Um mapa para encontrar o caminho da Felicidade
A Idea que essa frase parece dar me incomoda
até hoje. Sem um esclarecimento, alguém poderia achar que existe uma fórmula,
uma maneira de ser feliz e, mais do que isso, que eu a descobri e que escrevo
para compartilhá-la, como se fosse uma receita de bolo.
Lamento decepcioná-lo, mas nunca encontrei a
fórmula da felicidade. Na verdade, insisto em afirmar que ela não existe.
Acredito que nem deveríamos perder tempo procurando-a. Tenho certeza de que
seria melhor e mais saudável nos dedicarmos a resolver tudo aquilo que nos
impede de ser felizes.
Afinal, o que são nossos problemas se não
obstáculos no caminho de nossa realização pessoal? O que poderia ser mais
importante do que esse objetivo, mesmo que para muitos, como eu, por exemplo,
seja difícil defini-lo com uma só palavra?
Alguns o chamam de “autorrealização”; outros,
de “consciência contínua” ou “percepção”. Há quem o considere um estado de
iluminação ou êxtase espiritual e uns poucos o identifica como o encontro da
tão desejada paz interior. Há ainda quem prefira defini-lo simplesmente como
“sentir-se pleno”.
A verdade é que, independentemente do nome
que damos ou mesmo se pensamos nisso ou não, ser feliz é nosso importante
desafio. Por isso a busca da felicidade é um tema tão profundo e tão merecedor
de estudo quanto o amor, a dificuldade de comunicação, a postura diante da
morte ou a misteriosa distorção de pensamento que leva um ser humano a achar
que tem direitos sobre a vida de outro.
Neste caminho de descobertas há aqueles que
se perdem e se condenam há chegar um pouco tarde. Mas existem também aqueles
que encontram um atalho e se transformam em excelentes guias para os outros –
mestres que, embora não possam nos dar uma fórmula mágica, são capazes de
ensinar que há muitas maneiras de chegar, infinitos acessos, milhares de
caminhos possíveis.
Com muitos desses mestres aprendi que todos
os trajetos são válidos e diferentes, mas têm um ponto em comum: a necessidade
de encontrar respostas para as perguntas mais importantes, aquelas que todos
nós fazemos em algum momento.
Três perguntas são imprescindíveis e
acompanham a humanidade desde o surgimento do pensamento formal. Não podemos
nos esquivar delas, porque são parte de todas as rotas traçadas. E, se
pretendemos enfrentar o desafio que Carl Rogers chamava de “o processo de
transformar-se em pessoa”, devemos respondê-las uma a uma, porque apenas
buscando honestamente essas respostas aprende-se tudo o que é imprescindível
para seguir em frente.
Cada uma das três questões implica um desafio
inevitável e esse processo muitas vezes leva a caminhos que se cruzam e se
sobrepõem, mas que se manifestam e nos convidam a percorrê-los em uma sequência
predeterminada.
Quem sou?
Aonde vou?
Com quem?
Três desafios, três caminhos, três perguntas
para serem respondidas exatamente nessa ordem. Pra evitar a tentação de
permitir que a pessoa que está comigo decida aonde vou; para não cair no erro
de definir quem sou com base em quem me acompanha; para não determinar meu rumo
de acordo com o rumo do outro; para não permitir que me definam com base no
caminho que escolhi, muito menos que confundam o que sou com o trecho que estou
percorrendo.
O primeiro desafio é descobrir quem sou.
O encontro definitivo comigo mesmo.
O trabalho de aprender a não depender.
O segundo desafio é decidir aonde vou.
A busca de plenitude e de sentido.
Encontrar o propósito fundamental de nossa
vida.
O terceiro é escolher com quem.
O encontro com o outro e a coragem de deixar
para trás quem não está.
O processo de se abrir para o amor e
encontrar os verdadeiros companheiros de jornada.
Autor: Jorge
Bucay
Livro: Quando Me
Conheci Editora: Sextante