quarta-feira, 17 de julho de 2013

GUERRA DOS BONS E DOS MAUS


Por que será que o mal vence (ou parece vencer) o bem?
Se o bem é tão bom, porque o mal que é mau vive acuando o bem?
Se o bem causa prazer e o mal causa dor, ansiedade, pânico, horror e morte, por que os seres humanos não derrotam o mal com o bem?
Lembro-me de ter lido, há muito, um texto de Bertrand Russel sobre “o mal que os bons fazem”. Era algo intrigante e me lembro de que me assustei quando li isso pela primeira vez. Então, alguém com as melhores intenções pode desencadear dramas e tragédias? O inferno está mesmo cheio de boas intenções?
Quando foi que o bem ganhou uma guerra?
Esta já é uma pergunta insidiosa, pois quem se mete numa guerra, para lutar, tem que sangrar e matar, e isto é o mal em sua forma mais dura. Foi assim nas cruzadas, foi assim na inquisição, foi assim nas guerras de independência, foi assim nos conflitos contra o nazismo e outros totalitarismos. O guerrilheiro vem com aquele papo de Guevara, de que tem que matar sem perder a ternura; tem gente que acha isso bonito, desde que seja ele a exercer essa “ternura” sobre outros.
Sim, tem o caso de Gandhi, que moveu uma guerra pacífica contra o violento e opressor império britânico, e ganhou. Isto nos dá algum alento. Mas por que será que o mal vence (ou parece vencer), como atestam diariamente os jornais?
Cabisbaixo, sussurro para mim mesmo: esta é uma luta desigual.
É aí a raiz do problema. A luta entre o bem e o mal é uma luta desigual, repito. O bem não pode, não deve, está eticamente impedido de usar as armas do mal. Se o bem usar as armas do mal, transforma-se em mal. Sim, há o caso da “legítima defesa”, a hora em que o instinto de vida se sobrepõe ao instinto de morte. Isto tanto no plano pessoal quanto nas guerras de resistência. Mas aí, o mal e o bem, de novo, se misturaram.
E como se misturaram! 
O que é o mal para mim é o mal para você? Bem ou mal, somos todos bons e maus. 
Autor: Affonso Romano de Sant’Anna
Livro: Como Andar No Labirinto
Pg.16/17

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