Em sua primeira
Exortação Apostólica, o Papa Francisco pede uma Igreja que tome a iniciativa de
responder aos anseios do homem de hoje.
Mais parecida com uma
encíclica, essa Exortação Apostólica oferece muitas pautas, mas a primeira e
talvez mais importante é a humildade: “Nem a Igreja possui o monopólio da
interpretação da realidade social ou da apresentação de soluções para os
problemas contemporâneos”. Talvez este seja o aspecto mais relevante pois, com
essa atitude, o Papa indica que o caminho rumo ao destino que aguarda o ser
humano deve se abrir constantemente aos
acontecimentos, e discernir a partir deles.
A Evangelli gaudium é um texto amplo, mas
não no sentido de “extensão”; sua finalidade quiçá seja precisamente essa:
abrir uma porta para que a Igreja Católica olhe para fora de si mesma e tenha
mais certeza em sua amplitude de horizonte cultural que em sua extensão
territorial de domínio. Dar um passo no sentido de uma “dinâmica de justiça e
ternura, de contemplar e caminhar em direção aos outros”, porque assim
“voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do carinho”.
Francisco insiste na
experiência da alegria do serviço, do diálogo e da entrega como atitudes de
resposta aos muitos e complicados riscos da sociedade contemporânea, riscos que
mantêm a humanidade triste e cheia de inquietude, pobre e cheia de desdém. E o
texto chama a atenção por isso: Francisco parece não temer a consternação que
suas palavras provocam (e deveriam provocar). Sua crua descrição dos desafios
sociais não é nada frente ao verdadeiro sofrimento. Mais adiante na exortação,
ele comenta que “a realidade é mais importante que a ideia”.
Revista: Ave Maria
Ano.115
Por Felipe Monroy*
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