terça-feira, 24 de dezembro de 2013

DOM PEDRO CASALDÁLIGA, BISPO EMÉRITO DA PRELAZIA DE SÃO FÉLIX DO ARAGUAIA (MT)
Deus e o povo – Na vida de Pedro Casaldáliga, percebemos que sua história, suas opções, seus escritos e poesias estão sempre voltados para duas direções: Deus e o povo. A sua mística não é marcada por nenhuma extraordinariedade, mas pela simplicidade do encontro com o Deus de Jesus Cristo nos pobres e com os pobres.
Deus é a brasa que queima no peito, a luz que permite ver o sofrimento do povo, a força que impulsiona a ir ao encontro dos sofredores e injustiçados, libertando-os e promovendo a vida. Assim, Deus, para Casaldáliga, não é uma causa como tantas outras que ele assumiu em sua vida. Mas é por causa dele que todas as outras causas em favor do povo foram assumidas com coragem e amor.
Muitos adjetivos poderiam ser usados para qualificar Pedro Casaldáliga, mas aquele que mais o identifica é o de discípulo de Jesus de Nazaré. A vida de Casaldáliga e suas opções transparecem a sua fé em Jesus Cristo, encarado entre os pobres, pois, ele assumiu o seguimento de Jesus com a radicalidade e com a paixão que lhe são próprias.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

ELOS

Pessoas são como elos...
Elos que se entrelaçam pela força do destino,
elos que se definem pelo livre arbítrio...
      Pessoas formam histórias.
Histórias de vida, com rumos pré destinados.
O nosso eu acaba sendo formado de pessoas....
Pessoas que amamos,
pessoas de quem não gostamos,
pessoas especiais ou insignificantes...
A nossa história é formada por pessoas...
Muitas delas,
ficam apenas um pouquinho conosco...
Outras, uma eternidade de tempo físico...
Outras ainda, uma eternidade de tempo espiritual.
Somos personagens de relações eternas de amor.
O rompimento doloroso,
 só consegue provocar  o afastamento da matéria...
do espírito, jamais...
São essas pessoas que fundamentam o nosso
alicerce de Vida.
Elas vão e ficam ao mesmo tempo.
São pessoas que jamais nos deixam sós, pelo simples fato de morarem dentro de nossos corações...
Elas são elos inquebráveis, que nos tornam capazes de sermos também elos em outras vidas...
Elos de amizade... elos de amor...
Assim é a Corrente da Vida, onde as pessoas formam sempre elos...
Agora, vivemos uma nova era de relacionamento, feita também de elos... elos virtuais...
 mas, tão reais...
 que, também fazem parte da nossa vida,
 e nos marcam profundamente!!!

INFÂNCIA


Ampara-me com teus olhos ternos
Para que eu revisite a graça
De ser de novo criança.
Olha-me com tua divina calma
Para que eu esqueça
Os desconcertos dos meus dias.
Que seja eterna esta materna
Forma de pousar as mãos
Sobre a minha cabeça e dizer
Repetidas vezes as mesmas histórias.
Ensina-me tais expressões raras,
Suavemente tocadas por anjos
Deposita tuas marcas divinas
Sobre os meus pensamentos
Que minha vida volte a ser alegre.
E depois deixa-me viver a paz
No silêncio de tua ausência.
Quero nascer de novo
E retornar à vida de criança.

Autor: Fabio de Melo

Obra: É sagrado viver (texto adaptado). 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

AS ESTRELAS


Desenrola-se a sombra no regaço
Da morna tarde, no esmaiado anil;
Dorme, no ofego do calor febril,
A natureza, mole de cansaço.

Vagarosas estrelas! Passo a passo,
O aprisco desertando, às mil e às mil,
Vindes do ignoto seio do redil
Num compacto rebanho, e encheis o espaço...

E, enquanto, lentas, sobre a paz terrena,
Vos tresmalhais tremulamente a flux,
- Uma divina música serena

Desce rolando pela vossa luz:
Cuida-se ouvir, ovelhas de ouro! A avena
Do invisível pastor que vos conduz...

