vez mais a Sua unção e poder (1Co 2.9).

Conclusão: Jesus disse que remendo novo não combina com roupa velha, ou seja, não podemos ser cheios do espírito Santo vivendo ainda no pecado. O crente não pode viver uma vida de aparência, ou somos crentes em Jesus ou não somos. Remendo novo em roupa velha não funciona; vinho novo em odre velho não combina. Amém.
Prs. Jairo e Lucia