RECEITA DE RECONCILIAÇÃO
Minha mãe fazia um bolinho de polvilho excelente. As amigas pediam a receita e ela dava. Algumas conseguiam o mesmo produto e o mesmo gosto. Outras, não. Quando perguntavam porque, minha mãe dizia: Não basta fazer. Tem que ter leveza! …
Não existem receitas para a reconciliação de um casal em grave crise. Mas existem conselhos que em muitos casos acabam dando certo, isto porque encontram leveza num deles ou nos dois. Casais em vias de separação costumam pegar pesado, quase sempre um dos dois querendo que tudo volte a ser como era e o outro insistindo em partir para outra experiência, ou ao menos em terminar a convivência. Quando as posições se radicalizam não há como reconciliar. Não estão prontos. A expressão que trava tudo é: Sim, eu errei, mas a maior vítima sou eu!
Se conselhos ainda valem, anotem estes. – Orem pedindo luzes. Não falem demais. Não levantem a voz. Palavrão, jamais. Não se xinguem. Não ameacem. Não se aterrorizem. Não batam toda a hora na porta do outro. Segurem as lágrimas, sobretudo se parecerem armação e chantagem. Não se façam de vítimas, mesmo que sejam. Não usem os filhos um contra o outro. Um não ataque os parentes do outro. Há bons e maus amigos: escolham a quem ouvir. Não aplaudam quem atacar o outro lado, para ficar bem com o seu. Não façam as coisas que queriam fazer, dizendo que só fez porque seu psicólogo ou seu conselheiro mandou. Não deturpem o que ouviram deles. Não puxem a brasa para a sua sardinha. Não remoam o passado na frente dos outros. Não o remoam, lembrando apenas os erros, caso se encontrem. Quem der perdão tem que pedi-lo, também. Ouçam-se muito e falem o menos possível. Um não interrompa o outro, nem a sós, nem diante dos conselheiros. Desarmem o coração por mais mágoa que levem. Meçam as palavras. Considerem as coisas boas que viveram juntos. Se no momento não dá mais para conviverem, ouçam bem seu diretor espiritual, seu advogado e quem entende de comportamento humano. O melhor lugar para conselhos não é o cabeleireiro, nem o bar da esquina! Não prometam o que não cumprirão. Não lavem roupa suja. Tentem achar a dignidade e o respeito. A cidade inteira não precisa saber do seu conflito.
Perdoar é muito difícil e pedir perdão também. Mas, quando uma ferida avançou demais, é preciso ir fundo na cura. O perdão e o arrependimento vão fundo. Reconciliar é tornar a conciliar as pessoas e o que as rodeia. É concordar no essencial, por as cabeças juntas, sentar-se juntos. Quem parou de fazer isso deve se imaginar, se não agora, quem sabe mais adiante, passada a poeira da briga, conversando e maneira civilizada. Cuidado com a palavra “não, nunca, jamais”. São balas perdidas. Acabam ricocheteando e acertando os filhos…
Autor: Pe. Zezinho
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