  Antologia Poética
Autor: Olavo Bilac


A Necessidade de Negociar os Conflitos


Há muito tempo venho discutindo com meus pacientes a necessidade de aprender a brigar e a desenvolver técnicas de negociação de conflitos. Estou convencida de que num mundo como o nosso, em que a violência cresce a cada dia, aprender a brigar sem se destruir ou destruir o outro é uma das habilidades indispensáveis para a sobrevivência.
Para que uma briga dê resultados positivos, existem algumas regras básicas que precisam ser respeitadas:
* Uma pessoa briga para se compreender melhor, e não para dar um nocaute no outro.
* Nunca se encosta o outro na parede – isso não é justo. É preciso deixar uma saída, uma porta aberta. Se a pessoa se sente encurralada, pode entrar em pânico e contra-atacar de forma muito violenta.
* Nunca se deve brigar “utilizando uma bola de cristal”, isto é, antecipando o que o outro está pensando ou sentindo.
* Todos nós temos nossos pontos fracos, nosso “calcanhar de Aquiles”. Atingi-lo é simples e tentador, mas deixa cicatrizes emocionais profundas.
* Nunca se deve ridicularizar o outro. O sarcasmo é uma das armas mais letais que se pode usar num relacionamento.

   Livro: Amar é preciso

Autora: Maria Helena Matarazzo

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

QUANDO OLHO PARA MIM

 
Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
que me extravio às vezes ao sair
das próprias sensações que eu recebo.

O ar que respiro, este licor que bebo,
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.

Nem nunca, propriamente reparei,
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
serei tal qual pareço em mim? Serei

tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
nem sei bem se sou eu quem em mim sente.

Autor: Fernando Pessoa

Livro dos Sonetos

SUPREMO ENLEIO

 
Quanta mulher no teu passado, quanta!
Tanta sombra em redor! Mas que me importa?
Se delas veio o sonho que conforta,
a sua vinda foi três vezes santa!

Erva do chão que a mão de Deus levanta,
folhas murchas de rojo à tua porta...
Quando eu for uma pobre coisa morta,
Quanta mulher ainda! Quanta! Quanta!

Mas eu sou a manhã: apago estrelas!
Hás de ver-me, beijar-me em todas elas,
Mesmo na boca da que for mais linda!

E quando a derradeira, enfim, vier,
Nesse corpo vibrante de mulher
Será o meu que hás de encontrar ainda...

Autor: Florbela Espanca

Livro dos Sonetos

UNIDADE


 
Deitando os olhos sobre a perspectiva
das coisas, surpreendo em cada qual
uma simples imagem fugitiva
da infinita harmonia universal. 
Uma revelação vaga e parcial
De tudo existe em cada coisa viva:
na corrente do bem ou na do mal
tudo tem um vida evocativa. 
Nada é inútil: dos homens aos insetos
vão-se estendendo todos os aspetos
que a idéia da existência pode ter;
e o que deslumbra o olhar é perceber
em todos esses seres incompletos
a completa noção de um mesmo ser...

Autor: Raul de Leoni

Livro dos Sonetos

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

ALERTA LARANJA

 
O novo relatório do IPCC, que começou a ser divulgado em setembro, reforça a mensagem dos anteriores sobre as graves consequências da mudança climática na Terra. É hora dos governos agirem, com a máxima urgência, para evitar o pior.
Por Eduardo Araia

O 5° Relatório de Avaliação sobre Mudanças Climáticas Globais, cuja primeira parte foi revelada em 27 de setembro, em Estocolmo (Suécia), previsivelmente não traz boas notícias. Usando simulações mais abrangentes do que as empregadas no 4° Relatório (divulgado em 2007), os 520 cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) responsáveis pelo estudo analisaram quatro cenários possíveis. Todos apresentam elevações marcante na temperatura do planeta.
Na melhor hipótese, a temperatura global subiria entre 0,3°C e 1,7°C de 2010 a 2100, com o nível do mar se elevando entre 26 e 55 centímetros ao longo do período. Mas isso só aconteceria se as concentrações de gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera se estabilizassem e começassem a ser removidas. Caso o ritmo de emissões de GEE siga como hoje, sem correção, aparecerá o pior quadro: um aumento na temperatura média em 2,6°C e 4,8°C até 2100 e subida de 45 cm a 82 cm no nível dos oceanos, com catastróficas consequências para cidades costeiras como Rio de Janeiro E Nova York.
No Brasil, como o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas já havia adiantado, o pior cenário crava uma temperatura média até 2100 entre 3°C e 6°C maior do que a registrada no fim do século 20. Isso deverá reduzir em até 40% a incidência de chuvas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país, enquanto as regiões Sul e Sudeste terão índices pluviométricos maiores.
Em 2014, duas outras partes do relatório serão divulgadas: em arco, os impactos dos cenários estudados, e em abril, e as ações necessárias para amenizar as emissões de GEE e fugir das piores previsões. O que já foi mostrado porém, já bastou para sacudir os mundos acadêmico, político e econômico.


Revista: Planeta Edição 493