segunda-feira, 3 de junho de 2019

FOGO FÁTUO


        
É o nome dado à luzes misteriosas que aparecem à noite em locais sombrios como, pântanos, cemitérios, rios e lagoas, normalmente vistas por viajantes que passam por estradas desertas.
            O fogo fátuo é também chamado de “Ignis fatuus” e foi relatado desde a idade média Grã Bretanha, a lenda sempre dizia que eram luzes derivadas de espíritos malignos com natureza travessa e mal intencionada, usada para atrair viajantes e outras pessoas para situações perigosas.
            No Brasil é também conhecido como boi tatá uma grande serpente brilhosa. São necessários cuidados com o fenômeno, pois por vezes pode ser inflamável e a lenda diz que não deve ser olhados de perto, nem serem seguidos pois eles podem enganar criando ilusões e visões daqueles que já morreram em determinado lugar, o que é comum nos pântanos que engoliram cemitérios antigos com os seus túmulos. É também considerado como presságio de morte, associado com espíritos que não conseguiram nem entrar no céu nem no inferno, as chamadas almas penadas, condenadas a vagar pela terra.
            A explicação científica moderna considera o fogo fátuo um fenômeno químico de um corpo orgânico entrando em putrefação, ocorrendo a emissão de gazes metano na superfície e que entraria em combustão gerando a luz assustadora que persegue aqueles que fogem porque o ar se desloca e faz com que o fogo se mova na mesma direção.
            Segundo o químico Luis Henrique Ferreira da Ufscar pode “ocorrer uma pequena explosão e a chama azulada vem acompanhada de um estrondo que assusta quem está por perto”. Com tudo isso, não é de se espantar que o fenômeno alimente lendas de fantasmas, assombrações e almas penadas. O fenômeno chegou até a ser descrito em 1560 pelo padre Jesuíta José de Anchieta: “junto do mar e dos rios, não se vê outra coisa senão o Boi Tatá, o facho cintilante de fogo que rapidamente acomete os índios e mata-os”.
            Para quem está perto do fenômeno à reação instintiva é correr. O problema é que esse movimento causa um deslocamento do ar puxando a chama e dando a impressão que ela tenta perseguir a vítima, como um fantasma, uma alma penada, ou o Boi Tatá dos índios brasileiros.
            Os habitantes das cidades quase nunca viram o fenômeno, dado que o asfalto protege das inundações, mas no interior os elementos descritos onde acontecem o fogo fátuo, talvez não haja quem nunca tenha se deparado com este fenômeno. Eu sou um deles. No lugar onde eu morava com minha família existiam um lugar chamado “ponte preta”, a ponte era sobre um riacho com brejos ao redor. Ali tínhamos que passar para ir para a escola e assim vez ou outra nos deparávamos com o fogo fátuo. O medo instintivamente nos fazia correr para fugir e assim acontecia o que descrevemos acima: sermos perseguidos por um foguinho esquisito, que graças a Deus de repente parava de brilhar. Imaginem o que contávamos em casa, até não querendo mais voltar para a escola, mas como éramos vários irmãos acreditávamos que a companhia nos protegia.
            Hoje recordando um pouco de minha vida volto a escrever sobre o fenômeno tão conhecido em nossa região que amedrontou muitos de nossos amigos principalmente os que frequentavam a mesma escola que nós. Isso em um distrito da cidade de Cambuci no estado do Rio de Janeiro, chamado Flecheiras. Logo em frente topávamos com o Rio Pomba em um lugar chamado Porto das Barcas, onde parávamos para tomar água e contar para nossos conhecidos que tínhamos visto o fogo fátuo. Nós não o chamávamos assim, mas simplesmente de foguinho perseguidor. Nunca soubemos o que era aquilo, hoje recordando tudo isso venho contar o que sei a respeito do fenômeno.

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