quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A REVOLUÇÃO DA TERNURA

Em sua primeira Exortação Apostólica, o Papa Francisco pede uma Igreja que tome a iniciativa de responder aos anseios do homem de hoje.
Mais parecida com uma encíclica, essa Exortação Apostólica oferece muitas pautas, mas a primeira e talvez mais importante é a humildade: “Nem a Igreja possui o monopólio da interpretação da realidade social ou da apresentação de soluções para os problemas contemporâneos”. Talvez este seja o aspecto mais relevante pois, com essa atitude, o Papa indica que o caminho rumo ao destino que aguarda o ser humano  deve se abrir constantemente aos acontecimentos, e discernir a partir deles.
A Evangelli gaudium é um texto amplo, mas não no sentido de “extensão”; sua finalidade quiçá seja precisamente essa: abrir uma porta para que a Igreja Católica olhe para fora de si mesma e tenha mais certeza em sua amplitude de horizonte cultural que em sua extensão territorial de domínio. Dar um passo no sentido de uma “dinâmica de justiça e ternura, de contemplar e caminhar em direção aos outros”, porque assim “voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do carinho”. 
Francisco insiste na experiência da alegria do serviço, do diálogo e da entrega como atitudes de resposta aos muitos e complicados riscos da sociedade contemporânea, riscos que mantêm a humanidade triste e cheia de inquietude, pobre e cheia de desdém. E o texto chama a atenção por isso: Francisco parece não temer a consternação que suas palavras provocam (e deveriam provocar). Sua crua descrição dos desafios sociais não é nada frente ao verdadeiro sofrimento. Mais adiante na exortação, ele comenta que “a realidade é mais importante que a ideia”.

Revista: Ave Maria Ano.115

Por Felipe Monroy*

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